TANTRA - A SUPREMA COMPREENSÃO
Última Parte
Esvazia tua mente e
não penses em nada.
A passividade esvaziará
automaticamente tua mente. Ondulações de atividade,
ondulações de energia mental se aquietarão aos poucos e
toda a superfície da tua consciência ficará sem ondas, sem
qualquer ondulação. Tornar-se-á um espelho silencioso.
Como um bambu oco,
repousa bem teu corpo.
Esse é um dos métodos
especiais de Tilopa. Cada Mestre tem seu método especial,
através do qual ele alcançou e através do qual gostaria de
ajudar outros.
Essa é a especialidade de Tilopa: Como um
bambu oco, repousa bem teu corpo.
Um bambu é completamente oco
por dentro. Quando repousas, procura sentir-te como um
bambu: completamente oco e vazio por dentro. E é realmente
assim: teu corpo é tal e qual um bambu, oco por dentro. Tua
pele, teus ossos, teu sangue, fazem parte do bambu mas
dentro há espaço, esvaziamento.
Quando estás sentado, a boca
inteiramente silenciosa, inativa, a língua tocando o palato
e silente, sem fremir com os pensamentos, a mente observando
passivamente, sem esperar por coisa alguma em particular,
senta-te como um bambu oco - e, subitamente, infinita
energia começa a derramar-se dentro de ti; ficas repleto do
Desconhecido, do misterioso, do Divino.
Um bambu oco torna-se
uma flauta
e o Divino começa a
tocar com ela.
Desde que estejas vazio não
haverá barreiras para o Divino entrar em ti.
Tenta isso: é uma das mais
belas meditações - a meditação de se tornar um bambu oco.
Não precisas fazer nada. Tu simplesmente te transformas - e
tudo o mais acontece. Subitamente, sentes que algo desce
para o teu espaço vazio. És como um útero e vida nova está
entrando em ti; uma semente está caindo. E chega o momento
em que o bambu desaparece completamente.
Como um bambu oco,
repousa bem teu corpo.
Repousa bem, não desejes
coisas espirituais, não desejes o céu, nem mesmo desejes
Deus. Deus não pode ser desejado. Quando estiveres
destituído de desejos, Ele virá ter contigo. A libertação
não pode ser desejada, porque o desejo é um laço. Quando
estás livre de desejos, estás liberado. O estado de Buda não
pode ser desejado, porque o desejo é um obstáculo. Quando
não existem barreiras Buda explode em ti. Já tens a
semente. Quando estás vazio, há um espaço - e a semente
explode.
Como um bambu oco,
repousa bem teu corpo.
Sem dar nem receber,
repousa tua mente.
Não há nada a dar, nada a
receber. Tudo está absolutamente em ordem, tal como está.
Não há necessidade alguma de dar ou receber. Estás
absolutamente perfeito, como és.
Esse ensinamento do Oriente
tem sido muito mal interpretado no Ocidente porque dizem:
que espécie de ensinamento é esse? Então as pessoas não
lutarão, não tentarão chegar a maior altura? Então, não
farão um esforço para modificar seu caráter, para mudar suas
maneiras más, obtendo as boas? Acabarão vítimas do Diabo. No
Ocidente, “Melhora a ti mesmo” é a recomendação. Em termos
deste mundo, ou em termos de outro mundo, mas melhora. Como
melhorar? Como tornar-se maior e ganhar grandeza?
No Oriente entendemos isso
muito mais profundamente: compreendemos que o próprio
esforço se constitui numa barreira, porque já estás levando
teu ser contigo. Não precisas transformar-te em coisa
alguma; basta que compreendas quem és, isso é tudo.
Compreende, apenas, quem se esconde dentro de ti. Melhorar,
seja no que for que melhores, sempre te trará angústia e
ansiedade, porque o próprio esforço para melhorar te estará
levando para o caminho errado. Isso torna o futuro
significativo, o objetivo significativo, os ideais
significativos e, assim, tua mente torna-se um infinito
desejar.
Põe de lado o desejar. Deixa
que o desejar desapareça, torna-te um silencioso lago de
não desejos - e, de repente, serás surpreendido:
inesperadamente, ele estará ali. E rirás gostosamente, como
Bodidarma riu. Os seguidores de Bodidarma dizem que, quando
tornas a ficar silencioso, podes ouvir-lhe a gargalhada. Ele
ainda está rindo. Não parou de rir desde então. Ri porque
“que tipo de brincadeira é essa? Já és o que estavas
tentando ser! Como podes ter êxito, se já és aquilo que
estás tentando ser? Teu fracasso é absolutamente certo. Como
é possível que te tornes aquilo que já és?” Por isso é que
Bodidarma riu.
Bodidarma foi um
contemporâneo de Tilopa. Talvez se tenham conhecido,
possivelmente não fisicamente, mas devem ter se conhecido -
eram seres da mesma qualidade.
Sem dar nem receber,
repousa tua mente.
Mahamudra é como a
mente que a nada se prende.
Alcanças, se não te
prender. Nada em tuas mãos, e alcanças.
Mahamudra é como a
mente que a nada se prende.
Assim praticando,
alcançarás, em tempo, o estado de Buda.
Que se deve praticar,
então?
Estar cada vez mais à
vontade.
Estar cada vez mais,
aqui e agora.
Estar cada vez mais, em
ação
e cada vez menos em
atividade.
Ser cada vez mais oco,
vazio, passivo.
Ser cada vez mais um
observador -
Indiferente, sem nada
esperar, sem nada desejar.
Ser feliz contigo, tal
como és.
Estar em celebração.
E, então, a qualquer
momento, a qualquer momento, quando as coisas
estiverem maduras e a estação certa chegar, tu florescerás
como um Buda.
Osho, Tantra: The Supreme Understanding
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