CITAÇÕES DE OSHO SOBRE A AIDS
Última Parte
O homem chegou num ponto onde descobre que o caminho acaba. Voltar é sem sentido porque tudo que ele tem visto, vivido, lhe mostra que naquilo não havia nada; tudo se provou sem sentido. Voltar não tem sentido; para seguir em frente, não existe estrada: encarando-o está o abismo. Nesta situação, se ele perde o desejo, a vontade de viver, isso não é imprevisto.
Tem sido provado
experimentalmente que se uma criança não é criada por pessoas amorosas –
a mãe, o pai, as outras crianças pequenas na família – se a criança não
é criada por pessoas amorosas, você pode lhe dar toda nutrição mas de
alguma maneira seu corpo vai encolhendo. Você está dando tudo que é
necessário – necessidades médicas são satisfeitas, muito cuidado está
sendo tomado – mas a criança segue encolhendo. É uma doença? Sim, para a
mente médica tudo é uma doença; algo deve estar errado. Eles
continuarão pesquisando os fatos, por que está acontecendo. Mas isso não
é uma doença.
A vontade de viver da criança ainda
nem surgiu. Ela precisa de calor amoroso, rostos alegres, crianças
dançantes, o calor do corpo da mãe – um certo meio social que lhe faça
sentir que a vida tem tremendos tesouros a serem explorados, que há
tanta alegria, dança, diversão; que a vida não é apenas um deserto, que
há imensas possibilidades. Ela deveria ser capaz de ver essas
possibilidades nos olhos que a circundam, nos corpos que a circundam. Só
então a vontade de viver brota – é quase como uma fonte. Caso
contrário, ela encolherá e morrerá – não de alguma doença física, ela
simplesmente encolherá e morrerá.
Estive em
orfanatos... Um de meus amigos, Rekhchand Parekh, em Chanda,
Maharashtra, geria um orfanato – havia cerca de cem a cento e dez
crianças lá. E vinham órfãos, de dois, três anos; as pessoas
simplesmente deixavam-nas em frente ao orfanato. Ele queria que eu fosse
ver o orfanato. Eu disse: "Em alguma outra hora eu vou vê-lo, porque
você sabe, seja lá o que for que haja lá me fará desnecessariamente
triste." Mas ele insistia, então uma vez eu fui, e o que eu vi... Eles
estavam tomando todo cuidado, ele estava derramando seu dinheiro nessas
crianças, mas elas estavam todas prontas para morrer a qualquer momento.
Havia médicos, havia enfermeiras, havia instalações médicas, havia
comida, havia de tudo lá. Ele havia dado seu próprio lindo bangalô – ele
mudou-se para um bangalô menor – um lindo jardim e tudo havia lá; mas a
vontade de viver não estava lá. Eu lhe falei: "Estas crianças morrerão lentamente."
Ele
disse: "Você está falando isso para mim? Tenho estado tocando este
orfanato por doze anos; centenas morreram. Temos tentado toda forma
possível de mantê-los vivos, mas nada parece funcionar. Eles continuam
encolhendo e um dia simplesmente não estão mais lá." Se houvesse uma
doença que o médico pudesse ajudar, mas não havia doença; simplesmente a
criança não tinha desejo de viver. Quando eu lhe disse isso, ficou
claro para ele. Ele imediatamente, naquele mesmo dia, doou o orfanato
para o governo e disse: "Tenho tentado ajudar estas crianças por doze
anos; agora sei que isso não é possível. O que elas precisam eu não
posso dar, então é melhor que o governo assuma." Ele disse para mim:
"Eu cheguei a este ponto muitas vezes, mas não sou um homem articulado
então eu não pude calcular o que era. Mas de uma maneira vaga eu estava
sentindo que algo estava faltando e isso continua matando-as."
A
AIDS é o mesmo fenômeno na outra ponta. A criança órfã encolhe e morre
porque sua vontade de viver nunca brota, nunca cresce, nunca se torna
uma corrente fluida. A AIDS está na outra ponta: Você repentinamente
sente que você é um órfão existencial. Este sentimento existencial de
ser um órfão causa o desaparecimento da sua vontade de viver. E quando a
vontade de viver desaparece, o sexo será a primeira coisa a ser afetada
porque sua vida começa com o sexo; ela é um sub-produto do sexo.
Então
enquanto você está vivo, latejante, esperançoso, ambicioso, e o amanhã
permanece a utopia – de forma que você possa esquecer todos os ontens
que foram sem sentido, você pode esquecer o hoje que também é sem
sentido... mas amanhã quando o sol nascer e tudo for diferente... Todas
as religiões lhe têm dado essa esperança.
Essas
religiões fracassaram. Embora você siga mantendo o rótulo – Cristão,
Judeu, Hindu – isso é só um rótulo. Por dentro, você perdeu a esperança,
a esperança desapareceu. As religiões não puderam ajudar; elas eram
pseudo. Os políticos não puderam ajudar. Eles nunca pretenderam ajudar;
era só uma estratégia para explorar você. Mas até quando esta falsa
utopia – política ou religiosa – pode ajudar você? Mais cedo ou mais
tarde, um dia o homem se tornará maduro; e é isso que está acontecendo. O
homem está se tornando maduro, consciente que tem sido enganado pelos
padres, pelos pais, pelos políticos, pelos pedagogos. Ele tem sido
simplesmente enganado por todo mundo, e eles o tem alimentado com falsas
esperanças. No dia em que ele amadurece e percebe isso, o desejo de
viver desmorona. E a primeira coisa ferida por isso será sua
sexualidade. Para mim, isso é AIDS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário