O AMOR E O APEGO
Possessividade é o falso amor. Por que o apego se parece com o amor? Qual a diferença? – o mecanismo é sutil.
Amar significa estar pronto para mergulhar no outro. É uma morte a
mais profunda morte possível, o mais profundo abismo possível; nele você
pode cair e continuar caindo, caindo. Não tem nenhum fim, não tem
nenhum fundo; é a queda eterna dentro do outro. Nunca termina. Amar
significa tornar o outro tão importante que você deixa de existir.
Amar é render-se incondicionalmente; se houver qualquer condição,
então você é importante, não o outro; você é o centro, não o outro. E se
você é o centro, então o outro é apenas um meio. Você utiliza o outro,
explora-o satisfaz-se, gratifica-se por meio do outro, mas você é a
meta. E o amor diz: faça do outro o fim dissolva-se, mergulhe. O amor é o
fenômeno mortal, um processo de morte. É por isso que as pessoas temem.
Nunca o penetra.
O amor é uma necessidade tão profunda que você não pode viver sem ele, seja real ou falso. O amor é como a morte, e se você tem medo da morte, terá medo do amor. E se você tiver medo da morte como poderá estar pronto para penetrar no amor?
Porque no amor não são apenas as roupas, a casa que mudam é você que
morre – a sua mente o seu ego. Esse medo da morte transforma-se em medo
do amor e o medo do amor transforma-se em medo da prece, da meditação.
Esses três acontecimentos são semelhantes a morte, o amor e a meditação.
A rota a ser tomada é a mesma. Se você nunca amou, não será capaz de
estar em prece, não será capaz de estar em meditação. Se você nunca amou
nem meditou, não compreenderá de modo algum a maravilhosa experiência
da morte.
Amor significa morte, mas apego não é morte. No amor o outro torna-se tão importante que você pode dissolver-se;
confia tanto no outro que não necessita ter sua própria mente – pode
colocá-la de lado. Por isso as pessoas dizem que o amor é louco, que é cego. É mesmo!
Não que seus olhos fiquem cegos, mas quando o ego está de lado, a sua
mente de lado, para todos os outros você parece cego, parece louco.
Você não pensa mais em si mesmo.
A confiança é tanta que já não há mais necessidade de pensar. O
amor é essa confiança, um dissolvimento do ego. O centro move-se para o
outro. A confiança é completa perfeita. E na confiança completa há
uma beatude, uma bênção. Até mesmo quando você pensa sobre isso, um
pequeno vislumbre do que pode ser aparece. Mas quando você chega a
sentir é tremendo não há nada igual. O ego então cria o truque, em vez
do amor e ego lhe dá o apego, a possessividade.
O amor diz: seja possuído; o ego diz: possua.
O amor diz: dissolva-se no outro: o ego diz: não permita que o outro se
mova em liberdade; corre da liberdade, transforme-o na sua sombra, sua
periferia.
O amor dá vida ao outro; o apego, a possessão o mata, tira-lhe a vida.
Quanto mais se ama, menos se teme. Quando o amor realmente é total não
há medo. Mas na possessão o medo cresce cada vez mais, porque quando
você possui uma pessoa sempre teme que ela o deixe – sempre há a
dúvida.
Osho em Nem água nem lua.
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