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quarta-feira, 28 de julho de 2021

NEM APLAUSO NEM REPROVAÇÃO 

Sutra 08
O vento não estremece uma montanha
Nem elogios nem censura movem o homem sábio


Ser sábio não é ser instruído. Ser sábio é sentir a pulsação da vida dentro de você e, depois, fora. Para perceber essa consciência misteriosa que você é, primeiramente é preciso vivê-la no âmago mais íntimo do próprio ser, porque essa é a porta mais próxima da consciência universal.   

O sábio jamais acumula conhecimento – sua sabedoria é espontânea. O conhecimento sempre pertence ao passado, a sabedoria pertence ao presente. O conhecimento satisfaz o ego; a sabedoria destrói o ego completamente – por isso as pessoas buscam conhecimento.   

É muito raro encontrar um buscador que não esteja interessado em conhecimento, mas que esteja comprometido com a sabedoria. Conhecimento quer dizer teoria sobre a verdade, quer dizer crença e todas as crenças são falsas. Sabedoria quer dizer “a verdade em si”. Crença é uma projeção da mente trapaceira – ela lhe dá a sensação de saber, sem saber.   

Você pode facilmente acreditar em Deus, você pode facilmente acreditar na imortalidade da alma, você pode facilmente acreditar na teoria da reencarnação.. Na verdade, essas coisas ficam simplesmente na superfície: lá na fundo, você não é afetado por elas, de modo algum. Quando a morte bater à sua porta, você saberá que suas crenças desapareceram.   

A crença na imortalidade da alma não o ajudará quando a morte bater à sua porta – você vai lamentar, chorar e se apegar à vida. Quando a morte chega, você se esquece de tudo sobre Deus. Quando a morte bate à porta ela derruba toda a estrutura de conhecimento que você construiu ao seu redor. Ela o deixa absolutamente vazio... – e com a consciência de que toda a vida foi um desperdício.   

Sabedoria é um fenômeno totalmente diferente. Trata-se de uma experiência, não de uma crença. Ela é experiência existencial, não é “sobre”. Você não acredita em Deus – você conhece Deus. Você não acredita na imortalidade da alma, você a saboreou a vida toda. Você vê que somente a superfície muda: o essencial é eterno. Isso é ver, não acreditar. E todos os mestres verdadeiros estão interessados em ajudá-lo a ver, não a torná-lo crente.   

Para acreditar, você se torna um cristão, um hindu, um muçulmano. A crença é a profissão do sacerdote. A sabedoria surge dentro de você, ela não é uma escritura. Você começa a ler sua própria consciência – e lá estão escondidas todas as Bíblias, todos os Gitas, todos os alcorões.

Osho Silence
https://blogdoosho.blogspot.com

 
Para compreender a si mesmo profundamente, a pessoa precisa de equilíbrio

Muito poucas pessoas têm a inclinação ou o desejo de compreender profundamente este processo de dor e sofrimento. Temos mais oportunidades de dissipar nossas energias com absurdas diversões, conversas fúteis e ocupações inúteis, do que pesquisar, penetrar profundamente em nossas próprias demandas psicológicas, necessidades, crenças e ideais. Mas isto envolve vigoroso esforço de nossa parte, e como não queremos nos extenuar, preferimos fugir de todas as maneiras para satisfações fáceis. Se não fugimos através das diversões, fugimos pelas crenças, pelas atividades de organizações com suas lealdades e compromissos. Estas crenças se tornam um escudo, nos impedindo de conhecer a nos mesmos. As sociedades religiosas prometem nos ajudar a compreender a nós mesmos, mas, infelizmente, somos explorados e meramente repetimos suas frases e sucumbimos à autoridade de seus líderes. Assim essas organizações, com suas crescentes restrições e promessas secretas, nos levam a complicações posteriores que nos tornam incapazes de compreender a nós mesmos. Uma vez que nos comprometemos com uma sociedade particular, seus líderes e amigos, começamos a desenvolver lealdades e responsabilidades que nos impedem de ser completamente honestos conosco mesmos. Naturalmente existem outras formas de fuga, através de várias atividades superficiais. Para compreender a si mesma profundamente, a pessoa precisa de equilíbrio. Ou seja, a pessoa não pode abandonar o mundo, esperando compreender a si mesma, ou estar tão enredada no mundo que não há ocasião para compreender a si mesma. Deve haver equilíbrio, nem renúncia nem aceitação. Isto requer vigilância e profunda consciência. Devemos aprender a observar nossas ações, pensamentos, ideais, crenças, silenciosamente e sem julgamento, sem interpretar, de modo a sermos capazes de discernir sua verdadeira significação. Devemos primeiro estar cientes de nossos próprios ideais, buscas, desejos, sem aceitar ou condenar como sendo certos ou errados. Presentemente não podemos discernir o que é verdadeiro e o que é falso, o que é duradouro e o que é transitório, porque a mente está tão mutilada com seus próprios desejos autocriados, ideais e fugas que é incapaz de verdadeira percepção.
 
J.Krishnamurti
http://ww.jkrishnamurti.org

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