Translate

segunda-feira, 26 de julho de 2021

O MAIOR DOS MEDICAMENTOS


Amar e Sofrer parecem coisas tão próximas que até o significado da palavra Paixão tem seu entendimento perdido entre as duas. Neste texto o Professor Hermógenes nos traz o conceito de viveka (discernimento) em mais um aprofundamento, e utilização prática, que o universo do yoga pode proporcionar em nossas vidas.

O INIMIGO MAIOR do amor não é o ódio. O que mais o polui, inviabiliza, neutraliza e frustra é tudo aquilo que apenas parece amor. Por quê? Porque obscurece, ilude e cega a visão; e a pessoa se engana pensando que ama e, em verdade, somente deseja, se apega, se distrai com a curtição sensual, se contorce em tormentosas crises de ciúmes, se debate aflita no visgo da paixão.

Desejo de conquistar o outro, apego a ele se já o possui, interesse no que o outro tem ou representa ser, tensão erótica nutrida pelas formas sedutoras do outro… tudo isto parece tanto com amor que a pessoa, carente de viveka (discernimento), mergulha no torvelinho emocional, do qual dificilmente consegue escapar. Cuidado com aquilo que tão-somente imita o amor e se faz passar por amor.

Uma jovem, companheira nossa de peregrinação no Sivananda Ashram, pergunto ao Swami Krishnananda: “Por que todas as vezes que eu amo acabo colhendo sofrimento?” A resposta do yogui foi pronta e certeira: “Se há sofrimento, não há amor.”

O sofrimento é uma inevitável consequência de tudo que simplesmente se assemelha ao amor; não consequência do verdadeiro Amor.

O que se tem denominado amor não passa de amor-próprio, a experiência evidencia: é fonte de dramas dolorosos. O Amor, ao contrário, é a própria felicidade. É meta sublime a ser alcançada. Como? Mediante a redução gradativa do ego, ou seja, pela humildação, que minimiza a febre do amor-próprio.
 
Hermógenes, O Essencia da Vida
http://yogahermogenes.blogspot.com  
 
 
O amor verdadeiro está no presente. Lembre-se sempre: tudo o que é real tem que fazer parte da consciência, tem que fazer parte do presente, tem que fazer parte da meditação. Então não há problema! E não se trata de atração e não se trata de medo. O amor verdadeiro compartilha; não é explorar o outro, não é possuir o outro. Quando você quer possuir o outro, surge o problema: o outro pode possuir você e se o outro for mais poderoso, mais magnético, naturalmente você será um escravo. Se você quer se tornar o mestre do outro, então surge o medo de que 'eu posso ser reduzido a um escravo'. Se você não quiser possuir o outro, então nunca surge o medo de que o outro possa possuí-lo. O amor nunca possui.

O amor nunca possui e o amor nunca pode ser possuído. O amor verdadeiro leva você à liberdade. A liberdade é o pico mais alto, o valor supremo. E o amor está mais próximo da liberdade; o próximo passo depois do amor é a liberdade. O amor não é contra a liberdade; o amor é um trampolim para a liberdade. Isso é o que a consciência deixará claro para você: que o amor deve ser usado como um trampolim para a liberdade. Se você ama, liberte o outro. E quando você torna o outro livre, você é libertado pelo outro.

O amor é uma partilha, não uma exploração. E, na verdade, o amor também nunca pensa em termos de feiura e beleza. Você ficará surpreso: o amor nunca pensa em termos de feiura e beleza. O amor apenas age, reflete, medita - nunca pensa absolutamente.

Osho
https://www.osho.com
 

Neste mundo árido e despedaçado, não existe amor porque o prazer e o desejo desempenham os papeis preponderantes, no entanto, sem amor a vida diária não tem sentido. E você não pode ter amor se não houver beleza. A beleza não é algo que você veja – não é uma árvore bonita, um quadro bonito, um belo edifício ou uma bela mulher. Só há beleza quando seu coração e sua mente sabem o que é amor. Sem amor e sem esse senso de beleza, não há virtude, e você sabe muito bem que, faça o que fizer – melhore a sociedade, alimente os pobres – você só estará criando mais maldade, pois, sem amor, só há feiura e pobreza em seu coração e em sua mente. Mas, havendo amor e beleza, faça o que fizer, será certo, será apropriado. Se você sabe amar, então pode fazer o que quiser, pois isso resolverá todos os outros problemas.

Na realidade, você não tem amor. Você tem prazer, tem sensação, tem apegos sexuais, tais como a família, a esposa, o marido, o apego a uma nação. Mas prazer não é amor. E o amor não é algo divino ou profano: não há divisão. O amor significa algo a cuidar: cuidar de uma árvore, do seu vizinho, do seu filho – providenciar educação correta para o seu filho, e não só colocá-lo numa escola e sumir, a educação correta, e não apenas educação tecnológica, e providenciar para que as crianças tenham os professores certos, o alimento certo, que elas entendam a vida, entendam o sexo. Restringir-se a ensinar geografia, matemática ou alguma coisa técnica que lhes dê um emprego – isso não é amor. E, sem amor, você não pode ser ético – você pode ser respeitável, isto é, você pode se conformar à sociedade: você não rouba, não vai atrás da mulher do próximo, não faz isso nem aquilo. Mas isso não é moralidade, isso não é virtude; é somente a conformidade da respeitabilidade. Respeitabilidade é a coisa mais terrível e repugnante do mundo, porque ela abrange tantas coisas feias. Por outro lado, quando existe amor, existe moralidade: faça você o que fizer, será ético se houver amor.

Somos todos tão loucos em relação ao desejo, queremos realizar-nos por meio do desejo. Mas não vemos a devastação que ele cria no mundo – o desejo de segurança pessoal, de realização pessoal, sucesso, poder, prestígio. Não sentimos que somos totalmente responsáveis por tudo o que fazemos. Se alguém compreende o desejo, sua natureza, então qual o lugar dele? Ele tem algum lugar onde existe amor?
 
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org
 
 
Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
 
Khalil Gibran
https://www.pensador.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário