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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

MINHA PEQUENINA FLOR
EMPOEIRADA


Como estás empoeirada,
Pequenina flor à beira da estrada!
Quase nada mais se vê do delicado azul
Das tuas pétalas, pequenina miosótis.
E, no entanto, continuas a florescer,
Tranquila, serena,
Como se nada acontecera...
E, dia a dia, desatas novos botõezinhos –
Para serem novamente empoeirados
Pela profana brutalidade dos veículos humanos...
* * *
E a florzinha me olhava com seus olhos azuis,
E seu silêncio me falava
Com delicada reticência...
Compreendi a sabedoria do seu olhar.
Saboreei a filosofia do seu silêncio.
“Eu não floresço para ser vista por alguém,
Nem sou bela para ser aplaudida pelos transeuntes.
Floresço e sou bela porque esta é a minha missão,
O meu divino privilégio,
A minha inefável beatitude.
Não me movem motivos de fora,
Só me impele a natureza de dentro.
Entre aplausos ou entre apupos,
Com vivas ou com vaias –
Eu sou sempre a feliz miosótis!
Azul como uma nesga do céu
Arauta da Beleza infinita,
Representante do Deus do mundo
No mundo de Deus!
Aleluia!”... 



Huberto Rohden, em A Voz do Silêncio

 

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