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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

 ÍDOLOS OU IDEAL

Porta para a eternidade🕇 | Cristãos Amino Amino

Palavras de Luz

DEUS EM TI
 
“Despoja-te de toda e qualquer cobiça! O que, depois disto, sobrar de ti, isto é Deus” (Meister Eckhardt). A soma total das tuas cobiças, físicas e mentais, não são o teu verdadeiro Eu – são apenas a tua máscara ou a tua “persona”. Esse pseudo-Eu da personalidade humana revela-se, precipuamente, de dois modos: pelo instinto de conservação e pelo instinto de propagação, ou seja, pelo egoísmo individual e pelo egoísmo sexual. Deus no homem chama-se a alma, o Emanuel, o Cristo interno, o Espírito santo que habita no templo do corpo.

 
ESPELHO OU JANELA?
 
O profano egoísta acha-se no meio duma sala cujas paredes são espelhos, como no célebre museu de Grevin, de Paris; para onde quer que ele se volte, só vê o seu Eu, sempre seu próprio Eu – isto é, o seu pseudo-Eu físico-mental que ele erroneamente identifica com o seu verdadeiro Eu espiritual. Que admira que esse homem fique egocêntrico? De repente, enojado desse Eu, quebra um dos espelhos-parede e abre caminho para o mundo objetivo! E fica livre da obsessão do seu estreito egocentrismo. Abriu uma janela!

 
INTROSPECÇÃO NÃO É EGOCENTRISMO
 
Há quem pense que a meditação ou introspecção favoreça o egocentrismo, obrigando o homem a girar em torno de si mesmo. É engano! A introspecção ensina ao homem a ultrapassar o seu ego físico-mental, estreito e unilateral, e encontrar o seu grande Ego espiritual, vasto e onilateral como o próprio Deus de infinita amplitude. Quanto mais o homem se concentra no seu Eu espiritual, na sua alma divina, tanto mais ele se universaliza e diviniza. A consciência universal, porém, é o amor universal e absoluto.

 
CICLOS CÓSMICOS
 
Um ano mundial (aion) abrange cerca de 25.920 anos terrestres. Um mês mundial corresponde a cerca de 2.160 anos terrestres. Cada mês mundial inaugura na terra uma nova era, cujo fim é sempre acompanhado de grandes tribulações e tempestades de todo gênero – expira um inverno tormentoso para dar lugar a uma nova primavera de evolução. O Antigo Testamento decorre sob o signo de Capricórnio, símbolo de violência. Estamos no signo de Peixes, que começou com o nascimento de Jesus; e vamos em breve entrar no signo de Aquário. 
 
A era de Peixes é assinalada pela onda cósmica do amor, pelo Cristo, o misterioso “ichthys” (peixe) das catacumbas. A era de Aquário virá a ser o domínio da universalidade, assim como a água é o elemento mais universal na terra, sem a qual nenhuma vida orgânica é possível. Os maus espíritos, que são soltos no fim de cada ciclo cósmico, não são maus em absoluto,mas sim relativamente maus – assim como são más as tempestades que preludiam o advento da primavera e quebram os galhos podres e arrancam as folhas secas, a fim de preparar a grande ressurreição da natureza.
 
Era da serpente rastejante – Lúcifer.
Era da serpente exaltada – Cristo individualizado em Jesus.
Era do espírito universal – Cristo cosmificado no espírito santo.

 
INDIVIDUAL – COLETIVO
 
O coletivismo só pode ser perfeito pela união de homens individualmente perfeitos, irradiando amor desinteressado. O indivíduo só pode ter possibilidade de ulterior evolução das suas faculdades, através de uma vida fundada num coletivismo perfeito desse gênero. A missão da sociedade está em garantir ao indivíduo, não só a maior segurança, mas também todos os meios necessários para o seu aperfeiçoamento.

O maior perigo do coletivismo mal orientado está na tendência de querer suprimir o indivíduo e coibir a livre expansão das suas faculdades e talentos. Valores reais se perderiam deste modo, o que, cedo ou tarde, redundaria em detrimento do Todo Social. O Oriente possui o segredo da evolução individual, mas não conseguiu desenvolver uma vida coletiva para as massas que lhes assegurasse um bem- estar dignamente humano; e por isto milhões de seres humanos vegetam e sofrem em condições indizivelmente tristes. No Ocidente houve mais coletivismo, mas, devido à falta de cultura individual, o próprio coletivismo degenerou em maldição. Quando surgirá o homem completo, integral, o homem cósmico? Já apareceu, mas são poucos que conseguiram trilhar o mesmo caminho. “Eu vim para que os homens tenham a vida – e a tenham em maior abundância.”

