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sábado, 7 de outubro de 2017

O QUE É O HOMEM 
EXATAMENTE ?


Parte I

O homem é um mero talvez, uma possibilidade, um potencial, um tornar-se, uma vontade. O homem não é, ainda. O homem ainda tem que ser. Essa é a agonia do homem e o seu êxtase também. A besta é, e nenhum crescimento lhe é possível. É um produto acabado. Na besta não há qualquer possibilidade de procura, de busca, de ser. Nesse caso, não há qualquer liberdade. A besta está em absoluta escravidão. A besta vive e morre sem saber que ela vive e morre. A besta é, mas ela não sabe que ela é.
 
O homem é e sabe que ele é, 
mas não sabe quem ele é.

O homem é um processo constante. Alguma coisa está sempre acontecendo, está sempre na beira do acontecimento. O homem é uma excitação, uma aventura, uma peregrinação.

Nenhuma besta pode sequer fugir de seu destino. Ele é sempre predeterminado. A besta tem um destino absoluto. Nada acontecerá de outro jeito. A besta é pré-programada. O homem não tem qualquer programa prévio, ele é simplesmente uma abertura. Mil e uma coisas são possíveis. Por isso surge a ansiedade: 'Ser isso ou ser aquilo? Ir para a direita ou para a esquerda? Viver desse jeito ou viver daquele jeito? E o que é certo? E o que irá me satisfazer?'

A cada momento o homem tem que decidir. E, obviamente, quando você decide, você treme. Há sempre a possibilidade de você escolher errado. Na verdade, as possibilidades de escolher errado são maiores. Em mil e um caminhos, apenas um será o certo. Por isso uma grande tremedeira e angústia: "Eu vou fazer isso? Sendo eu mesmo, eu serei bem sucedido? Ou isso vai ser apenas um grande e inútil esforço e ao final terei só frustração e fracasso? Eu serei capaz de conhecer vida abundante? Essa vida se tornará uma base para uma vida ainda maior que virá? Ou isso nada mais é do que uma morte? Existe apenas um túmulo no final, ou alguma coisa mais?'
 
O homem é um ser aberto. Tudo é possível, mas nada é certo. A besta é absolutamente certa. Ela tem uma definição. O homem não tem definição.

Assim quando você me pergunta: O que é o homem exatamente? você está formulando errado a pergunta. O homem não é algo exatamente. Ele é apenas uma vaga vontade, um sonho muito muito vago de coisas que podem ser, de coisas que podem ser possíveis, que podem não ser possíveis. O homem é uma hesitação. A cada momento o homem é pego pela hesitação, porque um simples passo errado destruirá toda a sua vida.

O homem pode perder. Nenhuma besta pode sequer perder. Mas porque o homem pode perder, ele pode ganhar também. Ambas as possibilidades vêm juntas. O homem pode crescer, o homem é crescimento. O mero talvez pode se tornar verdade. O potencial pode ser transformado em realidade. A semente pode se tornar um florescimento. Aquilo que era apenas não-manifesto, pode se manifestar e então acontece um grande esplendor, uma grande bênção.

O Buda é, sabe que ele é, e também sabe quem ele é. Esses são os três estágios do crescimento: a besta, o homem e o Buda. A besta tem apenas uma dimensão: ela é, ela existe, completamente inconsciente de que ela existe. Por isso ela não pode pensar em morte. A morte não é um problema para a besta. A morte somente pode se tornar um problema quando você sabe que você é. Com esse conhecimento surge o medo de que um dia você pode deixar de ser. Porque houve um tempo em que você não era e haverá de novo um tempo em que você deixará de ser. A sua existência é momentânea.

Você pode desaparecer a qualquer momento. Você desaparecerá algum dia. A morte está por acontecer. É somente o homem que sabe a respeito da morte. É por isso que o homem cria a religião. Religião é a resposta do homem diante da possibilidade da morte. É o esforço do homem para vencer a morte.

Nenhum animal é religioso, não pode ser. Sem a consciência da morte, não há possibilidade de religião. Mas antes que você se torne consciente da morte, você terá que se tornar consciente de que você é. Esse é o pré-requisito básico.

Assim o homem sabe que ele é, e também se torna consciente e apreensivo de que a qualquer momento ele deixará de ser. O tempo é curto. Para a besta o tempo é não-existencial, o tempo não existe. A besta vive num mundo sem tempo, vive a cada momento. Não pensa no passado nem imagina acerca do futuro.

O homem não consegue viver no presente. Ele pensa no passado e em toda a sua nostalgia. Nos dias que foram dourados e que não são mais. E pensa, imagina, fantasia a respeito do futuro, de como os dias deveriam ser.

O homem pensa no passado e no futuro. As bestas vivem apenas no presente. Mas elas não estão conscientes de que isso é o presente. Elas não conseguem ser conscientes do presente. Somente quem é consciente do passado e do futuro, pode ser consciente do presente, porque o presente está espremido entre o passado e o futuro.

Os animais não têm ansiedade. A memória não os perturba e as imaginações não agitam seus corações. Eles são simples. A existência não tem qualquer complexidade para eles. Quando eles vivem, eles vivem. Quando eles morrem, eles morrem. Eles são inocentes. O tempo não chegou para corromper o ser deles.

Mas o homem vive no tempo. Ele é consciente de que ele é, mas ele não é consciente de quem ele é. E isso se torna um grande problema. Quem sou eu? Essa é a pergunta fundamental que homem algum consegue responder. A partir dessa pergunta fundamental surge toda a filosofia, toda a religião, toda a poesia, toda a arte. São diferentes maneiras de se levantar essa pergunta 'Quem sou eu?' e diferentes maneiras de respondê-la. Mas a pergunta é só uma: Quem sou eu?

Se você tentar compreender a vida do homem, você verá a persistência dessa simples pergunta. Sim, o homem que é louco por dinheiro também está tentando responder à pergunta 'Quem sou eu?'. Ele pensa que ao ter dinheiro ele saberá quem ele é, ele saberá que ele é rico. Ele terá uma certa identidade.

O homem que está buscando o poder está basicamente tentando responder à pergunta 'Quem eu sou?'. Ao se tornar o Primeiro Ministro de um país ele saberá que ele é o Primeiro Ministro.

Mas essas respostas são superficiais e não irão satisfazê-lo realmente. Elas podem satisfazer apenas ao medíocre. Elas não podem satisfazer a uma pessoa verdadeiramente inteligente. Mesmo quando você tiver se tornado muito rico, a sua inteligência persistirá em perguntar 'Quem é você? Sim, você tem dinheiro, mas quem é você? Você não é o dinheiro. Você não pode ser aquilo que você possui.

Quem é essa pessoa que possui? Sim, você se tornou o Primeiro Ministro de um país, mas aquilo é só uma função, aquilo não é o seu ser. Quem é você? Quem é essa pessoa que não era Primeiro Ministro e que agora é um Primeiro Ministro, e que amanhã talvez possa não ser mais? Essa função de Primeiro Ministro é só um episódio... na vida de quem?'
        
                                                 
OSHO - The Perfect Master
Fonte:http://www.oshobrasil.com.br

 

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