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sábado, 10 de setembro de 2016

NADA EXISTE DE NOVO
 SOB OS CÉUS

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Tem-me sido dito por muitas pessoas aqui, na Europa, como também na Índia e na América, que o que eu digo não é novo. Nada existe de novo sob os céus. Porém, para todo o homem que descobre, que atinge, tudo é novo. Se, pois, nada encontrais de novo no que eu digo, a culpa não é minha, é culpa daqueles (se realmente for uma culpa) que nada têm de novo em si mesmos. Assim como cada dia se torna renovado e penetrante, assim como cada primavera é nova, assim também, se quiserdes encontrar algo novo, original, claro, diferente, precisais vós mesmos ser diferentes. Para algo novo descobrirdes, deve existir em vosso coração o desejo de romper com o que é antigo.

Pergunta: Constantemente nos dizem que o que dizeis acerca da inutilidade das cerimônias, igrejas (inclusive a Igreja Católica Liberal), religiões, não se aplica ao momento presente, porém destina-se à Sexta sub-raça. Que dizeis acerca deste fato?

Krishnamurti: Quando tendes fome, adiais a hora de vossa refeição? Quando vos afogais, prestareis ouvidos a um home que vos diga: “Amanhã eu vos salvarei?” Quando estais em tristeza, postergais o obter alívio, nessa hora sufocante, por meio do esquecimento? Que fazeis em tais casos? Quando tendes fome, saís em busca de alimento. Se vos estais afogando, lutais para obter ar fresco e se vos achais em tristeza quereis que ela vos seja removida imediatamente. Expliquei outro dia o que entendo pelo momento eterno e, do meu ponto de vista, este momento eterno deveria ser a preocupação de todos e não somente de uns poucos. Esta realização não é para o futuro, precisais obtê-la agora. Que valor terá ela no futuro? Quem dela se beneficiará? Nem vós mesmos nem vosso próximo.

Não quereis todos vós ser livres? Livres da tristeza, do constante aguilhoar da desgraça, AGORA? De que vale olhar para o futuro? Tendes que solver vossos problemas agora, tendes que viver agora, tendes que lutar agora em vossa vida diária. Tendes que alterar as circunstâncias que vos rodeiam agora. Tendes que limpar a floresta e abrir caminho agora,  não no futuro. O futuro será sempre futuro se não fizerdes as alterações agora. O futuro será sempre um mistério se não dominardes o presente. Vossa dificuldade é a de não saberdes que sois prisioneiros. Quando estais em tristeza — tristeza real —, não vos servis dessa tristeza para derrubar as paredes que criam outras tristezas? É o AGORA que importa: o modo pelo qual viveis, o modo pelo qual vos comportais, o modo pelo qual amais as outras pessoas, o modo pelo qual pensais a seu respeito. Que importa o que vireis a ser no futuro? Se não crescerdes ao máximo, agora, pelo vosso esforço sustido, o futuro iludir-vos-á sempre. Se não crescerdes agora para essa incorruptibilidade, construireis muros maiores, maiores barreiras, entre vós e o vosso atingir, e por meio delas criareis maiores limitações e maior tristeza.

Pensais que sois fracos, que dentro de vós não existe a força para vos suster em vossa integridade, imaginais que vos não podeis manter de pé por vós mesmos. Eu digo que podeis, se realmente o quiserdes, se tiverdes o formidável desejo de buscar a verdade, de procura-la, de raciocinar e lutar em prol dela e, por esse modo, estabelece-la dentro de vós — e precisais fazer isso AGORA, não no futuro. No futuro a treva e o mistério da morte vos esperam; assim, enquanto viveis, deveis vos preocupar com a vida, e alterar o curso dessa vida, despedaçando todas as barreiras, limitações, trivialidades, que existem entre vós e o vosso maior entendimento. Porque esperais pelo futuro e qual o valor de por ele esperardes? Porque modo o futuro vos há de proporcionar sua consecução, se não edificardes com grandeza, com vastidão, perigosamente, no momento presente? Vós matais o futuro por meio do presente . Esse futuro será sempre torcido, pervertido, se não viverdes no momento presente. Não posso conceber porque vos é tão difícil compreender o que vos estou dizendo. Que há nisso de tão complicado? Digo que ninguém, do exterior, vos pode proporcionar incorruptibilidade da mente e do coração e somente nessa incorruptibilidade reside a perfeição da vida, a beleza, a formosura, da qual cada um é parte. É tão simples, isto, que quereis complica-lo por meio de filosofias, sistemas, credos, religiões, igrejas, ritos. Como podereis viver com grandeza, com vastidão, com deleite, com beleza no futuro, se não lançardes o alicerce agora, se agora não viverdes nessa eternidade, com a vossa maior capacidade, com todo o vosso entusiasmo e ardor?

Se tendes fome, ides à procura de trabalho que vos proporcione dinheiro para comprar alimento. Não postergais a hora de comer, sais e lutais para satisfazer vossos anseios. Pelo fato de não possuirdes a ânsia real e ardente de encontrar a Verdade imediatamente, AGORA, é que existem todas essas complicações. O possuir essa incorruptibilidade do eu no momento presente, AGORA, é da maior e máxima importância. É somente AGORA que a podereis encontrar, e não no futuro. Ide a alguns dos bairros pobres de Londres ou de qualquer outra grande cidade e perguntai ao povo ali se quer ser provido de alimento, conforto, luz, no futuro.

Vós todos vos encontrais muito confortáveis em vossas mentes e corações, bem como fisicamente também. Estais satisfeitos e estagnados e, no entanto, quereis a verdade, que não provem da satisfação e da estagnação.       


 
Krishnamurti
 
 

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