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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O TEMPO E O EGO


O tempo, ou seja, o passado e o futuro, 
é aquilo de que o Falso Eu, fabricado pela mente, 
o ego, vive. E o tempo está na nossa mente.
Ele não é algo que tenha uma existência objetiva "ali fora".
É uma estrutura mental necessária para a percepção sensorial, indispensável pelos propósitos práticos,
mas também é o maior obstáculo
ao autoconhecimento.

  O tempo é a dimensão horizontal da vida,
a camada superficial da realidade.
E há ainda a dimensão vertical da profundidade,
à qual só temos acesso através do portal do momento presente. Assim, em vez de nos concedermos tempo, devemos removê-lo. Retirar o tempo da nossa consciência é eliminar o ego.
É a única prática espiritual verdadeira.

Quando falo da eliminação do tempo, 
não estou, é claro, me referindo ao tempo do relógio, 
que é usado com propósitos práticos,
como marcar um encontro ou planejar uma viagem.
Seria quase impossível atuar nesse mundo 
sem esse tempo convencional. 

  O que estou propondo é a eliminação do tempo psicológico,
que é a preocupação interminável da mente egóica com o passado e com o futuro e sua resistência a entrar no estado de unicidade com a vida e viver alinhada com a inevitável condição do momento presente de ser o que é.

Sempre que um NÃO habitual à vida
se transforma num SIM,
toda vez que permitimos que esse momento
SEJA COMO É, dissolvemos tanto o tempo quanto o EGO.

  Para que o ego sobreviva, ele deve tornar o tempo - 
o passado e o futuro - mais importante que o Agora, 
a não ser por um breve instante
 logo após obter o que deseja.

Contudo, nada consegue satisfazê-lo por muito tempo.
Assim que ele se converte na nossa vida,
existem duas maneiras de sermos felizes.
Não alcançando o que desejamos é uma.
Alcançando o que desejamos é outra.


O Agora assume a forma de qualquer coisa ou acontecimento.
Enquanto resistimos a isso internamente, a forma, 
isto é, o mundo é uma barreira impenetrável que nos separa
de quem somos além da forma, que nos afasta da Vida única,
sem forma que nós somos. Quando dizemos um SIM interior para a forma que o Agora adquire, ela própria se torna uma passagem para o que não tem forma. 

Quando reagimos à forma que a Vida assume no momento presente, tratando o Agora como um meio, um obstáculo ou um inimigo, fortalecendo nossa própria identidade formal o ego,
disso resulta a atitude reativa do ego.
Ele se vicia em reagir.

Quanto maior nossa disposição para manifestar uma reação,
mais vinculados nos tornamos à forma.
Quanto maior a identificação com ela, mais forte é o ego.
Nosso Ser então deixa de brilhar através da forma
ou só faz isso vagamente.

Por meio da não-resistência à forma,
aquilo em nós que se encontra além da forma emerge  
como uma presença de total abrangência, 
um poder silencioso muito maior
do que a identidade de curta duração
que temos a forma - a pessoa.
Ele é mais profundamente quem nós somos
do que qualquer outra coisa no mundo da forma.

Quanto mais limitada, quanto mais estreitamente egóica é a visão que temos de nós mesmos, mais nos concentramos nas limitações egóicas na inconsciência - dos outros e reagimos a elas. Os "erros" das pessoas ou o que percebemos como suas falhas se tornam para nós a identidade delas.
Isso significa que vemos apenas o ego
dos outros e, assim, fortalecemos
o ego em nós.
Em vez de olharmos "através" do ego deles,
olhamos "para" o ego.

 
E quem está fazendo isso?
 O ego em nós.

Eckhart Tolle


Mais uma vez se faz necessário que espreitemos a nós mesmos como observadores. Quando procedemos assim somos capazes de identificar o ego agindo em nós. Então podemos nos curar de muitos males que ele proporciona. KyraKally









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