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segunda-feira, 9 de julho de 2018

A LIBERTAÇÃO 
DO CORAÇÃO E DA MENTE


O que tenho estado a vos dizer é aplicável a todo o ser humano e toca a toda a fase da vida humana; para que, porém, se possa ser capaz de compreender devidamente, é preciso não examinar simplesmente o significado das palavras; porém, esforçar-se para compreender o significado da essência. Podeis tornar as palavras barreiras e criar contradições por meio delas.

A Verdade não é uma realidade progressiva; porém sim, uma inteireza por si mesma, a qual pode somente ser realizada por meio do esforço individual. Para sustentar este esforço constante, tendes que examinar e estabelecer equilíbrio em todos os vossos pensamentos, emoções e atos. Esforçai-vos por fazer face a vós mesmos com veracidade, sem transigir convosco mesmos.

Se quiserdes compreender, tendes que começar por ser honestos e extremados, em vosso juízo acerca de vós mesmos. Extremados não nos opostos, porém sim, no libertar-se dos opostos, que é harmonia. Tomai, por exemplo, o desejo de possuir. O oposto a posse é a renúncia. Se, porém, fordes extremados, isto é, desapegados, não terá importância o fato de possuírdes ou não. Isto exige honestidade de pensar, coragem de posse ou de renúncia. A mente é passível de grandes decepções e eis porque eu digo que necessitais de ser honestos e portanto extremados em vosso julgamento acerca de vós mesmos.

A maior parte das pessoas estão sobrecarregadas pelo desejo de possuir, sejam pessoas, bens ou qualidades. Este desejo de possuir é expressão do egoísmo sistemático. A felicidade reside no extremo, porém, no extremo do desapego. O ser-se absolutamente desapegado exige grande esforço de propósito, continuo auto-ajuste. É essencial o ser extremado, porém extremado em equilíbrio, não extremado numa direção especial.

Muitas pessoas pensam que a Verdade se realiza por afastar-se do mundo. O homem é colhido pela ação, e busca refúgio evadindo-se da vida para o romantismo, a imaginação e a ilusão. No entanto, estar em ação e ao mesmo tempo possuir liberdade de pensamento, é o que constitui a verdadeira solidão; solidão, não a do tédio, não a do temor, porém a solidão da alegria real. Nesta solidão aprendeis a ajustar vossos vários conflitos de emoção e pensamento, de modo a serdes capazes de resistir ao constante efeito da ação. Quando houverdes conseguido esta solidão interior, seguir-se-á a cessação dos reflexos, que conduz à contemplação sem esforço. Dessa contemplação provém a harmonia da razão e do amor, e desta segue-se o apercebimento, a intuição que é constante, na qual não existe nem separação, nem unidade. É esta a libertação do coração e da mente.


Krishnamurti
http://pensarcompulsivo.blogspot.com 



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