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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PENSAMENTOS FLAMMARION


Segunda Parte

O corpo humano terrestre deve sua forma e seu estado ao meio atmosférico e às condições de densidade, peso e nutrição dentro das quais a evolução vital terrestre se exerceu.

O tipo Homem não é universal. No Universo, há seres pensantes de todas as formas possíveis, de todas as dimensões, de todos os pesos, de todas as cores, de todas as sensações e de todos os caracteres.

O Universo é ilimitado. Nossa existência terrestre é apenas uma fase nesse ilimitado.

A Terra foi, pois, criada para o homem, e a matéria para a vida. E, onde quer que vejamos outra terra, somos forçados a convir que ela foi, como a nossa, criada para a raça intelectual e imortal.

Se todo acontecimento é imperecível, o passado resulta presente.

Nós podemos rever a nossa própria existência diretamente e nossas diversas existências anteriores; para tanto, basta estarmos à uma distância conveniente dos mundos onde houvermos vivido.

Quando o Senhor Jesus fala do aprisco do qual é a porta, da ovelha que o segue e que conhece sua voz, e pela qual dá sua vida, acrescenta: — Tenho, ainda, outras ovelhas que não são deste rebanho; é preciso que eu também as conduza. Elas escutarão minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor.

Os fenômenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, se tornarão objeto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da eletricidade e do vapor.

A alma: a) existe como personalidade real independente do corpo; b) é dotada de faculdades ainda desconhecidas da Ciência; e c) pode agir e perceber à distância sem necessitar dos sentidos como intermediários.

Pobres mitos humanos os que supõem Te conhecer, ó Deus!

Deus é a força inteligente, universal e invisível, que constrói sem cessar a obra da Natureza.

Filhos da Terra, nossos organismos estão em consonância vibratória com todos os movimentos que constituem a Vida da Natureza.

Deus é simultaneamente potência e ato.

Quando as regras se generalizam, as exceções aparentes se tornam regulares. Qualquer equívoco na sua legislação portentosa é tão inaudito como um ato mal-entendido.

Preciso fora falar de Deus sem nomeá-Lo.

Dizia Goethe que os homens tratam Deus como se o Ente Supremo, o Ser Incompreensível, fosse a eles semelhante, pois, de outro modo não diriam, o Senhor Deus, o nosso Bom Deus. Para eles, e sobretudo para a gente beata, que O tem sempre nos lábios, Deus se torna um simples vocábulo, uma expressão habitual, desligada de qualquer sentido. Entretanto, se estivessem compenetrados da grandeza de Deus, silenciariam e, respeitosamente, se absteriam de O vocalizar.
Que orgulhoso insensato pretendeu Te definir, ó Deus! Ó meu Deus, todo poder e ternura, imensidade sublime e inconcebível!

A voz do oceano não abafa a minha voz, e meu pensamento a Ti se eleva, ó Deus, com a prece coletiva!

A investigação imparcial da Verdade exclui de seus domínios os exageros do fanatismo tanto quanto os do Ceticismo. Ela prossegue na sua tarefa laboriosa e fecunda, e expõe sinceramente o ensinamento recolhido das suas descobertas sucessivas.

E o homem vive à margem, indiferente a tantos esplendores, sem olhos de ver nem ouvidos de ouvir, ignorando a Harmonia Universal, em cujo seio deveria encontrar a sua felicidade e a sua glória.

A ordem universal reinante em a Natureza, a inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o conjunto, qual uma aurora luminosa, e, sobretudo, a universalidade do plano geral regida pela harmoniosa Lei da Perfectibilidade Constante, apresenta-nos, já, agora, a onipotência divina como sustentáculo invisível da Natureza, lei organizadora, força essencial, da qual derivam todas as forças físicas, como outras tantas manifestações particulares suas. Podemos, assim, encarar Deus, como um pensamento imanente, residente e inatacável na essência mesma das coisas, sustentando e organizando, Ele mesmo, tanto as mais humildes criaturas quanto os mais vastos sistemas solares, de vez que as Leis da Natureza não poderiam ser concebíveis fora deste pensamento. Antes, são Dele – eterna expressão.

