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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

PORQUE NÃO ESTAMOS ILUMINADOS




Se alguém refletir genuinamente sobre a renúncia, verá que não se trata de desistir de coisas externas como dinheiro, deixar a casa ou a família. Isso é fácil. A renúncia verdadeira é abrir mão dos nossos queridos pensamentos, de todo o nosso deleite nas memórias, esperanças e devaneios, da nossa tagarelice mental. Renunciar a isso e ficar nu no presente, isso é renúncia.

O fato é que dizemos que queremos a iluminação, mas na verdade não queremos. Apenas porções de nós quer a iluminação: o ego que pensa como isso seria bom, confortável e prazeroso. Mas realmente abandonar tudo e ir atrás? Poderíamos fazer isso num instante, mas não fazemos.

E a razão é que somos muito preguiçosos. Ficamos paralisados pelo medo e letargia — a grande inércia da mente. A prática está lá. Qualquer pessoa no caminho budista certamente conhece essas coisas. Então, como é que não estamos iluminados? Não temos ninguém para culpar a não ser nós mesmos.

É por isso que ficamos no Samsara, porque encontramos sempre desculpas. Em vez disso, devemos despertar. Todo o caminho budista é sobre despertar. Ainda assim, o desejo de continuar dormindo é tão forte. Independente do quanto dizemos que iremos despertar para ajudar todos os seres sencientes, na verdade, nós não queremos isso. Gostamos de sonhar.
 
 
Jetsunma Tenzin Palmo
Fonte:https://portaldobudismo.org



Fernando Pessoa disse que a renúncia é a libertação. Não querer é poder. Horácio completa a compreensão desse poder anunciando que quanto mais um homem renuncia a si mesmo mais se aproxima de Deus. Soren Kierkegaard afirma que é preciso uma coragem puramente humana para renunciar a toda temporalidade, a fim de atingir a eternidade. Eu acredito que essa renúncia deve ser consumada aqui mesmo, vivendo neste mundo, rodeado por todos estes atrativos, que sempre nos puxam para a órbita planetária. Foi aqui que Cristo renunciou às riquezas do mundo. Ele nos deixou o exemplo. Então, que estamos esperando ?


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