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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A VOZ DO SILÊNCIO - Parte 3
 
Meus amigos, no meio deste grande e solene silêncio, deste silêncio dinâmico da presença de Deus, em que nos achamos, vamos submergir profundamente, neste misterioso mundo da verdade; até que ele nos penetre totalmente e transforme todas as nossas atividades pelo poder da verdade libertadora.

''Conhecereis a verdade'', disse o grande Mestre da humanidade, e ''a verdade vos libertará.''

Neste momento solene e sagrado, desça sobre mim e sobre cada um de nós, Senhor, a tua grande paz e permaneça conosco eternamente. E, se algum de nós ou dos nossos aqui presentes ou ausentes, ainda estiver sem paz, perturbado nas energias da sua alma, da sua mente ou do seu corpo, invocamos a luz branca do Cristo eterno e universal; para que rearmonize todas as nossas desarmonias espirituais, mentais e corporais. E dê a cada um de nós perfeita santidade, sapiência e sanidade, para que através de cada um de nós seja proclamado o reino de Deus sobre a face da terra.

PARA MEDITAR

 
Assim seja Vamos dizer umas poucas palavras sobre um assunto de imensa importância em nossos dias: a meditação. Meus amigos! A palavra não é exata, mas ela é a mais usada e a mais conhecida. Devia ser antes contemplação. Quando o homem entra em meditação, ou melhor, em contemplação, ultrapassa ele a zona da sua consciência habitual, do seu ego consciente, e entra na zona ignota do seu eu supraconsciente, pleniconsciente. 
 
Para além de toda concentração mental e para além mesmo da meditação espiritual começa este mundo misterioso da contemplação intuitiva que os orientais chamam samadi e que nós costumamos chamar êxtase. Esta palavra êxtase ? palavra grega composta de ek- stasis, quer dizer literalmente, posição fora de si, isto é, uma atitude fora do ego habitual consciente. Uma invasão do mundo espiritual supraconsciente. 
 
Quando o homem medita deve, ao menos no princípio, impor silêncio, tanto às sensações do corpo, como aos pensamentos do intelecto. Meditação não é leitura espiritual, não é estudo, não é análise de textos sacros. Meditar é focalizar a consciência espiritual em Deus. Colocar a alma bem dentro da luz divina e deixá-la imóvel, no meio dessa irradiação, como uma planta colocada em plena luz solar, com as mãozinhas das verdes folhas erguidas ao céu, em silenciosa prece ao astro benéfico que tudo opera na planta: vida, beleza, alegria, contanto que esta seja devidamente receptiva e heliantrópica. 
 
De fato, a alma do orante é antes objeto que sujeito, pois não é ela propriamente que faz aquilo que está acontecendo. É Deus que o faz nela, por ela, para ela. Basta que a alma do orante seja receptiva para as maravilhas divinas que nela são produzidas, durante essa intensa e silenciosa diatermia celeste, essa gloriosa passividade dinâmica.

LUGAR E TEMPO

É necessário que o homem escolha, para meditação, ou contemplação, tempo e lugar apropriados. Seria erro funesto, por exemplo, querer dedicar a essa ocupação importantíssima a pior meia-hora das 24 horas do dia; talvez o período depois dos trabalhos profissionais, quando corpo, a mente e a alma estão derreados de fadiga e suspiram por um pouco de repouso. 
 
É necessário reservar para comunhão com Deus a melhor meia-hora ou mesmo uma hora do dia, quando todas as faculdades do homem estejam em perfeita calma e equilíbrio; porquanto a meditação bem feita não é algum doce e indolente devaneio, semi-sonâmbulo, mas é, pelo menos no princípio, um trabalho pesado, que reclama todas as energias do nosso ser. 
 
Nem convém meditar num lugar onde se possa ser facilmente perturbado. Quem não encontrar em casa um cantinho sossegado e não-devassável, fará bem em procurá-lo fora de casa, em plena natureza, ou então na doce penumbra de alguma igreja aberta, onde à sombra duma coluna, encontrará facilmente o ambiente desejado e seguro contra incursões indébitas. Há nas 24 horas do dia, dois períodos especialmente favoráveis à meditação: um de manhã e outro à noite. A treva ou a semiluz são, geralmente propícias à meditação. Luz ligeiramente azulada ou esverdeada é preferível a outras tonalidades.

ATITUDE CORPÓREA
 

Devido à íntima correlação que vigora entre corpo e alma, é de suma conveniência que, enquanto a alma se entrega à meditação, o corpo mantenha uma atitude compatível com essa atividade espiritual. A melhor posição do corpo, durante a meditação, é a de sentado naturalmente, se possível em cadeira de assento duro e encosto vertical. A espinha dorsal assume atitude ereta, normal; as pernas, não cruzadas, ficam em posição espontânea, formando ângulo reto na junção com o corpo e nos joelhos; as mãos, de palmas para cima, pousam naturalmente no regaço ou sobre as coxas, junto ao corpo; os olhos conservam-se ligeiramente fechados - tudo isto, que aos inexperientes talvez pareça arbitrário ou artificial, é perfeitamente natural e espontâneo para quem, de fato, se acha imerso em profunda comunhão com Deus.  
 
 

Transcrição do LP gravado em 1965

 por HUBERTO ROHDEN

Extraído do Blog  Metamorficus

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