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segunda-feira, 10 de junho de 2019

TESOUROS DO MESTRE 


Parte IV

"Nada daquilo que acontece aos humanos surge por acaso. Por intermédio dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, eles entram em relação com as entidades, as correntes e os elementos do espaço que correspondem a esses pensamentos e a esses sentimentos e acabam por atraí-los. É assim que se explicam a saúde e a doença, a força e a fraqueza, a inteligência e a cegueira, a beleza e a fealdade, etc. Portanto, são-lhes oferecidas todas as possibilidades, mas na condição de eles saberem que existe uma lei das correspondências e de a respeitarem em cada ato da vida quotidiana. Se encontrais grandes dificuldades nesta existência, é porque, no passado, por causa da vossa ignorância, atraístes elementos malsãos, defeituosos. Agora que sabeis a verdadeira causa de tudo o que acontece na vossa vida, decidi-vos a trabalhar sobre os vossos pensamentos e os vossos sentimentos: ligar-vos-eis assim às entidades e às regiões mais puras e luminosas do universo e recebereis delas todas as qualidades de que necessitais para vos reconstruir."

"Jesus veio revelar aos homens que Deus é o seu Pai; mas, em vez de refletirem e de procurarem profundamente neles mesmos para encontrarem as marcas dessa filiação divina, os cristãos limitam-se a fazer dela uma interpretação pueril. Comportam-se como crianças caprichosas, exigentes, inconsequentes, e imaginam que façam o que fizerem Deus é indulgente e perdoa-lhes as suas falhas. Chegam junto d’Ele todos sujos, cobertos de lama, e creem que se Lhe disserem: «Senhor, andei metido em pântanos, mas sei que Tu és bom e misericordioso. Lamento o que fiz e peço perdão», isso será suficiente. Mas não, não é suficiente, e o Senhor começa por mandá-los eliminar a sujidade. O que significa “eliminar a sujidade”? Reparar os seus erros. É esse o verdadeiro arrependimento que leva até junto de Deus. Acreditar que Deus nos perdoa simplesmente porque Ele é bom, misericordioso, e nós temos fé, é uma ilusão. Só somos perdoados se tivermos consciência dos nossos erros e os repararmos."

"A prática da vida espiritual começa por afinar a percepção que tendes do vosso ser interior e é normal que nem sempre fiqueis contentes com aquilo que descobris: limitações, lacunas, fraquezas. Mas isso não é razão para desanimardes e parardes o trabalho; pouco a pouco, ireis ganhar forças e alargar, enriquecendo o vosso domínio. Alguém que está sentado numa cadeira pode imaginar que é capaz de realizar as maiores façanhas. Mas, se tenta levantar-se, caminhar, correr, saltar, mede o verdadeiro estado das suas forças; aí, é forçado a perder as suas ilusões. Na sua decepção vai julgar-se mais fraco do que é, mas essa tomada de consciência é, na realidade, o começo da sua força. Sentis dificuldade em vos afastar do vosso modo de existência passado? Isso é a prova de que tentais avançar, esforçar-vos. Vós direis: «Sim, mas faz-me sofrer.» Vós sofreis, é certo, mas isso acontece porque tendes percepções novas, porque vos dirigis para um mundo novo."

"Quer tenha uma religião quer não tenha, quem age em relação aos outros com benevolência, compreensão, paciência e generosidade, manifesta a sua fé num princípio superior que lhe dita o modo como deve agir, então o Céu concede-lhe ajuda e proteção. Ao passo que o crente que imagina que a sua fé desculpará os seus erros aos olhos de Deus engana-se duplamente. Em primeiro lugar a lei não apaga os seus erros. Depois, ele evidencia uma desonestidade que até os agrava, pois está a zombar do Senhor ao afirmar que acredita n’Ele mas, na verdade, não respeita as Suas leis e engana os outros ou maltrata-os. Os únicos verdadeiros critérios relativos à fé são os atos, o comportamento na vida quotidiana. É por isso que um Ensinamento iniciático se preocupa com todas as faculdades do ser humano e as diferentes atividades nas quais ele as aplica, não só no plano psíquico mas também no plano físico."

"As pessoas ainda não sabem o que é a verdadeira beleza de um ser, porque se detêm demasiado na forma. Se a forma é harmoniosa, agradável, elas exclamam: «Que beleza!» mas, por detrás da forma, há outra coisa para conhecer: os eflúvios, as emanações que vêm do mais profundo desse ser, a vida que corre… E, se se pudesse ir mais além para ver a parte dele que vive nas regiões celestes, descobrir-se-ia uma beleza ainda maior: o esplendor do espírito. Mas o esplendor do espírito é de uma essência demasiado sutil para encontrar uma expressão física. A verdadeira beleza não pode ser descrita: é a vida pura, a vida que jorra… Se olhais para um diamante sobre o qual vem incidir um raio de sol, ficaríeis deslumbrados por aquela cintilação, aquelas cores brilhantes… É isso a verdadeira beleza! Quanto mais um ser consegue captar a luz para se impregnar com as suas vibrações e as suas cores cintilantes, mais se aproxima da verdadeira beleza."

