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segunda-feira, 18 de maio de 2020

O    V O O    D A S    Á G U I A S

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Há uma tradição transcultural que apresenta o comportamento de certos animais ou aves como exemplar para os comportamentos humanos. Nisso vai intuição antiga que a ciência dos comportamentos comprovou: existem em nós traços herdados de animais ou aves, pois, embora diferentes, formamos com eles uma única comunidade de vida.

Observemos como as águias voam. Elas voam de forma toda própria. Usam a própria força apenas para iniciar o voo. Batem as asas e forcejam para ganhar certa altura. Uma vez alcançada, aproveitam a força dos ventos e se deixam carregar por eles. Possuem um instinto muito apurado para captar correntes de ar e sabem tirar proveito delas. Se há apenas brisa leve, elas flutuam suavemente. Se irrompem ventos fortes, elas usam da força deles para voar bem alto e deslocar-se com grande velocidade. Apenas manejando à esquerda e à direita suas enormes asas que podem chegar a mais de dois metros de diâmetro.

Bem diferentes são as galinhas. Quando estão excitadas ou se põem a correr, batem muito as asas, fazem grande barulho, mas voam apenas alguns metros.

Apliquemos a sabedoria das águias aos nossos comportamentos. Nós não sabemos entrar em sintonia com a natureza. De saída, rompemos com ela em nosso afã de dominá-la com violência e colocá-la a nosso serviço. Não nos harmonizamos com seus ritmos. Ao contrário, ela tem que obedecer aos ritmos que lhe impomos. Este paradigma está na base de nossa civilização hoje globalizada. Trouxe-nos incontáveis benefícios, mas nos exilou da Terra e nos fez inimigos da natureza. Este projeto de dominação, entretanto, sem limites internos, pode tornar-se altamente perigoso. Ele tem depredado a infraestrutura da vida a ponto de pôr em risco o futuro da biosfera e da espécie humana.

Por isso, mais e mais pessoas hoje procuram uma nova aliança com a natureza. Assim nasceu a agroecologia que implica produzir interagindo respeitosamente com ela. É ilusório um crescimento econômico à la agronegócio que mata e desmata. Importa conhecer os ritmos da floresta amazônica e utilizar tecnologias adequadas a esses ritmos. Só assim se preserva a natureza e se colabora com ela para que continue a nos dar seus bons frutos. Dito de outro modo: importa moderar a lógica de nossa vontade e fazê-la combinar-se com a lógica objetiva da natureza, a exemplo da águia em seu voo.

Nosso comportamento é construtivo quando nasce do equilíbrio entre o nosso desejo e o desejo inscrito na natureza. Sábia é a pessoa que capta as duas lógicas, a das coisas e a do eu, se harmoniza com elas e as faz convergir. Imatura é a pessoa e atabalhoado é seu comportamento quando só escuta o próprio eu e a toda hora diz: "eu sei, eu quero, eu decido, eu faço" não escutando a voz da natureza como se ela nem existisse. A tradição do Tao ensina que a pessoa só se sente plena e realizada quando sua obra imita o voo das águias: trabalha junto com a natureza e jamais contra ela. Caso contrário, sempre há uma réstia de vazio e um sabor amargo de implenitude.

Precisamos desinflar o eu e enraizá-lo na natureza. O eu e a natureza formam um todo dinâmico sempre em busca de um difícil equilíbrio. Ambos, cada qual com sua singularidade, devem permanentemente atuar juntos como garantia de uma vida equilibrada e discretamente feliz.
 
Leonardo Boff 
http://osgrandeshomensdahitoria.blogspot.com

Um homem encontrou um ovo de águia e o colocou debaixo da galinha que chocava seus ovos no quintal. Nasceu uma aguiazinha com os pintos e com eles crescia normalmente. Durante todo o tempo a águia fazia o mesmo que faziam os pintinhos, convencida de que era igual a eles.  Ciscava, ia ao chão buscando insetos e pipilava como fazem os pintos, e como eles, também batia as asas conseguindo voar um metro ou dois porque, afinal de contas, é só isso que um frango pode voar, não é verdade?  Passam anos e a águia ficou velha… Certo dia, ela viu, riscando o espaço, num céu azul, uma ave majestosa, planando, no infinito, graciosa, levada, docemente, pelo vento sem nem sequer bater a asa dourada.  A águia do chão olhou-a com respeito e logo, perguntou ao seu amigo:  “Que tipo de ave é aquela que lá vai”?  “É uma águia! É rainha”, diz-lhe o amigo, mas é bom não olhar muito para ela pois nós somos de raça diferente, simples frangos do chão e nada mais.  Daí por diante, então, a pobre da águia nunca mais pensou nisso, até morrer convencida de ser uma simples galinha. 
 
Anthony de Mello
http://www.projetovaloreshumanos.com.br
 
 
“Cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o Sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita.” (Leonardo Boff)
 

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