Ah! Se nossa vista fosse penetrante o bastante para descobrir, ali, onde só distinguimos pontos brilhantes no fundo negro do céu, os sóis resplandecentes que gravitam pelo espaço e os mundos habitados que os seguem em seu curso, se nos fosse dado abranger em um relance geral esses milhares de sistemas-solidários, e, se nós, avançando com a velocidade da luz, atravessássemos durante séculos de séculos esse número ilimitado de sóis e de esferas, sem nunca encontrar fim para esta imensidão prodigiosa, onde a Natureza fez germinar os mundos e os seres, voltando nossos olhares para trás, mas, não sabendo em que ponto do ilimitado encontrar este grão de poeira que se chama de Terra, nos deteríamos fascinados e confundidos por um tal espetáculo, e unindo nossa voz ao concerto da Natureza Universal, diríamos do fundo de nossa alma: Deus todo-poderoso! Como fomos insensatos ao crer que não há nada além da Terra, e que nossa pobre morada tenha, só ela, o privilégio de refletir Tua grandeza e Teu poder!

A pluralidade dos mundos é uma doutrina verdadeira, pois os gênios ilustres de todas as eras e, mais do que isto, as grandes vozes da Natureza, ensinaram-na e proclamaram-na. Ela é uma doutrina admirável, pois o Sopro da Vida que ela propaga sobre o Universo, transforma a aparente solidão e povoa os espaços com os esplendores da Vida.

Se a Terra fosse o único mundo habitado no passado, presente e futuro, se fosse a única natureza, a única habitação da vida, a única manifestação do Poder criador, seria um fato incompatível com o esplendor eterno, ter formado, como obra única, um mundo inferior, miserável e imperfeito. Aquele que acredita na existência de um só mundo, portanto, é inevitavelmente conduzido a esta monstruosa conclusão, de que as divinas hipóstases, eternamente inativas até o dia da criação terrestre, se manifestaram tão-somente pela criação de uma sombra, e que toda a efusão de seu poder infinito não teve como resultado senão a produção de um grão de poeira animada.

Beleza eterna, não engendrada e imperecível, isenta de decadência como de crescimento, que não é bela em uma parte e feia em outra, bela somente em tal tempo, em tal lugar, em tal relação; bela para esses, feia para aqueles; beleza que não tem forma sensível, um rosto, mãos, nada de corporal; que também não é tal pensamento ou tal ciência em particular, que não reside em nenhum ser diferente dela mesma, como um animal, ou a Terra ou o céu, que é absolutamente idêntica e invariável por si mesma, da qual todas as outras belezas participam, de maneira, contudo, que seu nascimento ou sua destruição não lhe acarrete nem diminuição, nem crescimento, nem a menor mudança. Para chegar a ti, beleza perfeita, é preciso começar pelas belezas de aqui embaixo, e, os olhos fitos na Beleza Suprema, elevar-se sem cessar, passando, por assim dizer, por todos os graus da escala, até que, de conhecimento em conhecimento, se chegue ao Conhecimento por excelência, que não tem outro fim que não o próprio Belo, e que se acaba conhecendo tal como é em si...

De onde vem ao meu espírito esta impressão tão pura da Verdade? De onde lhe vêm essas regras imutáveis que orientam o raciocínio, que formam os costumes, pelas quais ele descobre as proporções secretas das figuras e dos movimentos? De onde lhe vêm, numa palavra, essas Verdades Eternas que tanto tenho examinado? Serão os triângulos, os quadrados e os círculos que traço grosseiramente no papel que imprimem em meu espírito suas proporções e relações? Ou será que há outros cuja perfeita exatidão causa este efeito? Em qualquer parte, no mundo ou fora do mundo, os triângulos e os círculos subsistem nessa perfeita regularidade. De onde a Verdade seria impressa em meu espírito? E sei que as regras do raciocínio e dos costumes subsistem também em qualquer parte. De onde elas me comunicam sua Verdade Imutável? Ou não seria, antes, que Aquele que espalhou por toda à parte a medida, a proporção e a própria Verdade imprima em meu espírito a ideia certa? É certo que Deus é a razão primitiva de tudo o que existe e de tudo o que se entende no Universo; que Ele é a Verdade Original, e que tudo é verdadeiro por ligação com Sua Verdade Eterna, que buscando a Verdade nós O encontramos, e que encontrando-A nós O encontramos.

As Humanidades dos outros mundos e a Humanidade da Terra são uma só Humanidade.

http://paxprofundis.org

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