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sábado, 18 de julho de 2020

COMPREENDENDO OS MOVIMENTOS DA VIDA

Vale a pena? – Uma crônica de Máximo Trevisan | APUSM

Impossível atravessar a vida ... Sem que um trabalho saia mal feito, sem que uma amizade cause decepção, sem que um amor nos abandone. Esse é o custo de viver. O importante não é o que acontece, mas, como você reage. Você cresce... Quando não perde a esperança, nem diminui a vontade, nem perde a fé. Quando aceita a realidade e tem orgulho de vivê-la. Quando aceita seu destino, mas tem garra para mudá-lo. Quando aceita o que deixa para trás, construindo o que tem pela frente e planejando o que está por vir. Cresce quando supera, se valoriza e sabe dar frutos. Cresce quando abre caminho, assimila experiências... E semeia raízes…. Cresce quando se impõe metas, sem se importar com comentários, nem julgamentos quando dá exemplos, sem se importar com o desdém, quando você cumpre com seu trabalho.. Cresce quando é forte de caráter, sustentado por sua formação, sensível por temperamento... E humano por nascimento! Cresce quando enfrenta o inverno mesmo que perca as folhas, colhe flores mesmo que tenham espinhos e marca o caminho mesmo que se levante o pó. Cresce quando é capaz de lidar com resíduos de ilusões. Cresce ajudando a seus semelhantes, conhecendo a si mesmo e Dando à vida, mais do que recebe. É assim que se cresce…

O homem é o animal mais fácil de domar. Ele é facilmente enganado e seduzido por coisas superficiais como a beleza, a fama, o dinheiro, a reputação e o poder. Às vezes parecem tolos e, mesmo que se esforcem, não conseguem enxergar as coisas que acontecem à sua volta. A convivência do homem com o poder acaba lhe proporcionando todas as demais tentações. O requinte atrai a beleza. A escalada rumo a ascensão natural traz a fama que, às vezes, embriaga e proporciona o assédio e a bajulação! Nasce, então, o elogio fácil! O poder alivia mágoas, elimina frustrações, massageia o ego, satisfaz o espírito, dá garantias, segurança, encobre situações e mascara as até então transparentes verdades do homem. Todos os sintomas desse realismo fantástico podem, no entanto, ser medido e constatado quando o poder se vai. Não são muitos os homens que sabem conviver com o fascínio resultante do poder. Em menor quantidade são aqueles que sabem perde-lo! No auge, são poucos os homens que conservam os seus hábitos, as suas amizades e sentam-se à mesa como simples mortais. Felizes desses, porque serão sempre brindados pelos amigos que conquistaram, quando o poder se for. E o poder se vai! Quando o poder se vai, curiosamente vão-se os ‘amigos’ e com eles toda uma legião de oportunistas. Vale lembrar que, na gangorra dessa vida, um dia se sobe e no outro se desce. Essa alternância que a vida estabelece proporciona ao povo conhecer o verdadeiro caráter de um homem que teve o poder nas mãos. Proporciona também, e principalmente, ao homem avaliar as pessoas que vivem ao seu lado e à sua volta.

Entre todos os desejos que você possa ter, entre todos os pedidos que queira fazer, comece pelo principal: ter um encontro com você, se conhecer, se amar e se respeitar, saber dos limites, daqueles que podem ser vencidos e daqueles que deve se impor. Não queira abraçar o que os braços não alcançam, não queira trabalhar além do próprio dia, nem levar para a sua casa, que deve ser santuário, os problemas do dia que não resolveu. Se o amor não aconteceu, se a promoção não veio, se não conseguiu passar no vestibular, se não arrumou o emprego dos sonhos, ainda assim, deve restar o principal, tem que restar a certeza de que é possível recomeçar. Para os que sonham de olhos abertos, com um pé nas nuvens e outro no chão, a realização dos objetivos e só uma questão de tempo, por isso, respeite-se e exija respeito, que se abram as janelas do céu, que as bênçãos venham pois você, somente você deve saber dar o valor devido, a maior obra de Deus, a sua grande criação, que você pode encontrar agora pela manhã, diante do espelho mais simples. Descubra-se!

Não precisa parar agora, nem pensar em desistir, basta virar o leme da vida e tomar outra direção. Parece que é o mais óbvio, o mais simples, mas o mais simples é justamente o que não enxergamos, ou pior, aquilo que não queremos ver. Quantos são os valentes que largam tudo o que vem dando errado e recomeçam do zero em outra atividade, em outro lugar, com outras pessoas? Quantos você conhece que deixaram a posição, o status, o cargo para recomeçar onde realmente gostariam de estar? Quem desiste do amor que faz sofrer, antes da dor queimar a alma como tortura silenciosa? Quem tem coragem de acolher uma família doente e desconhecida em sua própria casa? Quem pode nestes dias de desenganos colocar os sonhos nas mãos de terceiros? Quem é humilde o suficiente para oferecer verdadeiramente a outra face? A resposta para as dores que se acumulam em seu peito estão ai mesmo, dentro de você, prontas para serem utilizadas para o bem ou para o mal. Se o seu tormento é o medo, encare a sua vida, não o mal que o mundo pode te causar, abra a janela, veja o sol, observe a grandeza da vida, observe o seu poder de escolhas, ninguém é maior que você. Se você anda fugindo do contato com as pessoas, pense em quantos estão assim também, buscando uma palavra amiga, um gesto de carinho, um olhar igual ao seu. Não seja egoísta, não se tranque, divida o que é seu, mesmo que sejam dores, aflições e preocupações, ainda assim, é melhor te ver dividindo, que se omitindo da vida. E, para finalizar, o mais importante: nunca deixe de sonhar! Por maiores que sejam os espinhos, as dificuldades e as dores, ainda assim, nada é mais certo que a vitória dos que não desistem de sonhar.

Aprende com o silêncio a ouvir os sons interiores da sua alma, a calar-se nas discussões e assim evitar tragédias e desafetos, aprende com o silêncio a respeitar a opinião dos outros, por mais contrária que seja da sua, aprende com o silêncio a aceitar alguns fatos que você provocou, a ser humilde deixando o orgulho gritar lá fora, aprende com o silêncio a reparar nas coisas mais simples, valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido, evitar reclamações vazias e sem sentido, aprende com o silêncio que a solidão não é o pior castigo, existem companhias bem piores.... Aprende com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo, que pode ser qualquer livro, desde que você o leia até o fim. Aprende com o silêncio que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar, como a Terra que faz a volta completa sobre o seu próprio eixo, complete a sua tarefa. Aprende com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia, enxergar em você as qualidades que você possui, equilibrar os defeitos que você tem e sabe que precisa corrigir e enxergar aqueles que você ainda não descobriu . Aprende com o silêncio a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior das cobranças, na briga mais acalorada, na discussão entre familiares, aprende com o silêncio a respeitar o seu "eu", a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o Templo que é o seu corpo, e o santuário que é a sua vida. Aprende hoje com o silêncio, que gritar não traz respeito, que ouvir ainda é melhor que muito falar, e em respeito a você, eu me calo, me silencio, para que você possa ouvir o seu interior que quer lhe falar, desejar-lhe um dia vitorioso e confirmar que você é especial.

A menina debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte do seu cão de estimação. Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também. O avô que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade? A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância. No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala. Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente: Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente? Lembra que você me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje,que nós dois o plantamos. Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas... A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso, mostrando as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra, das tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim. O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto: Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas. Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.

Coletânea de Sabedoria - Autores Diversos
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