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sexta-feira, 29 de maio de 2020

A   P R Á T I C A   D A   M E D I T A Ç Ã O

O segredo é o despertar do Cristo adormecido, esse é o propósito da meditação. 

O que fazer na Meditação para aproveitar melhor a natureza

Existem muitas formas de meditação que levam ao despertar do Cristo interior. Não há um caminho adequado para todas as pessoas. Cada pessoa deve encontrar o caminho particular que atrai sua consciência. Porém, todos os métodos clamam por esse profundo senso de humildade que sabe que "eu, de mim mesmo, nada posso fazer”. A meditação satisfatória requer deixar de lado o ser pessoal com sua presunção egoísta de possuir uma sabedoria própria, de modo que o Poder que chamamos de “Pai” interior possa assumir. Este Poder está dentro de nós, não dentro do nosso corpo, mas dentro de nossa consciência, e através da meditação, nós permitimos que ele se libere de dentro, podendo então agir fora, tornando-se o Salvador de nossa experiência.
 
O estágio inicial da meditação pode ser uma contemplação de Deus: a beleza do universo de Deus, a lei de Deus e a atividade de Deus. Nossa vida se torna a de um observador, um contemplador vendo a Glória de Deus em todas as coisas, na grama verde, na brisa suave, na turbulência do oceano, e na calma da noite. Dentro deste estado contemplativo do ser, nós não podemos ver nada neste mundo sem reconhecer sua causa no mesmo momento, a atividade espiritual invisível que o produziu. Nós nunca devemos olhar para um nascer do sol ou um pôr do sol sem perceber instantaneamente a natureza espiritual daquilo que o trouxe em expressão - Deus, o Princípio Criativo das montanhas, dos céus, e dos mares; Deus, o Princípio Criativo que preenche o céu com as aves e o fundo dos mares com peixes. Se nós vivermos continuamente na contemplação da Presença e Poder invisíveis e subjacentes a todas as coisas, este mesmo lugar onde nós estamos será solo sagrado. 

Ao ponderarmos sobre a Glória de Deus e contemplarmos suas maravilhas, nossa mente permanece em Deus. Cada vez menos pensamentos estranhos se introduzem em nossa consciência. Nós somos capazes de sentarmo-nos por muitos minutos, às vezes por uma hora, encontrando-nos em paz em nossa contemplação de Deus e da beleza do universo espiritual. A contemplação eleva nossa consciência em uma atmosfera de receptividade, numa consciência onde os milagres podem ter lugar.A mente pensante para e é dada à Presença invisível e ao Poder a oportunidade de funcionarem. Até que o Ser invisível, a Presença e o Poder invisíveis possam operar em nossa consciência, estamos funcionando meramente no nível mental.
 
A mente humana não pode ser a via para a atividade da Alma: uma maior consciência deve ser alcançada. Através dessa consciência superior, através daquela mente que estava em Cristo Jesus, a Alma revela a si mesma e a sua atividade como nossa experiência individual.

Aquilo que transmite a Si Mesmo a nós, a partir da consciência interior, é Poder, e não os pensamentos que pensamos ou nossas crenças ou afirmações; Aquilo que revela a Si Mesmo a partir de dentro, no plano interior, é o Poder, mas com sinais se seguindo. Essa consciência interior é sem limite, e subindo para um nível mais alto de consciência, nos tornamos cientes daquilo que está muito além do nosso conhecimento imediato. Esta consciência mais alta é ilimitada e transmite sua sabedoria para nós infinita e eternamente. É aquele lugar isolado dentro de nosso próprio ser, onde a atividade incessante do mundo exterior não se intromete.
 
Se formos fiéis na prática da contemplação e nas formas mais simples de meditação, esta prática nos levará de uma forma de meditação para outra, até chegarmos à experiência real de ouvir a pequena voz silenciosa e suave, recebermos orientação divina de dentro e sermos divinamente guiados a cada passo do caminho.
 
