Translate

domingo, 4 de janeiro de 2015

NADA MAIS ME PRENDERÁ

 

Por muitas vidas vi passar o frígido inverno e a verde primavera.

Aprisionado em minha pequena alcova,
eu não via a árvore inteira e todo o céu
para mim, era aquela a Verdade.

Com a ação destruidora do tempo,
minha janela cresceu.
e contemplei então
um ramo com muitas folhas
e uma vasta expansão do céu, com muitas nuvens,
esqueci a folha verde solitária
e aquela nesga de imensidão azul.
 
Jurava que não existia a árvore, nem o céu imenso
para mim, era aquela a Verdade.

Cansado da prisão,
da estreita cela,
revoltei-me contra minha janela,
com os dedos a sangrar.
arranquei tijolo após tijolo,
contemplei então
a árvore inteira, seu tronco majestoso,
seus ramos numerosos, suas miríades de folhas,
e uma imensa parte do céu.
 
Jurava que não existia outra árvore,
nem outra parte do céu
era aquela a Verdade.

Aquela prisão já não me retém,
saí a voar, através da janela,
o' amigo,
agora contemplo todas as árvores
e a vastidão do céu sem limites.
 
E embora eu viva em cada folha
e em cada nesga do vasto céu azul,
embora eu viva em cada prisão,
a espreitar por estreitas frestas,
sou livre.
 
Não! Nada mais me prenderá
Esta é a verdade.
 
J. Krishnamurti
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário