VILÃO, VÍTIMA...
Quando
não conseguem obter elogios ou admiração, alguns egos têm de se
contentar com outras formas de atenção e desempenhar papéis que criem
essa atenção. Se não conseguirem uma atenção positiva, podem procurar,
em alternativa, uma atenção negativa, por exemplo, provocando uma reação
negativa noutra pessoa. Algumas crianças também já o fazem. Portam-se
mal para obter atenção.
O desempenho de papéis negativos
torna-se particularmente acentuado sempre que o ego é aumentado por um
corpo de dor ativo, isto é, por uma dor emocional do passado que
pretende renovar-se através de mais dor. Alguns egos cometem crimes
quando andam em busca da fama. Procuram a atenção através da notoriedade
e da condenação por parte das outras pessoas. Parecem dizer: «Por
favor, digam-me que eu existo, que não sou insignificante.» Estas formas
patológicas do ego são apenas versões mais extremas dos egos normais.
Um papel muito comum é o da vítima, e a
forma de atenção pretendida pelo ego é a compaixão, a pena ou o
interesse dos outros pelos meus problemas, por «mim e pela minha
história». Vermo-nos como vítimas é um elemento que faz parte de muitos
padrões egóicos, como queixarmo-nos, sentirmo-nos ofendidos, magoados e
assim por diante.
É claro que, se eu me identificar com
uma história na qual atribuí a mim mesmo o papel de vítima, não quero
que esta história acabe e, por isso, como todos os terapeutas sabem, o
ego não deseja um fim para os seus «problemas», pois fazem parte da sua
identidade. Se ninguém estiver interessado em ouvir a minha triste
história, posso repeti-la vezes sem conta na minha cabeça e sentir pena
de mim mesmo, adquirindo deste modo uma identidade de alguém que é
injustamente tratado pela vida ou pelos outros, pelo destino ou por
Deus. Isto ajuda-me a definir a minha auto-imagem, transforma-se em
alguém, e é apenas isso que interessa ao ego.
Eckhart Tolle
http://mara-mariangela.blogspot.com
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