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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A EXPERIÊNCIA ZERO



Vocês não podem conceber o que acontece a uma pessoa quando se torna um Buda, num país, num mundo, que está completamente louco. Ela não está mais louca, mas tem que seguir as suas leis ou vocês a matam. Tem que fazer concessões. É claro que ela não espera que vocês lhe façam concessões. Vocês não estão num estado de poder pensar. Mas essa pessoa pode. Somente o superior pode fazer concessões ao inferior; só o maior pode fazer concessões ao menor; só o sábio pode fazer concessões à pessoas estúpidas.

Você está aqui comigo. Está diante de algo original. Quando você falar sobre isso a outra pessoa, não será o original. Ouviu algo de mim e transmitiu isso a alguém, mas muito do que eu disse se perdeu. Então essa pessoa vai para uma outra e transmite a mensagem. De novo muito se perde. Dentro de poucos anos, depois de algumas transferências, a verdade está completamente distorcida, e restarão apenas mentiras.

Todo o meu propósito aqui é empurrá-lo para a morte, empurrá-lo para o abismo do desconhecido, empurrá-lo para a EXPERIÊNCIA ZERO. Na Índia, chamamos isso Samadhi. É uma experiência zero — onde de um certo modo você existe e de certo modo não existe; onde você está vazio de todo conteúdo, permanecendo só o continente; onde tudo o que estava escrito no livro desapareceu, ficando apenas o livro vazio. Esta é a Bíblia real, o Veda real. Quando toda a escrita desapareceu e o livro ficou absolutamente vazio; quando todo o conteúdo, todos os pensamentos, a mente, as emoções, os desejos desapareceram e há apenas consciência pura, vazia de conteúdo. É isso que chamo de abismo. Você diz: você é meu pico, meu Everest... Sim, é verdade, mas o pico só virá mais tarde. Antes vem o abismo. Também sou o seu abismo.
 
O ego funciona de uma maneira muito tradicional. Para ser revolucionário, é preciso que se vá além do ego. E não se pode fazer isso de uma vez por todas, é preciso fazê-lo a cada momento, pois o ego vai se fechando, vai se enfurnando em você. Cada momento que você passa, seja o que for que tenha vivido, o que tenha experimentado, torna-se o seu ego. Você tem que descartá-lo. A renúncia não é de uma vez por todas. Você tem que renunciar a cada momento, tudo que se acumula tem que ser renunciado. Só então a renúncia torna-se uma revolução. Você tem que renunciar não só as coisas banais do mundo, tem que renunciar às ideologias banais também — ao judaísmo, ao Cristianismo, ao Hinduísmo, ao Maometanismo. Tem que renunciar aos pensamentos para que possa permanecer um reflexo puro. Então a sua consciência pode permanecer imperturbada, descolorida de qualquer pensamento; você pode ver as coisas diretamente e a sua consciência não é perturbada nem distorcida por nenhum preconceito.
 
A verdade não pode permanecer por muito tempo na terra; ela vem e desaparece. Se você estiver disponível ela o atingirá e depois desaparecerá. Você não pode prendê-la à terra. A terra é tão falsa e as pessoas tão absortas em suas mentiras que a verdade não pode ficar aqui por muito tempo. Sempre que um Buda caminha sobre a terra, a verdade caminha por alguns momentos. Quando um Buda se vai, a verdade desaparece. Restam apenas pegadas e você segue adorando as pegadas. As pegadas não são o Buda e as palavras pronunciadas por ele acabam sendo meras palavras. Quando você as repete elas são meras palavras, não significam nada. O significado vinha de Buda que estava por trás delas. Você pode repetir exatamente a mesma cosia, mas as palavras não serão as mesmas, pois as palavras por trás das palavras não serão as mesmas.
 
 
 
O S H O
 
 

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