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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PERGUNTAS A KRISHNAMURTI

 
 
Pergunta: Como pode uma mente condicionada compreender o que é verdadeiro?
 
Krishnamurti: Não pode. Consideremos isso com toda a simplicidade. Suponhamos que eu seja nacionalista, apegado à minha pátria, a meu soberano, enredado em minha insignificante identificação com determinada raça. Como pode tal mente compreender um estado que transcende tudo isso? Não pode. Por conseguinte, a mente tem de compreender seu próprio nacionalismo e quebra-lo, destruí-lo, repudiá-lo de todo; e isso, em geral, nos é dificílimo. O nacionalismo é apenas uma expansão de nosso pequenino “ego”. Identificai-vos com vosso país, porque sois pequeno e o país é grande. A “entidade tribal” gosta de identificar-se com algo maior do que ela — e isto é o que todos estamos fazendo. Podeis não identificar-vos com vosso país, mas desejais devotar-vos a algum alvo ou ação de suprema significação; desejais estar identificado com uma ideia ou com Deus. Quer vos devoteis à pátria, à família, quer vos torneis monge e vos devoteis a Deus, trata-se exatamente da mesma coisa: puro condicionamento. E o quebrar desse condicionamento requer, como vimos, um percebimento “sem escolha”, vigilância de todo o movimento do pensamento; trata-se simplesmente de enfrentar o condicionamento, de observá-lo.
 
 
 
Pergunta: O que é a verdadeira, a eterna felicidade?
 
Krishnamurti: (...) veja como a mente prega peças a si mesma. Porque se sente infeliz, angustiado, em circunstâncias precárias, etc., você quer alguma coisa eterna, uma felicidade permanente. Existirá isso? Em vez de pedir felicidade permanente, descubra como se livrar do desejo que o está roendo e criado dor, tanto física como psicológica. Quando é livre, não há problema, você não pergunta se há felicidade eterna ou o que é a felicidade. É o homem preguiçoso, tolo que, estando na prisão, quer saber o que é a liberdade; e pessoas preguiçosas e tolas lhe dirão. Para o homem prisioneiro, a liberdade é mera especulação. Mas se sair da prisão, ele não especulará acerca da liberdade: ela existirá.

Por isso, não é importante, em lugar de perguntar o que é a felicidade, descobrir por que somos infelizes? Por que a mente está paralisada? Por que nossos pensamentos são limitados, mesquinhos, acanhados? Se pudermos entender a limitação do pensamento, ver a verdade disso, nessa descoberta da verdade haverá libertação.

 
 
 
Pergunta: O que é a verdadeira liberdade e como conquistá-la?
 
Krishnamurti: A verdadeira liberdade não é coisa que se adquira; é o resultado da inteligência. Você não pode sair e comprar liberdade no mercado. Não pode obtê-la lendo um livro ou ouvindo alguém falar. A liberdade vem com a inteligência.
 
Mas, o que vem a ser inteligência? Poderá haver inteligência quando há medo, ou quando a mente está condicionada? Quando a sua mente está cheia de preconceitos, ou quando você imagina que é um ser humano maravilhoso, ou quando é muito ambicioso e deseja subir a escada do sucesso, material ou espiritualmente, pode acaso haver inteligência? Quando você está preocupado consigo mesmo, quando segue ou venera alguém, pode acaso haver inteligência? De fato, a inteligência aparece quando você compreende toda essa estupidez e rompe com ela. Portanto, você precisa começar a fazer isso; e a primeira coisa a fazer é tomar consciência de que sua mente não é livre. Você precisa observar como sua mente está presa por todas essas coisas, e, então, haverá um princípio de inteligência, a qual acarreta liberdade. Você tem que encontrar a resposta por si mesmo. Qual é a vantagem de alguma outra pessoa ser livre quando você não é, ou de outra pessoa ter alimento quando você padece fome?

Para ser criativo, o que implica realmente ter iniciativa própria, é preciso haver liberdade; e para haver liberdade é preciso haver inteligência. Portanto, você precisa inquirir e descobrir o que está travando a sua inteligência. Precisa investigar a vida, tem de questionar todos os valores sociais, tudo, e não aceitar coisa alguma porque está com medo.


 

"A vida inteira, a partir do momento em que nascemos, é um processo de aprendizado". (Krishnamurti)




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