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quinta-feira, 16 de julho de 2020

APEGO, O GRANDE VILÃO

O que acontece quando se confunde apego com amor?
"A raiz de todo sofrimento é o apego".
(Buda)

A imensa necessidade de apego

O nosso relacionamento é possessividade, apego, várias formas de intrusão na vida uns dos outros.

O que é apego? Por que temos tamanha necessidade de apego? Quais as implicações do apego? Por que uma pessoa se apega? Quando você está apegado a algo, aí há sempre medo, medo de perdê-lo. Há sempre uma sensação de insegurança. Por favor observe-a por si mesmo. Há sempre uma sensação de separação. Sou apegado a minha mulher. Sou apegado a ela porque ela me dá prazer sexualmente, me dá prazer como companheira; você sabe de tudo isso sem que eu lhe diga. Portanto estou apegado a ela, o que significa que sou ciumento, que estou com medo. Onde há ciúme, há ódio. E o apego é amor? Esse é um ponto a observar nos nossos relacionamentos.


Somos aquilo que possuímos

Somos aquilo que possuímos. O homem que possui dinheiro é o dinheiro. O homem que se identifica com a propriedade é a propriedade, ou a casa ou o mobiliário. Analogamente com ideias ou com pessoas, e quando há possessividade, não há relação. Mas a maioria de nós possui porque nada mais temos se não possuirmos. Somos conchas vazias se não possuirmos, se não preenchermos a nossa vida com mobiliário, com música, com conhecimento, com isto ou com aquilo. E essa concha faz muito barulho, e a esse barulho chamamos de viver, e com isso ficamos satisfeitos. E quando há uma interrupção, um separar-se disso, então há sofrimento porque nessa altura subitamente você se descobre a si mesmo tal como realmente é – uma concha vazia, sem muito significado.


A nossa atividade diária gira em torno de nós mesmos

A maior parte da nossa atividade diária gira em torno de nós mesmos; está baseada no nosso ponto de vista particular, nas nossas experiências e idiossincrasias particulares. Pensamos em termos da nossa família, do nosso emprego, do que desejamos alcançar, e também em termos dos nossos medos, esperanças e desesperos. Tudo isto é obviamente egocêntrico e produz um estado de autoisolamento, como podemos ver no nosso dia-a-dia. Temos os nossos próprios desejos secretos, as nossas buscas e ambições ocultas, e nunca estamos profundamente relacionados com ninguém, quer com as nossas esposas, os nossos maridos, quer com os nossos filhos. Este auto isolamento é o resultado de fugirmos do nosso tédio diário, das frustrações e trivialidades da nossa vida diária. É causado também pela nossa fuga de várias maneiras da sensação extraordinária de solidão que se apodera de nós quando subitamente nos sentimos sem relação com nada, quando tudo está à distância e não há comunhão, não há relacionamento com ninguém.


Ensinamentos de Krishnamurti - Apego
http://legacy.jkrishnamurti.org/pt


O amor é a única libertação do apego.


Quando você ama tudo não está preso a nada.

Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que tem hoje.

Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que você ama… qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar. Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.

Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer.

Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego.Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada mais do que apego. Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas no momento da morte, ou mesmo, talvez, antes. Você pode estar muito apegado a dinheiro, mas você pode ir à bancarrota amanhã. Você pode estar muito apegado a seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui; amanhã eles não deixarão nem um traço. (…)

Todas as nossas posições, todos os nossos poderes, nosso dinheiro, nosso prestígio, respeitabilidade são todos bolhas de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, você estará em contínua miséria e agonia. Essas bolhas de sabão não se importam por você estar apegado a elas. Elas continuam estourando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego. Elas o deixam triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam sua vida num inferno.

Compreender que a vida é feita da mesma matéria que os sonhos é a essência do caminho. Desapegue-se: viva no mundo, mas não seja do mundo. Viva no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de você. Lembre-se que ele é um belo sonho, porque tudo está mudando e desaparecendo.

Não se agarre a nada. Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes.

Se você começar a se desprender, uma tremenda liberação de energia acontecerá dentro de você. A energia que estava envolvida no apego às coisas trará um novo amanhecer ao seu ser, uma nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade para a miséria, a agonia, a angustia.

Ao contrário, quando todas essas coisas desaparecem, você se encontra sereno, calmo e tranquilo, numa alegria sutil. Haverá um riso no seu ser. (…)

Se você se tornar desapegado, você será capaz de ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão sofrendo por isso. E você rirá de si mesmo, porque você também estava no mesmo barco antes. O desapego é certamente a essência do caminho.

Osho
http://pedrotornaghi.com.br

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