A VOZ DO SILÊNCIO - Parte 1
Vamos sair agora das 3 dimensões dos ruídos tradicionais e entrar na zero dimensão do grande silêncio.
Do silêncio dinâmico da plenitude.
A voz do silêncio nos fala: o ruído é dos homens, o silêncio é de Deus.
Quanto
mais silencioso o homem se torna, mais se aproxima de Deus; e o
silêncio absoluto que parece ser ausência e vacuidade é presença, é
plenitude. É a fonte das grandes revelações, das inefáveis inspirações. É
nas profundezas do silêncio dinâmico que o homem descobre a verdade. A
verdade libertadora sobre si mesmo, sobre Deus, sobre o universo.
Universo
- um em diversos, uma só causa real e muitos efeitos realizados. E
quando o homem atinge esse uno e esse único do centro, começa ele a
compreender os diversos e os múltiplos de todas as periferias. É no
abismo do silêncio creador que o homem descobre o segredo da harmonia
consigo mesmo, da harmonia com os seus semelhantes e da harmonia com a
própria Divindade.
Descobre o Deus, do
mundo no mundo de Deus. Unidade sem diversidade é monotonia, diversidade
sem unidade é caos. Mas unidade na diversidade é harmonia, é o
uni-verso, a harmonia cósmica.
Meus
amigos, neste momento solene e sagrado, vamos submergir no oceano do
grande silêncio, não do inconsciente, mas, do pleniconsciente.
Depois
de fecharmos as portas a todos os ruídos do ego físico, mental e
emocional, a todos os sentimentos, pensamentos e desejos, abramos de par
em par, as portas da consciência espiritual, entremos agora no terceiro
céu, no vasto nirvana da realidade suprema. Eclipsou-se o mundo
objetivo das aparências efêmeras, despertou o mundo subjetivo da verdade
eterna. Para além de tempo e espaço, entra o homem no eterno e no
infinito.
E ali percebe ele, ditos
indizíveis, algo que lábios humanos não podem dizer, que nem o
pensamento pode analisar, os ditos indizíveis da verdade libertadora.
E a alma começa o seu misterioso solilóquio com o infinito, o eterno.
E o solilóquio se transforma aos poucos em colóquio.
O
monologo passa a ser diálogo, porque a alma sente a presença de alguém,
a onipresença da Divindade, a imanência do infinito em todos os
finitos, o espírito do Deus do mundo que habita em todos os mundos de
Deus.
O vasto deserto do silêncio se
transforma num oásis transbordante de vida, beleza e beatitude. E a alma
habita feliz neste Éden, e sabe por intuição imediata o que pensamento
algum lhe poderia revelar através dos meandros das análises
intelectuais.
O homem sabe finalmente por intuição imediata e direta o que é Deus, sabe o que é ele mesmo, sabe o que é o universo.
E
este saber esperiencial é beatitude, é vida eterna, é imortalidade. E
quando o homem regressa desse longínquo nirvana da verdade para o
propínquo sansara das aparências de cada dia, leva ele consigo um
reflexo dessa luz, um eco dessa voz, uma vibração dessa força que ele
viveu nas profundezas do terceiro céu.
E
em contato o infinito, com o eterno, volta ele, a tomar contato com
todos os finitos e temporários; e a sua vida diária se transforma aos
poucos pela leveza e luminosidade desses mundos que ele contemplou, no
grande além de fora que é também o seu grande além de dentro.
E
ele diz a si mesmo: "Eu e o Pai somos um. O Pai está em mim e eu estou
no Pai. O infinito vive em mim e eu vivo no infinito. No meu intimo ser
eu sou o que Deus é, por isso no meu externo agir, quero também agir
assim como Deus age."
Finalmente ele descobriu o que quer dizer "o reino dos céus está dentro de vós."
E a experiência dessa paternidade única de Deus se manifesta na vivência da fraternidade universal dos homens.
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