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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A VOZ DO SILÊNCIO - Parte 1
 
Vamos sair agora das 3 dimensões dos ruídos tradicionais e  entrar na zero dimensão do grande silêncio.

Do silêncio dinâmico da plenitude.

A voz do silêncio nos fala: o ruído é dos homens, o silêncio é de Deus.

Quanto mais silencioso o homem se torna, mais se aproxima de Deus; e o silêncio absoluto que parece ser ausência e vacuidade é presença, é plenitude. É a fonte das grandes revelações, das inefáveis inspirações. É nas profundezas do silêncio dinâmico que o homem descobre a verdade. A verdade libertadora sobre si mesmo, sobre Deus, sobre o universo.

Universo - um em diversos, uma só causa real e muitos efeitos realizados. E quando o homem atinge esse uno e esse único do centro, começa ele a compreender os diversos e os múltiplos de todas as periferias. É no abismo do silêncio creador que o homem descobre o segredo da harmonia consigo mesmo, da harmonia com os seus semelhantes e da harmonia com a própria Divindade.

Descobre o Deus, do mundo no mundo de Deus. Unidade sem diversidade é monotonia, diversidade sem unidade é caos. Mas unidade na diversidade é harmonia, é o uni-verso, a harmonia cósmica.

Meus amigos, neste momento solene e sagrado, vamos submergir no oceano do grande silêncio, não do inconsciente, mas, do pleniconsciente.

Depois de fecharmos as portas a todos os ruídos do ego físico, mental e emocional, a todos os sentimentos, pensamentos e desejos, abramos de par em par, as portas da consciência espiritual, entremos agora no terceiro céu, no vasto nirvana da realidade suprema. Eclipsou-se o mundo objetivo das aparências efêmeras, despertou o mundo subjetivo da verdade eterna. Para além de tempo e espaço, entra o homem no eterno e no infinito.

E ali percebe ele, ditos indizíveis, algo que lábios humanos não podem dizer, que nem o pensamento pode analisar, os ditos indizíveis da verdade libertadora.

E a alma começa o seu misterioso solilóquio com o infinito, o eterno.

E o solilóquio se transforma aos poucos em colóquio.

O monologo passa a ser diálogo, porque a alma sente a presença de alguém, a onipresença da Divindade, a imanência do infinito em todos os finitos, o espírito do Deus do mundo que habita em todos os mundos de Deus.

O vasto deserto do silêncio se transforma num oásis transbordante de vida, beleza e beatitude. E a alma habita feliz neste Éden, e sabe por intuição imediata o que pensamento algum lhe poderia revelar através dos meandros das análises intelectuais.

O homem sabe finalmente por intuição imediata e direta o que é Deus, sabe o que é ele mesmo, sabe o que é o universo.

E este saber esperiencial é beatitude, é vida eterna, é imortalidade. E quando o homem regressa desse longínquo nirvana da verdade para o propínquo sansara das aparências de cada dia, leva ele consigo um reflexo dessa luz, um eco dessa voz, uma vibração dessa força que ele viveu nas profundezas do terceiro céu.

E em contato o infinito, com o eterno, volta ele, a tomar contato com todos os finitos e temporários; e a sua vida diária se transforma aos poucos pela leveza e luminosidade desses mundos que ele contemplou, no grande além de fora que é também o seu grande além de dentro.

E ele diz a si mesmo: "Eu e o Pai somos um. O Pai está em mim e eu estou no Pai. O infinito vive em mim e eu vivo no infinito. No meu intimo ser eu sou o que Deus é, por isso no meu externo agir, quero também agir assim como Deus age."

Finalmente ele descobriu o que quer dizer "o reino dos céus está dentro de vós."

E a experiência dessa paternidade única de Deus se manifesta na vivência da fraternidade universal dos homens.
 
 
 

Huberto Rohden

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