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segunda-feira, 2 de julho de 2018

A GRANDE LIBERTAÇÃO


Despertar em si essa vida divina dormente,
isto é redenção, libertação, 
auto realização

Universicamente o homem é a única creatura que pode e deve ser livre. Mas essa libertação é uma conquista do próprio homem. Não existe alo-libertação, libertação “de fora”; somente existe auto-libertação, ou seja, libertação “de dentro”. Quando, dramaticamente, o maior de todos os mestres, o homem mais livre deste planeta, revelou aos seus contemporâneos e às humanidades futuras, a sua experiência cósmica: “Conhecereis a verdade – e a verdade vos libertará”, deu a todos a chave para a nossa própria liberdade e libertação. A problemática da liberdade tem sido, culturalmente e historicamente, mal compreendida. Os educadores ortodoxos não atingem o verdadeiro significado e essência do “que é libertação”. Quase sempre o enfoque é político e econômico, e raramente educacional, no verdadeiro sentido da palavra, ou seja, “eduzir de dentro rara fora".

A redenção ou libertação vem de dentro do próprio homem, mas não desse homem-ego, que é precisamente o autor da escravidão, e sim do homem-Eu, do “espírito de Deus que habita no homem”. O homem-Cristo redime o homem- Satã, se este lhe abrir as portas. Se o “grão de trigo” do homem-ego morrer, então a vida do homem-Eu latente, nessa semente “produzirá muito fruto.” Do contrário, “ficará estéril.” Auto-redenção não é ego-redenção. O homem é remido por um fator não idêntico a seu ego humano, mas esse elemento redentor não está fora do homem, está dentro dele, é o seu verdadeiro centro, o seu divino Lógos ou Verbo que nele encarnou e nele habita, embora em estado ainda latente.  
 
Despertar em si essa vida divina dormente – isto é redenção, libertação, auto- realização.” Verdade. Liberdade. Libertação. Felicidade: Este é o caminho.

Muitos leitores, ao lerem este livro, o estranharão e perguntarão a si mesmos: se eu devo libertar-me, quem me escravizou? E de que devo libertar- me? Os mais rotineiros responderão com certas teologias: o diabo escravizou o homem – e Deus deve libertá-lo; ele foi concebido e nasceu escravo, porque herdou o pecado de Adão. Esse livro nada sabe de um pecado herdado, de uma escravidão transmitida por alguém, nem de uma escravização vinda de fora do homem. O espírito, antes da sua encarnação, era livre por sua própria natureza divina, pelo fato de ser uma emanação do Espírito Universal da Divindade, que é necessariamente livre; e da liberdade do Espírito Universal só podia emanar um espírito individual também livre. E por que agora sou escravo e tenho a necessidade de me libertar? Ninguém me escravizou – eu mesmo me escravizei. E por que meu espírito livre se escravizou, ao se revestir de um invólucro material? O espírito, emanado da Divindade era livre – mas não estava liberto; era necessariamente livre – mas devia libertar-se espontaneamente. 

A grande missão do homem, aqui na terra, é a sua auto libertação. “Deus creou o homem o menos possível, para que o homem se possa crear o mais possível”. O “menos possível” é a liberdade – o “mais possível” é a libertação. Sendo o homem a única creatura creadora, aqui na terra, dotada do poder do livre arbítrio, é da íntima natureza do homem que ele se realize plenamente pelo poder creador do seu livre arbítrio, que transforme em libertação a sua liberdade. “O que herdaste de teus pais – escreveu Goethe – adquire-o para o possuíres”. O homem herdou de Deus a liberdade, mas deve adquirir a sua libertação, para possuir realmente essa liberdade. Não se possui realmente o que apenas se herdou, e não conquistou com esforço próprio. 

A missão suprema da encarnação do espírito é a sua auto libertação, a sua auto realização. Se o espírito não se auto escravizasse pela encarnação na matéria, não poderia realizar a sua auto libertação. Não é possível uma evolução sem resistência. A resistência que o espírito demandou é a sua união com a matéria do corpo, sobretudo da matéria mentalizada. O que propriamente escraviza o homem não é a matéria inconsciente, mas sim o corpo mental ego consciente, que é o ponto culminante da materialização humana. Não há nada no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos, diz o antigo provérbio filosófico. 

O revestimento material do espírito pelo corpo não é um castigo de Deus, mas uma creação do próprio homem desejoso de evolução e auto realização. Essa existência na matéria mental do corpo é indispensável à evolução do espírito. O espírito, quando emanou da Divindade, era, por assim dizer, um espírito embrionário, um espírito em germe, um espírito evolvível, mas ainda não evolvido. A fim de passar da sua evolvibilidade para a evolução, o espírito procurou resistência na matéria mentalizada. 

Desde a sua encarnação hominal, o espírito do homem, chamado alma, procura cumprir a sua missão especificamente humana, a sua auto realização. Esta auto realização do homem consiste essencialmente na proclamação da soberania do espírito sobre a matéria, ou seja, a espiritualização da matéria mental do seu corpo. Não se trata de abolir o corpo, nem apenas de justapor o corpo ao espírito, mas sim de permear pela luz do espírito toda a opacidade do corpo.

O homem que lucifica ou espiritualiza o seu corpo, esse cumpre a razão de ser da sua encarnação terrestre...

Huberto Rolhden - Trecho do livro "A Grande Libertação"



ADVERTÊNCIA A substituição da tradicional palavra latina crear pelo neologismo moderno criar é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a alfabetização e dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível de cultura superior, porque deturpa o pensamento. Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência. O Poder Infinito é o creador do Universo – um fazendeiro é criador de gado. Há entre os homens gênios creadores, embora não sejam talvez criadores. A conhecida lei de Lavoisier diz que “na natureza nada se crea e nada se aniquila, tudo se transforma”, se grafarmos “nada se crea”, esta lei está certa mas se escrevermos “nada se cria”, ela resulta totalmente falsa. Por isto, preferimos a verdade e clareza do pensamento a quaisquer convenções acadêmicas. 

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