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quinta-feira, 1 de julho de 2021

A  HUMILDADE COMO CONDIÇÃO PARA EXPRESSÃO DO AMOR DE DEUS


Em fases mais adiantadas do caminho evolutivo e de ascensão espiritual, o ser tem contato com a verdadeira vida abnegada, através da experiência direta. Esse viver abnegado não é um simples ato de caridade e sim, pouco a pouco, passa a ser a própria expressão da caridade, esquecendo-se totalmente de si em benefício do bem ao próximo. É permitir-se ser suprido por Deus que tudo vê e tudo sabe, entrando a pessoa regida por Leis Espirituais até então desconhecidas para ela, onde o Universo parece se mover para atender as necessidades reais que se apresentam, onde se torna instrumento para suprir essas necessidades.

E assim verdadeiros milagres começam a acontecer, na medida em que a pessoa sai de si mesma e vive Cristo no próximo. Enquanto se abrem as portas para que a Graça atue, maior caudal de energia cósmica pode ingressar na vida dos seres que recebem aquilo que já lhes pertencia, mas que não tinham acesso por não abrirem as portas corretamente.

Para a consumação desse estado, o ser leva consigo a oração e os ensinamentos de mais simples e universais da Palavra de Deus, mas alguns daqueles que começam a despertar a partir de suas palavras e de seu exemplo cumprem com uma tendência humana de transferir o objeto da sua devoção para aquele que pode ver materializado diante de seus olhos. E assim, alguns começam a ver esse ser mais adiantado espiritualmente como homem santo, como homem de milagres e ainda há aqueles que querem tornar-se dependentes dele, para que possam utilizá-lo como uma muleta para não cumprirem como devem seu próprio caminho de ascensão.

Nesse ponto, o ser evoluído deve retomar a lição que aprendeu quando dava ainda os primeiros passos e percorrer sem cessar a senda da humildade. Ora, sem ela não poderia ter chegado até esse ponto, mas o orgulho humano não dá trégua em nenhuma parte do caminho ascensional. Ele se mascara, se oculta e inclusive se sutiliza, mas não desaparece, estando sempre pronto para entrar em cena ao menor sinal de descuido.

Aquele que já atingiu esse estado e não quer mais se deixar enredar na teia do próprio orgulho cumpre o exercício de transformar cada pensamento, sentimento ou ação que tiver efetuado em ação abnegada pelo bem do próximo – ação na qual se “diminui” diante do outro para que o Senhor possa prevalecer sobre ele. Como uma cerimônia para os dias atuais, além de se prostrar diante de Deus, o apóstolo prostra-se simbolicamente diante das criaturas, através de ações abnegadas, sabendo internamente que está se prostrando diante de Deus.

Essas ações seriam consideradas humilhantes para a grande maioria das pessoas, mas para quem ascendeu é seu ato de penitência que nunca o fere em nenhum nível e sempre exerce o bem a outro irmão. Contudo, o único núcleo que sofrerá vez após vez com esses atos de penitência será o seu ego, que por momentos se sentirá tão grande, que somente por meio dessas simbólicas prostrações se redimensionará e fechará todas as portas para a involução, que sempre estará à espreita para torná-lo grande.

Esse ser deve cuidar-se com vigilância absoluta para não ser assaltado na calada da noite por seus próprios aspectos egóicos, porque a Graça que poderia encontrar nele um canal para descender, assim estará impedida de atuar.
 
José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
 

Reflexões sobre a humildade

A humildade é uma virtude de difícil aquisição, por exigir esforço para superar-se os instintos que predominam em a natureza humana, especialmente o da sobrevivência.

Ao materialismo devem-se muitos males, entre os quais aqueles que defluem dos estímulos e aplicações pedagógicas em favor do ego e das suas mazelas. Há uma preocupação ancestral dedicada à formação do caráter que privilegia a força pessoal, o destaque, a independência, o poder. Essa preocupação em torno dos falsos conceitos de que o homem não chora, o forte prevalece, o vitorioso é aquele que soube resguardar-se, distante dos problemas alheios, demonstra que esses são elementos perniciosos e que se opõem à humildade.

Cuida-se de condicionar o educando à presunção, ao orgulho das suas conquistas em detrimento da fragilidade de que todos os seres são formados.

Uma insignificante picada de um instrumento infectado interrompe uma vida esplendorosa e um ser triunfante.

Modesto mosquito transmite vírus terríveis que devoram existências poderosas.

Bastaria ligeira reflexão para a criatura humana dar-se conta da sua fraqueza ante as forças da Vida e os fatores destrutivos que pululam em toda parte.

No sentido inverso, a grandeza cósmica que o deslumbra, pode dar-lhe dimensão da sua pequenez, levando-o a considerações profundas quanto ao significado existencial.