Comecemos sentando-nos em uma posição confortável. Algumas pessoas preferem uma cadeira reta, mesmo dura, que lhes permita sentarem-se na posição vertical; outras se encontram mais confortáveis em uma poltrona. Mantenha os pés no chão; mantenha o corpo ereto, com as mãos descansando no colo. Nessa posição natural, relaxada mas alerta, comece a sua meditação com alguma passagem da Escritura que lhe venha ao pensamento, ou, se você gosta, pode abrir a Bíblia ou um livro de sabedoria espiritual e ler por um curto período de tempo. Você pode ler apenas um parágrafo, ou você pode precisar ler dez páginas antes de algum pensamento particular atrair sua atenção. Quando isso ocorrer, feche seu livro e traga esse pensamento para sua meditação. Pense nele, mantenha-o direto à sua frente; repita-o para si mesmo. Pergunte a você mesmo: por que essa citação particular veio para mim? Tem algum significado interno? Qual é o seu significado para mim neste momento?
 
Enquanto você continua meditando, outra declaração pode vir à sua atenção. Considere ambos os pensamentos: existe alguma relação entre eles? Existe alguma coerência? Por que essa citação segue-se à primeira? Provavelmente virá uma terceira ideia e, em seguida, uma quarta virá; e todos esses pensamentos terão saído de sua consciência, de dentro para fora de sua consciência. Neste curto período de meditação que pode ter sido de apenas um minuto, você experimentou Deus revelando-se; você se abriu à inteligência e amor divinos. Esta é a Palavra de Deus que é viva, afiada e poderosa.
 
Receber uma declaração da Verdade desde as profundezas do nosso próprio ser é evidência de que tivemos algum grau de percepção de Deus. Paz e tranquilidade descem sobre nós e uma sensação de bem-estar e segurança se revela dentro de nós. Esta forma de meditação, se praticada fielmente, abre nossa consciência para permitir que Deus opere em nossa vida, para permitir que Cristo viva a nossa vida, mas isso deve ser praticado. É necessário, portanto, retornar à nossa meditação à primeira oportunidade e repetir o processo no meio do dia e novamente ao cair da tarde. Podemos achar que somos incapazes de dormir continuamente ao longo da noite. Então, no meio da noite, vem a demanda: "medite"!
 
Estes períodos de silêncio, reflexão, introspecção, meditação e finalmente comunhão nos preparam para receber a Graça interior. Embora pareça que não fizemos nenhum progresso nesses períodos de três ou quatro minutos de meditação durante o dia ou a noite, embora pareça não sentirmos resposta alguma, não nos sintamos desencorajados, porque não temos como julgar os resultados de nossos esforços em termos de um único período de meditação ou mesmo depois de uma semana ou um mês dessa prática. Esperar resultados imediatos da prática de meditação seria o mesmo que esperar tocar Bach ou Beethoven depois da primeira aula de música. Não seria absurdo se, após as primeiras seis horas praticando as escalas, desistimos, tomados de desespero, porque não conseguimos proficiência imediata em uma arte que requer um alto grau de habilidade técnica? Se fôssemos sérios em nosso desejo de dominar esta arte, reconheceríamos que a partir do momento em que começamos a prática de nossas escalas, algo estava tomando lugar em nossa mente e músculos. Pode exigir um ano inteiro de prática antes que qualquer grau de habilidade seja alcançado. A realização final não pode ser medida em termos de horas ou dias, ou mesmo períodos mensais de prática. 

É assim é com a meditação. Nós temos um começo na primeira vez que nós fechamos nossos olhos e percebemos:Eu estou buscando a Graça de Deus; eu espero pela Palavra que procede da boca de Deus. Eu não sei por que e para que orar, então eu não rezo por nada deste mundo. Eu escuto Tua voz e espero por Tua Palavra. 

Esta forma de meditação, se repetida uma dezena de vezes por dia, acabaria por mudar toda a nossa vida, e seria possível as mudanças tornarem-se evidentes dentro de um mês. Toda vez que nos voltamos para esse centro interior, estamos reconhecendo que nós, por nós mesmos, nada podemos fazer; estamos buscando o reino interior. Isso é verdadeira humildade, verdadeira oração, um reconhecimento do nada da sabedoria humana, do poder humano e da força humana . Estamos reconhecendo que sabedoria, poder e força vêm do Infinito Invisível. Esses períodos de silêncio criam uma atmosfera do Espírito na qual a atividade do Espírito, sem o nosso conhecimento, vai adiante de nós para fazer o deserto florir como a rosa

Joel Goldsmith - Trecho do Livro "The Art of Meditation"
Tradução de Giancarlo Salvagni

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