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terça-feira, 14 de julho de 2020

O SÍMBOLO DA CRUZ  NA ATUAL
TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

Czas Wielkiego Postu ... - Klasztor Sióstr Bernardynek w Zakliczynie

É visível o processo de "crucificação" pelo qual o planeta está passando, mas quem sabe ler nas entrelinhas da crônica fatalista e caótica dos dias de hoje percebe o fluir de uma seiva que é a essência da nova vida. Ao compreender mais profundamente tal realidade, o homem começa a compartilhar dessa energia que move a grande e iminente transformação planetária, e, agindo em prol dessa transformação, a ela dedica-se por inteiro.

A transição da Terra já teve início, e culminará com o seu renascimento espiritual. A Hierarquia planetária(1) e aqueles que a ela estão coligados empenham-se devotadamente na realização da meta prevista para esta época, que inclui a superação de um estado de letargia e obscurecimento, e a condução do planeta e dos seres que nele habitam a um nível de consciência mais elevado. Inevitáveis, todavia, são as "dores" do parto que trará à luz essa vida renovada.

Uma energia de poder e beleza ocultos, de irradiação silenciosa, porém resoluta, permeia cada partícula do universo planetário, penetra toda abertura que acolha o fulgor que dela emana. Com seu inefável amor renova tudo o que toca e, como o fermento no pão, multiplica as virtudes dos seres para que por meio delas alimentem de luz esta Terra sofrida.

O homem não pode eximir-se de equilibrar os erros que cometeu. Entretanto, quando, ainda que relativamente, ele se rende à verdade, o Espírito(2) envia-lhe impulsos de luz, de amor, de paz e de sabedoria. Se recebidas com gratidão, essas energias lhe ensinarão a colher flores das rochas e a transformar com sua beleza a face da Terra.

Quando o homem, por escolha consciente, conduzir à "crucificação" sua natureza humana impregnada de egoísmo, vaidade, orgulho, desamor e soberba, permitindo que a vida pura imanente ao seu ser interior se expresse com liberdade, ele começará a conhecer a Bem-Aventurança, tesouro imaterial que nada do mundo pode profanar.

A dualidade ainda predominante na vida externa da superfície da Terra, dualidade causadora de tantos conflitos, é utilizada em meio ao caos e à desarmonia como instrumento de prova e de aprendizado para o ser humano, trazendo-lhe incontáveis oportunidades de elevação. Na época de hoje, reapresenta-se-lhe o chamado ao reencontro com a Fonte inesgotável de vida. Emitido desde o início dos tempos, permaneceu ecoando eras a fio, intensificou-se com a encarnação do Cristo(3) há dois mil anos, e agora rompe os obstáculos impostos pelo individualismo, buscando ressoar no íntimo de cada ser.

Três grandes portais abrem-se àqueles que respondem a esse chamado, marcando o início do caminho que levará os homens a integrar-se definitivamente ao reino espiritual. No decorrer da evolução, todos deverão transpor esses portais. O que há de extraordinário nessa oportunidade de hoje é que, ao cruzar o primeiro deles, o caminho para os seguintes torna-se mais breve.

Esses três portais preliminares correspondem:

. à elevação da atividade do homem, de modo que seja conduzida cada vez mais pelo seu ser interno;

. à purificação da parcela do seu ser relativa às emoções, e canalização do desejo para a vida espiritual, transmutado em aspiração;

. à focalização da mente na luz da alma(4),  que por sua vez terá alcançado uma sintonia clara e inabalável com a luz da mônada(5).

Assim, inicialmente, o ser interno, por intermédio da alma, começa a estabelecer controle sobre sua expressão física, material, procurando reger as ações externas da personalidade. O grau em que essa condução ocorre é compatível com a receptividade encontrada. Muitos, observando os fatos de sua própria vida, podem comprovar que esta já é, na verdade, dirigida por uma vontade maior, transcendente, vontade que age de maneira invisível, guiando seus passos a destinos impensados.

Após ter conseguido certo controle sobre as ações da personalidade, o ser interno o vai estendendo aos corpos emocional e mental, até assegurar que a personalidade, como um núcleo coeso, responda confiavelmente aos impulsos espirituais nos três níveis do seu viver humano. Nesse ponto, é atribuída a esse indivíduo alguma tarefa em colaboração com a Hierarquia. Por meio do serviço, sua consciência ascende rapidamente, e a partir de certo estágio pode-se dizer que deixa de pertencer ao reino dos homens: firmou sua filiação à Fonte de vida espiritual, e nela encontrou sua morada. Como servo da Luz, seus passos são ditados pela necessidade, seu caminho é traçado em direção aos que carecem de Luz. Segundo HPB(6), na Tábua da Esmeralda encontrada por um Iniciado sobre o corpo de Hermes, lia-se:

Separa a terra do fogo, o sutil do grosseiro ... Ascende
... da terra ao céu, e depois torna a descer à terra.


A capacidade de total doação é uma virtude da mônada.

Mas poucos são os seres humanos que exprimem cristalinamente a energia do nível monádico. Nos dias de hoje, a grande maioria nem ao menos despertou para a vida da alma, e somente um pequeno, mas significativo número deles consegue refletir a vontade desse seu núcleo mais elevado. A oportunidade oferecida nestes tempos estende-se a todos. Cada qual em seu nível evolutivo experimenta um impulso à ascensão. À medida que a própria entrega se aperfeiçoa, e cada vez que o ser renuncia a um aspecto ultrapassado, ele passa a viver uma crucificação e, consequentemente, a renascer.

Existem muitos graus de crucificação, porém esse termo é usado esotericamente para exprimir um estado específico, em que a essência dos três corpos se fundiu no corpo da alma, e esta, buscando aproximar-se à energia espiritual e divina, "crucifica-se" a si mesma, ou seja, renuncia a tudo o que diga respeito ao seu próprio nível de existência. Assim, "mor- rendo" para o que é conhecido, renasce para a nova vida, a vida espiritual. Por isso, a Iniciação(7) simbolizada pela crucificação é também vista como a Iniciação da grande renúncia.

Tal é o mistério da cruz. Aqueles que nela se deitam, aqueles que no centro dela deixam a ilusão esvanecer-se que, pelo perfeito equilíbrio entre a haste que se eleva e a que se mantém horizontal, apaziguam em si mesmos os opostos, acolhem no peito a flor da compaixão, nutrida pela renúncia e alentada pela sabedoria, flor que prenuncia os  frutos da eternidade.


(1) Hierarquia planetária. Consciências que, a partir de níveis profundos, con-duzem a vida planetária à consecução do seu propósito espiritual.

(2) Espírito. Núcleo de consciência do ser nos níveis cósmicos da manifestação; mônada.

(3) Cristo. Entidade cuja consciência alcança a realização divina para um ser; em Jesus, exprimiu a energia do Segundo Raio Cósmico de modo singular e em grau nunca antes atingido na face da Terra. Muitas vezes o termo Cristo refere-se a essa energia em si, e não necessariamente à Entidade que a manifestou.

(4) Alma. Núcleo de consciência do ser, que se manifesta no nível causal. Atu-almente, sua polarização traslada-se gradativamente do nível mental abstrato para o intuitivo.

(5) Mônada. Núcleo de consciência do ser nos níveis cósmicos da manifestação; Espírito.

(6) Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891). Mística que teve como uma das suas tarefas apresentar aos homens uma base da sabedoria oculta, permitindo-lhes realizar uma síntese das diversas tendências espirituais do planeta. Essa base prepara, desde o século passado, o surgimento de uma unidade mental entre os homens da superfície da Terra. O trabalho de HPB inaugurou uma fase de maior proximidade da Hierarquia à vida desta humanidade.

(7) Iniciação. Na linguagem esotérica, esse termo é usado para designar um pro- cesso específico de ampliação de consciência que marca o ingresso do ser em níveis de energia cada vez mais sutis.


José Trigueirinho Netto, em O Mistério da Cruz na Atual Transição Planetária
http://universalismoesoterico.blogspot.com

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