A humildade é virtude essencial para uma jornada feliz na Terra. Mediant e a sua presença, percebe-se quanto se deve trabalhar o íntimo para aformosear-se as aspirações e avançar-se na solidariedade como fundamental comportamento para o equilíbrio.

Analisando-se as conquistas conseguidas pela ciência e tecnologia, ao invés da presunção ingênua, perceber o infinito de possibilidades a conhecer e de enigmas a solucionar.

O deslumbramento inicial pode levar o rei da criação, dito ser a criatura humana, a esse estado de orgulho infantil que o ilude a respeito dos poderes que lhe estão ao alcance das mãos para a glória e o prazer, sempre relativos, da sua breve caminhada entre o berço e o túmulo.

A vã ilusão de potência e domínio na mocidade e idade adulta dilui-se quando as energias diminuem na velhice e nos períodos de enfermidade, confirmando-lhe a fragilidade acima de toda e qualquer robustez.

A maioria dos Hércules e Vênus do culto ao corpo, passado o período específico dos esportes e dos exercícios exaustivos, da alimentação sob rígido controle, tomba nos graves problemas cardiológicos e outros que o excesso de técnicas e de substâncias que contribuem para a beleza exterior, que agora se transforma em degenerescência e debilidade.

A experiência terrestre tem como essencial a finalidade do autodescobrimento, do sentido de existir, do desenvolvimento da inteligência e do Si profundo.

Utilizar-se das ocorrências para aprimorar-se é o programa da Vida para todos.  

Jesus, que é o protótipo da perfeição e da beleza de que se tem notícia, apagou a Sua grandeza na humildade para ensinar a vitória sobre as paixões inferiores.

Deu o exemplo máximo da Sua elevação na última ceia quando, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos discípulos, demonstrando que sendo o Senhor fazia-se servo para todos.

Incompreendido por Pedro, que se Lhe recusara, explicou-Lhe que se o não fizesse nada teria com Ele, e o apóstolo emocionado entregou-se- Lhe em totalidade.

A grandeza do Seu gesto demonstra a força moral, o Seu poder de servir, deixando a lição perene como advertência e orientação.

Cuida de penetrar-te até às nascentes do coração, para que a mosca azul da vaidade não pouse na tua insignificância.

Busca a simplicidade e a compreensão existenciais, tendo em vista que tudo mais é transitório e tem somente o valor que lhe atribuis.

Faze-te acessível e atento para aprender com os pobres de espírito a forma de enriquecer-te de humildade e de paz.

Nunca disputes projeção e destaque, recordando o ensinamento de Jesus, quando informou que os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros.

Afeiçoa-te ao anonimato, não deixando sinais do bem que faças, a fim de que não sejas exaltado, qual ocorre com muitos fúteis e irresponsáveis, que são louvados e bajulados sem mérito real.

Mas não penses que humildade é menosprezo, desconsideração por si mesmo, subalternidade, escondendo conflitos de inferioridade.

A verdadeira humildade permite o autoconhecimento em torno dos valores que são legítimos no ser, sem os exaltar nem se engrandecer, compreendendo o quanto ainda necessitas para atingir o ideal, tendo o prazer de sacrificar-se pelo conseguir.

Muitos Espíritos reencarnaram-se com nobres missões e falharam, porque se ensoberbeceram e se permitiram as glórias terrenas que os frustraram, abandonando-os na etapa final da vida.

Recorda-te daqueles outros que se apagaram na humildade, adotando o sacrifício e a abnegação, edificando o bem em vidas incontáveis.

Bem-aventurados os humildes de coração e ricos de amor, porque eles fruirão a plenitude. 

Joanna de Ângelis , Psicografia de Divaldo Pereira Franco
https://www.centronocaminhodaluz.com.br
 

 

Para aprender sobre si mesmo é necessária uma imensa humildade. Se você começa dizendo, “Eu conheço a mim mesmo”, você já parou de aprender sobre si mesmo. Ou se você disser: “Não há muito que aprender sobre mim mesmo porque eu sei o que eu sou – sou um fardo de memórias, ideias, experiências, tradição, uma entidade condicionada com inumeráveis reações contraditórias” – você parou de aprender sobre si mesmo. Aprender sobre si mesmo requer uma humildade considerável, nunca assumindo que você sabe alguma coisa: isto é, aprender sobre si mesmo desde o início e não acumulando nunca. No momento em que você acumula conhecimento sobre si mesmo através de sua própria descoberta, isso se torna a plataforma a partir da qual você começa a analisar, a aprender e, portanto aquilo que você aprende é meramente mais um acréscimo àquilo que você já sabe. A humildade é um estado mental que jamais adquire, jamais diz: Eu sei.

J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org 

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