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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A ESPIRITUALIDADE 
DE RICHARD BACH
  
Temos muitos níveis dentro de nós. Esta história (Fernão Capelo Gaivota) foi me dada por um desses níveis. Cada um tem uma história para contar. Eu estava procurando quem eu era e a história apareceu para mim como um filme diante de meus olhos. Eu vi o filme brilhante e escrevi tão rápido quanto pude, mas num determinado momento o filme parou e uma parede estava em minha frente. Foi como este nível tentasse dizer que eu não estava inventando esta história, que esta história não era minha. Ela estava sendo dada para mim por alguém. É como se eu ouvisse: "Se você acredita que você está inventando esta história tente terminá-la." Eu não podia, eu não conseguia terminar. Oito anos depois, muito longe de onde eu estava quando a história foi me dada pela primeira vez, às 5 horas da manhã eu acordei. Havia tido um sonho que era o final desta história. Acordei, fui até a máquina de escrever e escrevi o final e pensei: "Isto é o que acontece! Este é o final da história!". Tive de encontrar este presente sozinho (o final da história) para depois poder compartilhar com outras pessoas, com outras gaivotas.

Cada história tem um tempo e um lugar. Cada uma tem um presente para dar. Cada escritor tem que pensar: "Qual é a magia que nos chama a escrever estas histórias?". Quando ele escreve, fica contente com ele mesmo, e o produto desta felicidade é também compartilhar este presente com outras pessoas que tem as mesmas idéias. Quando escritores escrevem, eles escrevem suas aventuras. E há pessoas que compartilham estas aventuras com eles quando lêem o que foi escrito. Cada uma das histórias que eu escrevi é uma aventura que eu vivi, seja em ficção ou não, verdade ou não. E eu compartilho estas aventuras com pessoas que têm as mesmas idéias que eu.

Há uma família que está espalhada por todo o mundo, que tem uma curiosidade de saber que há algo mais além do mundo que podemos ver. Tem que haver algo mais. Esta curiosidade é a espiritualidade, a busca. Somos criaturas de espírito, amor e luz. A minha experiência pessoal é saber que no mundo há mais do que podemos ver. Eu só tive experiências fora do corpo 2 ou 3 vezes. Experiências de felicidade, de não necessitar do corpo para expressar vida. Somos mais que o nosso corpo. Esta experiência não é algo que eu possa controlar. Eu não posso fazer isso quando eu quero. Aconteceu e eu não sei como e porque, mas aconteceu. Com isso eu pude experimentar o que é não necessitar do corpo. Voar é outro meio de eu buscar a espiritualidade e de entender que há mais no mundo do que isso que vemos. Voar é uma metáfora. Temos que confiar naquilo que nós não podemos ver. Ao voar eu sei que não posso levantar o avião sozinho, mas consigo voar. Eu aprendi que há um princípio de aerodinâmica. Nós pilotos não podemos ver este princípio de aerodinâmica, mas nós confiamos nele. As pessoas que voam confiam neste princípio. Quanto mais confiamos, mais sentimos liberdade, felicidade e temos uma perspectiva maior daquilo que somos.

Há pessoas em todo mundo que compartilham das mesmas idéias, que sorriem das mesmas coisas, que choram pelas mesmas coisas e gostam das mesmas coisas. Possuem as mesmas idéias. Estas pessoas podem estar separadas fisicamente, mas estão conectadas espiritualmente. Estas pessoas são parte da mesma família. Fico muito feliz em saber que não estou só, e que aqui, como em todo mundo, há pessoas que pensam a mesma coisa que eu. E para todos aqueles que se sentem deslocados, fora do mundo, saibam que não estão só. Há pessoas em todo o mundo que tem a mesma sensação. Somos todos parte de uma mesma família espiritual, todos conectados.


Trechos de uma entrevista com Richard Bach,
 autor de livros como Fernão Capelo Gaivota, A Ponte Para o Sempre,
 Longe É Um Lugar Que Não Existe, Um, Ilusões, entre outros.






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