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segunda-feira, 5 de julho de 2021

 O MISTÉRIO DO CORAÇÃO 
E O OBJETIVO DA VIDA

 
Onde está o Eu Superior? Observe-se a ação espontânea e automática de um homem quando deseja dizer “eu”. Ele irá erguer sua mão e apontar o dedo para o próprio peito, para aquela parte onde está o coração. Examine-se a posição do coração em relação ao resto do corpo: ele se localiza a meio do caminho entre o alto da cabeça e o final do tronco; vale dizer, se traçássemos um círculo em torno dos limites externos do tronco, o centro da circunferência seria o coração.

É sabido que a posição mais importante em qualquer estrutura ou organismo é o centro. É o miolo vital em torno do qual as demais partes são construídas. Homem nenhum pode funcionar como ser vivo neste mundo se não tiver um coração.

A primeira batida do coração significa a vida; sua última batida significa a morte. O meio por ele usado para atuar sobre o corpo é o sangue; fisiologicamente constata-se que o coração é o mais exigido dos órgãos do corpo. Ele pulsa mais de cem mil vezes por dia; conduz de sete a oito toneladas de sangue através das artérias, da cabeça até os calcanhares. Esta posição é análoga à de um rei residindo numa capital e se comunicando, comandando e controlando todo o reino por meio de oficiais. O coração é a capital, os oficiais representam o sangue e o reino é o corpo.

O rei representa o eu real e essencial – o Eu Superior! Se o Eu Superior é de fato a consciência pura, o agente vital anterior a toda atividade mental, então o verdadeiro lugar da consciência humana não é o cérebro, mas o coração! Os pensamentos não poderiam nascer e o raciocínio não poderia perdurar sem a existência da luz da consciência para iluminar a ambos.

Há portanto um movimento sutil e secreto sempre em marcha entre o coração e a cabeça, entre o Eu Superior e o intelecto. Sem o Eu Superior para alimentá-los, o ego e o intelecto pereceriam e desapareceriam. No entanto, o ego pessoal acredita erroneamente ser uma criatura autossuficiente, independente e completa. O coração, fonte da vida, foi desdenhado, a cabeça glorificada, a alma esquecida.

O cérebro não é senão o lugar da consciência refletida, uma reflexão proveniente do verdadeiro centro: o coração. A luz intelectual não passa de luz emprestada, como a luz da lua. A consciência do coração é o sol que fornece sua própria luz ao intelecto.

Devemos, porém, estar atentos ao erro comum de que por consciência do coração entende-se a simples emoção. Nada poderia estar mais longe da verdade.

Se o pensamento do eu (pessoal) reside no cérebro, não está ali totalmente isolado. Existe uma linha de comunicação com o coração, linha através da qual o Eu Superior envia sua vida e sua luz para a alimentação do ego. Este último, por si só, não pode fazer nada, pois depende desse auxílio. O ego surgiu do intemporal Eu Superior e segue sendo seu involuntário pensionista.

Por isso existe ainda um caminho de volta, um vínculo com seu local de nascimento. Se o ego puder ser despertado de sua exteriorização e levado a voltar-se para dentro e para trás, ele se deslocará no sentido do Eu Superior. Encontrado este último, bastará ao ego manter-se em comunicação constante com essa fonte sagrada, beber o néctar com os deuses e ser feliz.

O objetivo de todos os exercícios espirituais (meditação, concentração, pranayamas, oração...) é persuadir a mente pessoal a se afastar do universo material e reconstruir lentamente seu caminho de volta ao coração. Esse é o objetivo apresentado ao homem pela vida – e na realidade não existe nenhum outro!

Paul Brunton
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com
 

 

O Coração

Meu caminho tem sido descrito como do coração, mas isso não é verdade. O coração lhe dará todo tipo de imaginações, alucinações, ilusões, doces sonhos – mas ele não pode lhe dar a verdade. A verdade está por trás de ambos; ela está na sua consciência, A qual não é nem cabeça nem coração. Só porque a consciência está separada de ambos, ela pode usar a ambos em harmonia. A cabeça é perigosa em certos campos, pois ela possui olhos mas não possui pernas – ela é aleijada. O coração pode funcionar em certas dimensões. Ele não tem olhos mas tem pernas; ele é cego, mas pode mover-se tremendamente, a grande velocidade – é claro, não sabendo para onde está indo. Não é apenas uma coincidência de que em todas as línguagens do mundo o amor é chamado de cego. Não que o amor seja cego, é o coração que não tem olhos. Quando sua meditação aprofunda-se. Quando sua identificação com a cabeça e com o coração começa a diminuir, você descobre a si mesmo tornando-se um triângulo. E sua realidade está na terceira força em você: a consciência. A consciência pode administrar muito facilmente, pois tanto o coração quanto a cabeça pertencem a ela.
 
Osho
https://www.osho.com 
 
 
O que irá fazer a ponte entre a mente e o coração?

Interrogante: Naturalmente podemos ficar indefinidamente analisando, descrevendo a causa, mas isso cobrirá o espaço entre a mente e o coração? É isso que quero saber. Eu li alguns dos livros de psicologia e nossa antiga literatura, mas isto não me instigou, então agora cheguei a você, embora talvez seja muito tarde para mim. 

Krishnamurti: Você realmente se importa se a mente e o coração andam juntos? Você não está satisfeito com suas capacidades intelectuais? Talvez a questão de como unir a mente e o coração seja apenas acadêmica? Por que você se preocupa em tê-los juntos? Este interesse é ainda do intelecto e não brota – brota? – de um interesse real com o declínio de seu sentimento, que é parte de você? Você dividiu a vida em intelecto e coração e, intelectualmente observa o coração murchando e está verbalmente preocupado com isto. Deixe-o murchar! Viva só com o intelecto. Isso é possível?

Interrogante: Eu tenho sentimentos.

Krishnamurti: Mas não são estes sentimentos de fato sentimentalidade, comodismo emocional? Nós não estamos falando disso, certamente. Estamos dizendo: Fique morto para o amor; não importa. Viva inteiramente em seu intelecto e em suas manipulações verbais, seus argumentos sagazes. E quando você de fato viver aí – o que acontece? O que você está objetando é a destrutividade desse intelecto que você tanto adora. A destrutividade traz múltiplos problemas. Você provavelmente vê o efeito das atividades intelectuais no mundo – as guerras, a competição, a arrogância do poder – e talvez tenha medo do que vai acontecer, medo da desesperança e do desespero do homem. Enquanto houver esta divisão entre os sentimentos e o intelecto, um dominando o outro, um deve destruir o outro; não há ponte entre os dois. Você pode ter ouvido por muitos anos as palestras, e talvez tenha feito grandes esforços para trazer a mente e o coração juntos, mas este esforço é da mente e, portanto, domina o coração. O amor não pertence a nenhum deles, porque não tem nele a qualidade da dominação. Ele não é uma coisa agregada pelo pensamento ou pelo sentimento. Ele não é uma palavra do intelecto ou uma resposta sensual. Você diz, “Eu devo ter amor, e para tê-lo devo cultivar o coração”. Mas este cultivar é da mente e assim você mantém os dois sempre separados; eles não podem ser ligados ou trazidos juntos por nenhum motivo utilitário. O amor está no início, não no final de um empreendimento.

Krishnamurti em, The Only Revolution 
http://legacy.jkrishnamurti.org 

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