PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS
– Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do
corpo espiritual?
– Não
podemos esquecer que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas
enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as
infecções tornadas de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da
toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo
geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico
e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
A
recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas
no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio
às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que
podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua
do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com
reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança
das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida
a ideia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que
acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para
que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos
perante a Lei.
Essas
enquistasses de energias profundas, no imo de nossa alma, expressando as
chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos
plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma
existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina
em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as
nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais
patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim
que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas,
desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições
mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas
desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio
vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em processos de
obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa
insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no
fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a
necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.
– Como pode o débil mental comandar a renovação celular do seu
corpo físico?
– Não
será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos
débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que
de modo impreciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
– Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencarnados?
– Sim,
nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos inferiores da
Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela
ignorância e paixão que os provocam.
– Como entenderemos o mecanismo de atuação da Justiça Superior nos
casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas
periodicamente pelas mesmas doenças?
– As
endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região,
dependendo de causas simplesmente
locais.
Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se
agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é
naturalmente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progresso comum.
– No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo físico ou afastado dele?
– No
estado de coma, o aprisionamento do corpo espiritual ao arcabouço físico, ou a
parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
– Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o
tratamento das lesões do corpo espiritual?
– Na
Espiritualidade, os servidores da medicina penetram, com mais segurança, na
história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença
que lhe são particulares.
Aí, os
exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às
inspeções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser
enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à
reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação,
motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas
ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal
sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se
configuraram.
Curial,
portanto, é que o médico espiritual se utilize ainda, de certa maneira, da
medicação que vos é conhecida, no socorro aos desencarnados em sofrimento,
porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, é
projeção de elementos quimio elétricos sobre agregações celulares, estimulando- lhes
as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a
enfermidade se expresse.
Contudo,
é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com
o pedestal da cultura acadêmica, qual ocorre frequentemente entre os homens,
mas sim também com as qualidades morais que lhe confiram valor e ponderação, humildade
e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no
plano externo físico, exigem dele grandeza de caráter e pureza de coração.
Trecho do
livro “Evolução em Dois Mundos”, de Francisco
Cândido Xavier e Waldo Vieira
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