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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

SEJA OUSADO COM A VIDA


"Nenhuma descoberta foi feita jamais 
sem um palpite ousado".
(Isaac Newton)


O controle é uma obsessão da consciência quando se identifica. A identificação com o corpo faz a consciência sentir-se vulnerável. Ela sabe que o corpo não é permanente, que ele pode se ferir e está sujeito à dor, à doença e ao envelhecimento; portanto, ao se identificar com o corpo, a consciência também sente que ela pode se ferir ou morrer. 

Além do mais, quando a consciência se identifica com a mente, parece ocorrer uma transferência de responsabilidade. Tudo aquilo de que naturalmente a consciência toma conta, por exemplo, o bem-estar do corpo, conforto, ações e situações, agora parece ser obrigação exclusiva da mente limitada. É assim que a consciência acaba vivenciando culpa, vergonha, remorso e ansiedade. Ela se preocupa em não se equivocar, teme fazer uma escolha ruim ou perder algo que apazigue essa constante e subjacente ansiedade em torno de sua vulnerabilidade, ou cria fantasias sobre algo que a aliviará. A percepção da vida da mente gira ao redor da batalha contra esses fatores corporais e, enquanto a consciência estiver identificada, ela também parecerá imersa nessa luta.

Você, a consciência, precisa desse corpo para continuar a provar e experimentar, mas não é necessário se identificar com ele. Sem identificação, o corpo continuará aí e essa obsessão pelo controle sumirá. O corpo é totalmente inocente em tudo isso. Por decreto divino, ele está fazendo o seu trabalho. O corpo não sabe que é você. Algo de lá dentro está constantemente sustentando o corpo como “eu” dando um nome a ele.

A mente precisa ter algo para ameaçar você e mantê-lo refém. Deve haver algo que você queira ou não queira para que a mente consiga que você ouça seus falsos alertas, como: “Se eu não fizer isso, algo desagradável vai acontecer”. Na maioria das vezes trata-se do medo da mudança, porque a mente imagina que o que não conhece ou não projetou será negativo. Haverá um tipo de perda ou uma renúncia ou um retrocesso. E isso poderá levar à aniquilação, coisa que a mente passa todo o tempo tentando evitar.

Seja ousado com a vida, diga: “Está certo, me transforme em um mendigo de rua se é o que deseja, mas serei um mendigo livre”. E então você verá de onde vem o temor. Você consegue fazer isso? Outros já o fizeram e descobriram que, ao serem encarados, seus temores não passam de fantasmas que evaporam na luz de sua coragem e disposição em ver verdadeiramente.

O medo sempre é maior que a realidade. O medo aparece por causa da falta de confiança. Você acha que pode tomar conta de si melhor do que Deus pode. Teme que o que Deus tenha planejado para você não seja exatamente o que você quer. Provavelmente isso é verdade, porque os sonhos que abrigamos se limitam ao que sabemos da vida e de nós próprios, o que é infinitesimal se comparado à vastidão do que É. Quando nos desprendemos daquilo que achamos que nos fará felizes, deixamos a graça divina respirar, e coisas formidáveis e belas, sequer imaginadas, têm espaço para acontecer.

Ainda assim, essa aparente necessidade de controlar, o medo de perder o controle e o suposto transcender o medo também são a consciência agindo, porque não há indivíduo fora dessa consciência para decidir ou agir contrariamente ao desejo permissivo da consciência. Tudo é consciência. Os seres humanos e sua atividade são um efeito e não a causa da consciência. Pondere sobre isso. Podem os personagens no primeiro capítulo de um livro determinar como deverá ser o segundo capítulo? Eles podem obrigar o autor a mudar situações e personagens que não são de seu agrado ou impedir que o próximo capítulo aconteça?

Para alguns, enxergar através da ilusão de controle é uma ideia profundamente repressiva, enquanto, para outros, ela é totalmente libertadora. A consciência não está torcendo seu braço. Você está convidado a ver.
 
Mooji   

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