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sexta-feira, 29 de maio de 2020


A   V I D A   N Ã O   P O D E   S E R   
E  N  S  I  N  A  D  A

Hello, my petal: The squirrel appears to be soothed by the touch of the golden yellow daisy, which has an average bloom period lasting until mid to late September

Será que alguém ensinou esse esquilo a se extasiar diante dessa flor? Creio que os animais, ao contrário do homem, vivem em maior harmonia e unicidade com a Natureza. Não necessitam desligar-se dos acontecimentos, ou seja testemunhar o que se está vivendo para ludibriar a mente. Suponho que nós, seres humanos, somos tão aperfeiçoados que perdemos a simplicidade. Como disse Einstein: "Se você não consegue explicar algo de modo simples é porque não entendeu bem a coisa".

Encontrei, nas minhas andanças pela internet, um material bem interessante: MAHAMUDRA, DE TILOPA. Pelo que compreendi é uma indicação de como relacionar-se com o mundo, um conhecimento que está muito além da mente. Resolvi pesquisar mais um pouco e deparei-me com o que Osho fala como experiência definitiva:

" A experiência do definitivo não é, absolutamente uma experiência, porque quem experimenta está perdido. E onde há aquele que experimenta, o que se pode dizer da experiência - Quem o dirá? Quem relatará a experiência? Quando não há sujeito, o objeto também desaparece: as margens desaparecem, apenas o rio da experiência permanece. O conhecimento ali está, mas o conhecedor está ausente.

Mesmo na vida cotidiana sentimos a inutilidade das palavras. E se ainda não sentiste a inutilidade das palavras, é porque não estiveste vivo, viveste apenas superficialmente. Se o que viveste, seja lá o que for, pode ser transmitido através de palavras, isso significa que absolutamente não viveste.

Quando, pela primeira vez, algo para além das palavras começa a acontecer, então a vida acontece para ti, a vida bate à tua porta. E quando o definitivo bate à tua porta, tu simplesmente te vês para além das palavras - tornas-te mudo, não podes falar. Nem mesmo uma só palavra se delineará em teu interior. E o que for que possas dizer parecerá tão descorado, tão morto, tão sem sentido, tão destituído de qualquer significação, que pensarás estar sendo injusto para com a experiência que te aconteceu. Lembra-te disto, porque Mahamudra é a última, a Definitiva experiência.

Mahamudra significa um orgasmo total com o Universo. Se tiveres amado alguém, algumas vezes sentiste uma fusão, uma submersão - os dois já não são dois. Os corpos permanecem separados, mas há algo entre esses corpos, algo como uma ponte, uma ponte de ouro, e a duplicidade interior desaparece. Uma vida-energia vibra em ambos os polos. Se isso já aconteceu contigo, poderás compreender o que é Mahamudra".

A Instrução de Tilopa sobre o Grande Símbolo (Mahamudra), foi deixada para Naropa, em Vinte e Oito Versos. Analisemos os cinco primeiros versos:


[1] O Mahamudra não pode ser ensinado, ó inteligente Naropa, Mas como você passou pela austeridade rigorosa, Com tolerância no sofrimento e devoção ao mestre, Ó abençoado, guarde esta instrução secreta em seu coração.

[2] Assim como ninguém pode se segurar no espaço, No Mahamudra não existe ponto de apoio. Fique parado no estado natural, sem qualquer artifício. Assim, sem dúvida, os nós se soltarão.

[3] Contemplando o meio do céu vazio, a visão cessa; Do mesmo modo, quando a mente olha para a própria mente, Termina o fluxo do pensamento discursivo e conceitual E é obtido o despertar supremo.

[4] Assim como a neblina da manhã se dissolve no ar, Sem ir a qualquer lugar, mas cessando de ser, As ondas da conceitualização se dissolvem com ondas Quando você contempla a verdadeira natureza de sua mente.

[5] O espaço puro está além das cores e das formas, Permanece imutável quando vestido de preto ou branco; Assim também, a essência da mente está além da cor e da forma E permanece imutável mesmo vestida por ações negras ou brancas.


Parece que precisamos morrer para os sentidos, que, na realidade são essenciais para nos conectar ao mundo, entretanto permanecemos presos a eles como se fossem uma solução. Creio que uma das razões de não entendemos a vida é querer responder, através dos sentidos, conceituando- a . Para ser um bom "vivedor" precisamos olhar para dentro de nós mesmos e sair da periferia, não se apoiando em nada, apenas equilibrando-se sem identificar-se com coisa alguma "parado no estado natural, sem qualquer artifício. Assim, sem dúvida, os nós se soltarão".

Quando contemplamos o vazio, ou seja, quando apenas observamos o mundo material sem julgamentos, sem definições, a nossa visão interior cresce, as correntes que nos prendem as manifestações das esferas dos desejos vão-se perdendo ao longo do caminho, sentimo-nos mais leves, mais amorosos, mais complacentes; os pensamentos, apesar de continuarem seu fluxo em nossa mente, circulam mais devagar, podemos até observá-los. Estamos despertando. Estávamos dormindo enquanto presumíamos controlar a Vida; a Vida é a sabedoria superior manifestada. Ninguém pode controlá-la.

"... O espaço puro está além das cores e das formas, Permanece imutável quando vestido de preto ou branco..." Ora, ora... nós, simples seres em evolução, pequeninas células nesse Universo infinito, ao invés de observar e experimentar a sabedoria que a vida nos traz queremos mudá-la ao nosso bel prazer. Não importa de qual cor queremos pintar a vida. Ela está aí para cumprir seu propósito.

Mais uma vez Osho nos faz refletir:
"Nesta profunda aceitação de seu ser natural 
está a semente de sua transformação. 
E quando ela vem por si mesma, então é um crescimento."


https://pierrechristoph.blogspot.com

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