"Enquanto entidade consciente, o ser humano está colocado na fronteira entre o mundo inferior e o mundo superior. Se ele não está vigilante, há forças obscuras que o atraem para o desfazer e o comer; e, depois de devorado, é eliminado, só ficam uns resquícios dele. Ao passo que, se se deixar atrair e absorver pelas forças do mundo superior, tudo se ilumina nele e ele torna-se um foco de correntes luminosas, poderosas, benéficas. Mas, do mesmo modo que se esforça por escapar à atração do mundo inferior, o ser humano não deve abandonar-se completamente à atração do mundo superior. Ele tem por missão trabalhar na terra com os meios do Céu e, para isso, encontrar maneira de manter o equilíbrio entre a terra e o Céu, a matéria e o espírito. Estando na terra ele não deve descurar os deveres da terra. Se romper esse equilíbrio, talvez viva na imensidão, na luz, mas não terá cumprido a sua missão. "

"Os crentes não têm uma ideia mais ajustada da religião do que os não crentes: imaginam que lhes bastará ajoelharem-se numa igreja ou num templo e recitarem algumas orações para sentirem que estão em presença do Senhor. Mas não é assim, só pode sentir a presença do Senhor quem se lavou interiormente. Um vidro onde o pó e a sujidade se acumularam não deixa passar a luz do sol; do mesmo modo, um ser que não eliminou as suas impurezas não pode deixar-se penetrar pela presença divina. Há sempre um trabalho a fazer: é todos os dias, de manhã, à noite, que é preciso pensar nesta limpeza. Analisando os vossos estados interiores, os vossos pensamentos, os vossos sentimentos, esforçando-vos por dominá-los, por orientá-los na via do bem, tornar-vos-eis como um cristal transparente que deixa passar a luz celeste. Nesse momento, sim, sentireis a presença do Senhor."

"Enquanto se contentar com a imagem que tem de si neste momento, o ser humano fica retido nos níveis inferiores da sua consciência, pois essa imagem tão medíocre, tão prosaica, influencia-o e limita-o. Ele tem de trabalhar para formar uma ideia mais bela, mais nobre, mais luminosa de si mesmo. Ao agir sobre ele, esta imagem produzirá outras vibrações, mais sutis, e suscitará nele impulsos mais nobres, mais generosos: ele sentirá a necessidade de se assemelhar a essa imagem e será assim que avançará, que se elevará. Sem essa imagem, a única capaz de o impulsionar para o alto, o ser humano está condenado a estagnar e nunca conhecerá a sua própria realidade. Vós direis: «Mas que realidade? O que eu sou agora é que é a realidade!» Não, esta realidade não é verdadeiramente real. A vossa verdadeira realidade é o vosso Eu superior. O resto, aquilo que considerais como uma realidade, é uma ilusão, uma mentira. Por isso, deveis procurar elevar-vos até ao vosso Eu superior, ao vosso eu divino, o único que é real, e esforçar-vos por identificar-vos com ele."

"Quando chega o outono, as folhas caem das árvores e colhem-se os frutos maduros. Alguns, como as nozes e as castanhas, perdem o seu invólucro. O outono é o período da separação. E, do mesmo modo que o fruto se separa da árvore e que o caroço ou a semente se separam do fruto, um dia a alma humana separar-se-á do corpo. No outono, o espetáculo da natureza e a atmosfera que dela emana convidam-nos a meditar sobre esta separação. No momento próprio, a alma humana tem de deixar o seu corpo, o seu invólucro, e do mesmo modo que a semente é guardada no celeiro até ser semeada no inverno, a alma é guardada no Céu. Mais tarde, tal como a semente, ela é de novo semeada, isto é, enviada à terra para aí se reencarnar. E isso será o inverno para ela: sofrerá, lembrando-se com nostalgia do lugar que deixou, esse lugar onde reinavam a paz e a luz. Mas ela trabalhará e dará frutos, pensando nos dias felizes em que retornará à sua pátria celeste."

"Atualmente, põe-se no Ocidente a questão de saber se é melhor enterrar os mortos ou cremá-los. Qualquer destes dois ritos é bom, mas é necessário saber uma coisa: quando uma pessoa é declarada morta, continua a haver ligações entre a sua alma e o seu corpo físico. Se este for posto na terra, esses laços desfazem-se lentamente. Se ele for cremado, a separação é extremamente rápida e pode ser sentida como uma dilaceração, uma violência, sobretudo se a pessoa nunca teve consciência de que a sua verdadeira existência não se limitava à do seu corpo físico. O que pode sentir a alma de um ser que nunca acreditou na sua sobrevivência após a morte?... Ele não percebe onde está, não compreende nada do que está a acontecer-lhe; precisa de tempo para se desligar tranquilamente. Neste caso, o enterro é preferível. "
 

Omrram Mikhael Aivanhov 
 http://aumagic.blogspot.com
 

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