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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A ARTE DE ARREPENDER-SE


Ou a Capacidade de
Renunciar às Fontes do Sofrimento

 Arrepender-se significa ser capaz de mudar
a direção das nossas ações

 
Não é muito frequente encontrar um texto sobre a utilidade prática do ato de arrepender-se. Até mesmo referências ao assunto são relativamente raras. [1]

O arrependimento pode ser definido como a capacidade de identificar, reconhecer, observar, extrair lições e abandonar – às vezes com profundo desgosto – os nossos erros. Esta é uma prática de grande importância em teosofia, e ela exige um certo grau de coragem.

O pensador indiano B. P. Wadia, um dos líderes históricos da Loja Unida de Teosofistas, escreveu sobre o arrependimento. Citando outro autor, ele disse que o ato de arrepender-se é:

“Uma força sem nome, que está acima dos cinco sentidos, e que mantém o coração puro. A estabilidade do ser humano depende da sua confiança nesta força, que também dá mais solidez a todas as boas intenções.” [2]

O arrependimento nada tem a ver com sentimentos negativos a respeito de si mesmo. Na verdade, constitui o seu oposto. É necessária autoconfiança e confiança na vida para que haja uma capacidade de olhar de frente para as fontes do sofrimento pessoal – e renunciar a elas.

O processo do arrependimento pertence ao mundo da ação. Ele inclui a capacidade de mudar para melhor a direção da sua existência pessoal e de compensar, pacientemente, a força acumulada dos erros passados.

Cada ser humano está sempre rodeado de oportunidades para aprender e renovar a sua vida, e isso inclui o caminho da sabedoria.

Um mestre dos Himalaias escreveu:

“Todo membro [do movimento teosófico] que se arrependa verdadeira e sinceramente deve ser aceito de novo.” [3]

A prática da renúncia aos erros pode ser posta em ação diariamente. Tanto a tradição pitagórica como os ensinamentos teosóficos convidam seus estudantes a fazer um exame diário das suas ações, durante o qual eles podem renovar a decisão de abandonar ações erradas e de expandir as ações corretas, perseverando no caminho da verdade.

 
A Arte de Pedir Desculpas


Resultado do arrependimento correto, o ato de pedir desculpas nos liberta do erro cometido. Não nos livra das consequências da ação infeliz; mas nos permite tirar lições e evitar a repetição.

Quando falhamos em relação a alguém, devemos pedir desculpas à pessoa com quem fomos injustos, e também devemos pedir desculpas, de algum modo, à nossa própria consciência interior.

Cabe rejeitar honestamente o erro. Isso faz bem à pessoa injustiçada, e faz bem à nossa alma. Não importa se a pessoa com quem fomos injustos também falhou: em teosofia um erro não justifica outro. A ação correta é incondicional. A ética não é uma troca entre comerciantes.

Cabe pedir desculpas silenciosamente, em nosso coração, às pessoas em relação a quem erramos. A correção interior do erro é válida mesmo na ausência das pessoas injustiçadas, e em qualquer ponto da linha do tempo: é eficaz inclusive muitos anos depois da injustiça acontecer. Nunca é tarde para rejeitar um erro e aprender a lição. Sempre é tempo para renascer.
 
 
Carlos Cardoso Aveline

 
 
 
NOTAS:

[1] Veja, no entanto, o artigo “Learning From the Feeling of Remorse” (“Aprendendo com o Sentimento de Remorso”), de Carlos Cardoso Aveline, que pode ser encontrado em nossos websites associados.

[2] Do artigo “Of Repentance”, de B. P. Wadia. O texto está disponível online.

[3] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes. Ver volume I, Carta 40, p. 187.
 
 
Fonte:  www.FilosofiaEsoterica.com
 

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