 
A RELIGIÃO DE EINSTEIN
 
“A minha religião – diz ele – consiste numa humilde admiração do espírito supremo, ilimitado, que se revela nos pequenos detalhes que somos capazes de perceber com a nossa mente débil e fraca: – a presença de um Poder Racional superior, revelado no universo incompreensível – é o que é a minha ideia de Deus.”

 
O COSMOS É INDIVISÍVEL
 
Escreve o grande cientista contemporâneo, Dr. Gustavo Stromberg: “Temos razões para crer que todos os atributos do cosmos sejam interrelacionados e formem um Todo unificado. O cosmos em si mesmo é um e indivisível; e é devido a uma peculiaridade da nossa mente e do nosso sistema nervoso que o apreendemos na forma de categorias (quer dizer: fenômenos concretos). Matéria, vida e consciência têm as suas raízes num mundo além de tempo e espaço.”

 
CONTINUA O MISTÉRIO DO UNIVERSO
 
Escreve Lincoln Barrett, na obra The Universe of Dr. Einstein: “Permanece o mistério fundamental. Toda essa marcha da ciência rumo à unificação dos conceitos – a redução da matéria a elementos, a uns poucos tipos de partículas, a redução das forças ao simples conceito de energia – tudo isto continua ainda a locar-nos ao Desconhecido.”

 
HARMONIA CÓSMICA DOS GRANDES GÊNIOS RELIGIOSOS
 
Escreve o filósofo Erich Fromm, em seu livro Psychoanalysis and Religion: “Quando tentamos dar um quadro da atitude humana que serve de substrutura ao pensamento de Lao-Tse, de Buda, dos Profetas, de Sócrates, de Jesus, de Spinoza e dos filósofos do Esclarecimento, fere-nos a atenção o fato de que, não obstante notáveis diferenças, existe um centro de idéias e normas comuns em todos esses ensinamentos. Sem pretendermos apresentar uma formulação completa e precisa, passaremos a descrever, aproximadamente, esse centro comum:
 
1) deve o homem esforçar-se para atingir a verdade, e o homem só pode ser plenamente humano na proporção que realizar essa sua missão;
 
2) deve o homem ser independente e livre, um fim em si mesmo, e não um meio para os propósitos de quem quer que seja;
 
3) deve estabelecer entre si e seus semelhantes uma relação de amor; se lhe faltar o amor, não passará de um invólucro vaio (empty shell), mesmo que possuísse todo o poder, todas as riquezas e toda a inteligência;
 
4) deve conhecer a diferença entre o bem e o mal, e deve aprender a ouvir a voz da consciência e tornar-se capaz de segui-Ia.”

 
EXCESSIVAMENTE CLARO
 
Dizem uns: O homem de hoje paga os seus débitos de ontem. Opinam outros: O homem de hoje paga os débitos do pai comum da humanidade. Acham outros: O homem de hoje não paga débito algum, mas nasceu simplesmente nesse estado inferior.  Essas três teorias, sobretudo a primeira e a segunda, são demasiadamente simples e claras, para serem aceitáveis. Coisa que a inteligência possa facilmente compreender e que não deixe margem para dúvidas e obscuridades, é suspeita de estar aquém da verdade integral. As grandes verdades são certas, intuitivamente, mas não analisáveis, intelectualmente. Podemos intuí- Ias com a razão espiritual, mas não inteligi-Ias com a mente. Felizmente, nem é necessária essa análise intelectual. Muito mais importante do que esquadrinhar o donde e o porquê do sofrimento é saber o para quê do mesmo e o como da atitude a assumir em face dele, para que promova a nossa evolução rumo às alturas.

