RENÚNCIA POR PLENITUDE
Outrora, me era pavorosa a ideia de renúncia a que me convidavas, Mestre, porque renúncia me parecia sinônimo de pobreza e fraqueza.
E eu detestava ser pobre e fraco...
E eu detestava ser pobre e fraco...
Hoje, renunciar é para mim a mais poderosa afirmação de força e riqueza.
Só pode renunciar jubilosamente o homem que transborda de riqueza e plenitude interior.
Quem necessita de algo é um necessitado, um pobre indigente.
Quem de nada necessita, porque tudo possui, é milionário...
Só pode renunciar jubilosamente o homem que transborda de riqueza e plenitude interior.
Quem necessita de algo é um necessitado, um pobre indigente.
Quem de nada necessita, porque tudo possui, é milionário...
Ser forçado a renunciar é, certamente, escravização – mas renunciar espontaneamente é uma proclamação de suprema liberdade e independência.
Renunciar não é desertar, fugir, abandonar, separar-se externamente de pessoas e coisas.
Quem foge dá prova de fraqueza e medo, cônscio da prepotência daquilo que abandona.
Quem foge dá prova de fraqueza e medo, cônscio da prepotência daquilo que abandona.
A verdadeira renúncia, porém, é uma libertação interior, um espontâneo desapego de algo a que se está apegado, quer possuído, quer desejado.
É a libertação interior do apego à posse e do apego ao desejo da posse.
É uma gloriosa proclamação da soberania da substância divina no homem sobre todas as tiranias das circunstâncias humanas.
É a libertação interior do apego à posse e do apego ao desejo da posse.
É uma gloriosa proclamação da soberania da substância divina no homem sobre todas as tiranias das circunstâncias humanas.
Há homens interessadamente interessados.
Há homens desinteressadamente desinteressados.
E há homens desinteressadamente interessados.
Os da primeira classe são pobres escravos.
Os da segunda são tímidos desertores.
Os da terceira classe são homens corajosos e livres – tão completamente libertos da escravidão e do medo das coisas que podem possuir tudo sem serem possuídos de nada.
Há homens desinteressadamente desinteressados.
E há homens desinteressadamente interessados.
Os da primeira classe são pobres escravos.
Os da segunda são tímidos desertores.
Os da terceira classe são homens corajosos e livres – tão completamente libertos da escravidão e do medo das coisas que podem possuir tudo sem serem possuídos de nada.
A sua renúncia não os faz tristonhos, ásperos, desabridos, orgulhosos – mas cria neles e em torno deles uma atmosfera de simpatia e serenidade, um envolvente fascínio, uma leve e luminosa benevolência que atrai todas as almas sensíveis...
Quem é severo consigo mesmo é bondoso com os outros.
Quem é indulgente consigo é, geralmente, áspero com os outros.
Quem é indulgente consigo é, geralmente, áspero com os outros.
Quem estabeleceu dentro de si mesmo o grande Tratado de Paz e traz a alma repleta de riqueza e felicidade não necessita de correr freneticamente atrás dos pequeninos grãozinhos de ouro e migalhas de prazer que formam o cobiçado alvo da lufa-lufa dos profanos.
Não necessita de tomar parte nessa desenfreada caça aos bens terrenos, estender os braços, crispar os dedos e cerrar os punhos para se apoderar de algum farrapo, maior ou menor, daquilo que os inexperientes chamam prazer ou felicidade.
Quem possui em si a Causa eterna de todas as coisas sabe que os efeitos efêmeros não lhe faltarão, porque estes são produtos daquela.
Sabe por experiência pessoal que “procurar primeiro o reino de Deus e sua justiça” é “receber de acréscimo todas as outras coisas” compatíveis com a posse do reino de Deus.
É por isto, meu Mestre, que eu renuncio e aceito disciplina em todas as coisas da vida – porque sei que este é o único caminho para criar em mim vida abundante...
Sei que ninguém pode viver gloriosamente sem que tenha morrido espontaneamente...
Há homens escravizadamente escravos,
Há homens livremente livres,
E há homens livremente escravos.
Homens que renunciaram à sua liberdade – por amor...
Quem puder compreendê-lo, compreenda-o!
Há homens escravizadamente escravos,
Há homens livremente livres,
E há homens livremente escravos.
Homens que renunciaram à sua liberdade – por amor...
Quem puder compreendê-lo, compreenda-o!
Huberto Rohden, A Voz do Silêncio
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