O TEMPO E O EGO
O tempo, ou seja, o passado e o futuro,
é aquilo de que o Falso
Eu, fabricado pela mente,
o ego, vive. E o tempo está na nossa mente.
Ele não é
algo que tenha uma existência objetiva "ali fora".
É uma estrutura mental necessária para a percepção sensorial,
indispensável pelos propósitos práticos,
mas também
é o maior obstáculo
ao autoconhecimento.
O tempo é a dimensão horizontal da vida,
a camada superficial da realidade.
E há ainda a dimensão vertical da profundidade,
à qual só temos acesso através do portal do momento presente. Assim, em
vez de nos concedermos tempo, devemos removê-lo. Retirar o tempo da nossa
consciência é eliminar o ego.
É a única prática espiritual verdadeira.
Quando falo da
eliminação do tempo,
não estou, é claro, me referindo ao tempo do relógio,
que é usado com propósitos práticos,
como marcar um encontro
ou planejar uma viagem.
Seria quase impossível
atuar nesse mundo
sem esse tempo convencional.
O que estou propondo é a eliminação do
tempo psicológico,
que é a preocupação interminável da mente
egóica
com o passado e com o futuro e sua resistência a entrar
no estado de unicidade com a vida e viver alinhada com a inevitável
condição do momento presente de ser o que é.
Sempre
que um NÃO habitual à vida
se
transforma num SIM,
toda
vez que permitimos que esse momento
SEJA
COMO É, dissolvemos tanto o tempo quanto o EGO.
Para
que o ego sobreviva, ele deve tornar o tempo -
o passado e
o futuro - mais importante que o Agora,
a não ser por um breve instante
logo após obter o que deseja.
Contudo, nada
consegue satisfazê-lo por muito tempo.
Assim que ele se converte
na nossa vida,
existem duas maneiras de
sermos felizes.
Não alcançando o que
desejamos é uma.
Alcançando o que desejamos é
outra.
O Agora assume a forma de qualquer coisa ou acontecimento.
Enquanto resistimos a isso internamente, a forma,
isto é, o mundo é uma barreira impenetrável que nos separa
de quem somos além da forma, que nos afasta da Vida única,
sem forma
que nós somos. Quando dizemos
um SIM interior para a forma que o Agora adquire, ela própria se torna uma passagem para o que não tem forma.
Quando reagimos à forma que a
Vida assume no momento presente, tratando o Agora como um meio, um
obstáculo ou um inimigo, fortalecendo nossa própria identidade formal o
ego,
disso resulta a atitude reativa do ego.
Ele se vicia em reagir.
Quanto maior nossa disposição para
manifestar uma reação,
mais vinculados nos tornamos à forma.
Quanto maior a identificação com ela,
mais forte é o ego.
Nosso Ser então deixa de brilhar
através da forma –
ou só faz isso vagamente.
Por meio da não-resistência à forma,
aquilo em nós que se encontra além da forma emerge
como uma presença de total abrangência,
um poder silencioso muito maior
do que a identidade de curta duração
que temos a forma - a pessoa.
Ele é mais profundamente quem nós somos
do que qualquer outra coisa no mundo
da forma.
Quanto mais limitada, quanto mais estreitamente egóica é a visão que temos de nós mesmos,
mais nos concentramos nas limitações egóicas – na inconsciência - dos
outros e reagimos a elas. Os "erros"
das pessoas ou o que percebemos como suas falhas se tornam para nós a
identidade delas.
Isso significa que vemos
apenas o ego
dos outros e, assim,
fortalecemos
o ego em nós.
Em vez de olharmos
"através" do ego deles,
olhamos "para" o
ego.
E
quem está fazendo isso?
O ego em nós.
Eckhart Tolle
Mais uma vez se faz necessário que espreitemos a nós mesmos como observadores. Quando procedemos assim somos capazes de identificar o ego agindo em nós. Então podemos nos curar de muitos males que ele proporciona. KyraKally
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