 
A VOZ DA INTUIÇÃO
 
Um senso íntimo e indefinível me diz:

1) que não fui o que sou, e que posso vir a ser mais do que sou;
 
2) que aquilo que posso vir a ser depende de uma integração no Todo, de um serviço prestado ao Universo, ao Todo, a Deus;
 
3) que todo isolamento ou separatismo é pernicioso, mau, pecador, infeliz;
 
4) que a integração no grande Todo é feito pelo Amor, por um amor racional, espontâneo, radiante, jubiloso;
 
5) que esse grande Todo me é acessível, diariamente, na forma da humanidade, de cada um dos meus semelhantes, e da própria natureza infra- humana;

6) que, à luz desse Amor Universal, o passado do homem se torna compreensível, não no plano intelectivo, mas sim o plano intuitivo, que é o verdadeiro saber. Tudo isto que estou dizendo a meus leitores, digo-o em primeiro lugar a mim mesmo. Eu sou o meu leitor e ouvinte número um – o meu pequeno Eu físico- mental está sentado como dócil discípulo aos pés do Mestre, que é o meu Eu espiritual, o meu Cristo interno, o meu Emanuel.

 
QUEM PROVA A EXISTÊNCIA DE DEUS É ATEU
 
Deus é aquela Realidade Universal, Absoluta, Infinita, Eterna, Única, que ultrapassa todas as fronteiras das nossas análises intelectuais. Para além dos extremos horizontes de todos os nossos mais arrojados silogismos começa Deus, que não é isto nem aquilo, nem a soma total de todos os fenômenos do universo. Só sei de Deus pela experiência íntima do meu próprio Eu divino. Quem julga ter provado a Deus pelo intelecto é ateu. E quem adora esse Deus demonstrado é idólatra.

 
A VIDA NÃO É UMA TEORIA
 
Há quem se diga agnóstico, há quem se chame ateu. Ambos ignoram a Deus; mas o agnóstico ignora-o sem quebra da lógica, ao passo que o ateu o ignora assassinando a lógica, porquanto afirma conhecer algo que, segundo ele, não existe – como se o inexistente, o puro nada, pudesse ser objeto de conhecimento! Na prática, porém, não há nem agnósticos nem ateus. Em teoria é possível manter-se alguém numa atitude de suspensão ou neutralidade, porque a teoria é um esqueleto inerte; na prática, porém, todo homem assume atitude ou positiva ou negativa – a neutralidade é uma simples ficção mental, inexistente no plano da realidade concreta da vida humana.

 
CRER OU DESCRER NADA RESOLVE
 
Crer em Deus não resolve os problemas da vida – descrer dele, ainda menos. Mas o crer torna suportáveis os sofrimentos da existência, ao passo que o descrer os torna insuportáveis. A única coisa que realmente resolve os problemas é o saber, isto é, a experiência íntima da realidade de Deus. Em face do saber desmaiam a noite do descrer e o crepúsculo matutino do crer, assim como as trevas e penumbras fogem diante do sol nascente. Entretanto, o crer é de suma importância, porque é o prelúdio do saber. Ninguém pode saber sem primeiro crer.

 
HARMONIZAR O AGIR COM O SER
 
No meu íntimo SER sou Deus; por isto, no meu externo AGIR também devo ser como Deus. Devo combinar a horizontal da minha ética com a vertical da minha mística, a fim de ser redimido por essa cruz, de ser positivo, mais, infinito, como esse sinal simbólico. Todo o mal da minha vida vem da discrepância entre o meu AGIR e o meu SER.

 
PAZ INTERNACIONAL – SÓ NO CEMITÉRIO
 
Depois da primeira guerra mundial, alguém, visitando a Europa devastada, viu por toda a parte cemitérios e mais cemitérios de soldados mortos – americanos, ingleses, alemães, franceses, italianos, russos, israelitas – todos eles pacificamente sepultos uns ao lado dos outros – e não havia guerra entre eles...  Será que só quando morto pode o homem estar em paz com seus semelhantes?  Sim, só depois de morto – ou morto para a vida do corpo, ou então morto para a vida do seu egoísmo. Se não quiser morrer para o egoísmo, terá de morrer para a vida corpórea, se é que quer ter paz com seus irmãos humanos. Só a pleni-vida do espírito, em vez dessa semi ou pseudovida do corpo e da mente é que lhe poderiam garantir perfeita paz no meio duma vida abundante. “Eu vim para que os homens tenham a vida, e a tenham em maior abundância.” “Dou-vos a minha paz”... “Isto vos disse para que minha alegria esteja em vós, e seja perfeita a vossa alegria”...

Huberto Rohden - ÍDOLOS OU IDEAL?
Pensamentos Avulso Sobre Deus, o Homem e o Universo
UNIVERSALISMO

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