Translate

sábado, 15 de junho de 2019

TESOUROS DO MESTRE 


 Parte VII

"Há inúmeras pessoas que procuram um Mestre sem saber o que esperar dele. Em algumas palavras, pode-se dizer que um Mestre verdadeiro é um ser que trabalhou durante milênios para vencer todas as paixões humanas. Por isso, emana dele algo de luminoso, de puro, e, ao virem junto dele, ao escutarem as suas palavras, os seus discípulos, que recebem uma pequena parcela da sua vida, evoluem muito mais rapidamente. De outro modo, para que pensais que pode servir um Mestre? Ele não se ocupa de vos dar riquezas, nem uma situação, nem mulheres ou maridos; a sua preocupação é a de vos transmitir partículas de uma natureza superior que vibram em harmonia com o Céu. E se vós conseguirdes receber essas partículas, se conseguirdes conservá-las e até amplificá-las, com o tempo sentireis que os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e mesmo a vossa vontade melhoram, tudo em vós melhora. Junto de um Mestre, só deveis procurar condições para viver a vida divina."
 
"Conta-se que um dia em que o profeta Maomé caminhava na cidade em companhia de um dos seus discípulos, um homem surgiu de súbito diante deles e atacou verbalmente o discípulo em termos muito grosseiros. O discípulo começou por escutar com calma, esforçando-se por conter a cólera, mas foi incapaz de se controlar e depressa começou a ripostar. Depois de se terem ameaçado mutuamente e de terem chamado todos os nomes um ao outro, acabaram por se separar, mas o discípulo apercebeu-se de que o Mestre já não estava ali e foi procurá-lo... Quando o encontrou, mais adiante, sentado no canto de uma rua, o discípulo disse a Maomé: «Ó Mestre, por que é que me deixaste?» E Maomé respondeu-lhe: «É perigoso ficar entre dois animais furiosos. Enquanto aquele homem te injuriava e tu te mantiveste calado, estavas rodeado por entidades invisíveis que respondiam por ti e te protegiam. Mas, quando começaste também a gritar querendo defender-te por ti próprio, essas entidades abandonaram-te e eu também, pois, pelo teu comportamento, tu revelavas que não precisavas de nós"

"Enquanto os humanos não tiverem compreendido que devem ter um alto ideal, uma ideia divina que ilumina e purifica a sua atmosfera interior, o que quer que eles façam estarão sempre insatisfeitos. Isso vê-se: mesmo em férias, mesmo nas melhores condições, no campo, à beira do mar, na montanha, falta-lhes qualquer coisa. Sim, mesmo fora dos escritórios, das oficinas, das fábricas, eles sentem-se infelizes. Enquanto não tiverem uma ligação ao mundo espiritual, nenhum meio material poderá reconfortá-los; façam o que fizerem, sofrerão. Evidentemente, ninguém pode afirmar com razão que a existência dos operários, por exemplo, é magnífica, e que não existem na sociedade enormes injustiças que é preciso remediar. Mas isso é outra questão. A verdade é que, da forma como se encara estes problemas, mesmo que haja grandes melhorias no plano material, continuará a existir os mesmos descontentamentos ou ainda piores. Eis a prova: nos últimos anos foram resolvidas imensas questões materiais, mas as pessoas não se dizem mais felizes nem mais satisfeitas. Isso mostra bem que o que lhes falta é de outra natureza."

"As nossas fraquezas, tal como as nossas virtudes, são entidades vivas que estabeleceram domicílio em nós. À medida que fazemos esforços para melhorarmos, as entidades tenebrosas são obrigadas a deixar-nos, pois a nossa atmosfera interior torna-se irrespirável para elas. Elas não suportam a pureza e a luz que nos esforçamos por introduzir em nós e põem-se em fuga. Mas, quando já estão fora de nós, procuram novos domicílios introduzindo-se noutras pessoas e, é através delas, que então procuram fazer-nos mal. Vós direis: «Mas, então, de que serve expulsar essas entidades se elas irão continuar a perseguir-nos?» Na realidade, os prejuízos causados são menores do que se elas habitassem em nós; e, como vencemos esses inimigos no interior, estamos mais fortes para vencê-los no exterior. «E seremos livres deles definitivamente?» Não, enquanto estivermos na terra, encontraremos dificuldades e adversários."

"Em certas regiões do mundo há árvores de fruto plantadas nos cemitérios e é permitido a quem os visita colher os frutos para comê-los. Podereis pensar: «Comer frutos das árvores que crescem no meio de cadáveres? Que horror!» Mas de onde pensais vós que vêm os frutos que comeis? Ao longo de milhares e milhares de anos, quantas gerações de seres humanos se sucederam na terra...? E onde pensais que estão os seus corpos...? A terra inteira é um cemitério. Por toda a parte onde andemos, caminhamos sobre cadáveres, e a maioria dos alimentos que comemos cresce sobre cadáveres. Só que as plantas são grandes alquimistas, elas transformam tudo. Quer lhes deem adubos químicos, detritos ou cadáveres, elas fazem disso flores e frutos. Então, quando vedes árvores cobertas de frutos maduros, pensai nesse trabalho que elas são capazes de fazer. Aproximai-vos delas e pedi-lhes que vos ajudem a realizar também esse trabalho em vós mesmos, a fim de dardes frutos perfumados e saborosos: pensamentos luminosos e sentimentos calorosos."

"Contrariamente ao que muitos imaginam, a espiritualidade não se limita aos chamados exercícios espirituais: a meditação, a oração... Na realidade, qualquer atividade da vida quotidiana pode ser espiritualizada se se souber introduzir nela um elemento divino. E, infelizmente, a oração, a meditação ou qualquer outra atividade dita “espiritual” pode tornar-se extremamente prosaica se não for animada, se não estiver apoiada por uma ideia sublime, por um ideal superior. A espiritualidade não consiste em negligenciar ou menosprezar o mundo material, mas sim em esforçar-se sempre por agir com a luz e para a luz. A espiritualidade é sabermos utilizar qualquer atividade, mesmo a mais vulgar, a mais prosaica, para nos elevarmos, nos harmonizarmos e nos ligarmos a Deus. "

"Enquanto criaturas, todos nós necessitamos, para subsistir, de receber elementos da criação: os alimentos, a água, o ar, o Sol, etc., assim como de nos servir de todas as riquezas que a matéria pode fornecer-nos. Só o Criador escapa a esta lei: Ele não precisa de nada exterior a Ele. Sim, mas, como Ele deixou algo da sua quinta-essência em cada criatura, uma centelha, um espírito, que é da mesma natureza que Ele, por intermédio do seu espírito cada ser humano pode, ele próprio, tornar-se criador. Então, pensai nisso daqui em diante. Em vez de esperardes sempre tudo do exterior, esforçai-vos por agir interiormente, por intermédio do vosso pensamento e da vossa vontade, para captardes o maior número possível de elementos de que necessitais para vos alimentardes fisicamente e psiquicamente. O ensinamento dos Iniciados sempre foi o ensinamento do espírito criador, e aqueles que aceitam este ensinamento serão sempre fortes e livres, estarão acima das circunstâncias."
 
Omrram Mikhael Aivanhov
 http://aumagic.blogspot.com
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário