SÓ AS PESSOAS DOENTES
SÃO DESTRUTIVAS
Depois que a doença desaparece todo mundo vira criador. Isso deve ficar bem claro: só as pessoas doentes são destrutivas. As pessoas saudáveis são criativas.
A criatividade é um tipo de fragrância da verdadeira saúde. Quando uma
pessoa é realmente saudável, a criatividade vem naturalmente, a urgência
de criar aparece.
Quando você não compara, quando não compete, quando não é ambicioso,
quando não quer ser alguém que não é, acumula muita energia — porque
toda essa energia que estava sendo gasta na competição e no conflito não
é mais desperdiçada. Você passa a ser um reservatório. Dessa energia
vem a criatividade.
A criatividade não tem nada a ver com competição, ela tem a ver com
energia transbordante. William Blake está certo ao dizer: "Energia é a
eterna alegria". Quando você transborda de energia, fica incandescente e
chamejante de tanta energia, a própria energia vira criatividade. Você
começa a crescer, mas agora esse crescimento tem uma conotação
completamente diferente. Ela não tem objetivo algum — tem uma fonte, mas não um objetivo.
Agora você não está pensando em quem vai ser, não está perseguindo um
certo objetivo, um certo plano. Você é como um grande rio que, por meio
de sua força impetuosa, chega ao oceano. Nenhum rio está em busca do
oceano, mas os rios chegam ao oceano. E nenhum rio compete com os
outros, mas todos chegam ao oceano. Os rios chegam ao oceano graças à
água transbordante. Essa mesma energia é suficiente para levá-lo ao
oceano.
Você pode tornar-se um oceano de criatividade se estiver satisfeito.
Assim, a criatividade brota em você, cresce em você — não por um ideal,
mas só porque você tem mais do que o suficiente e precisa
compartilhá-la. Precisa cantar uma canção, porque o coração está tão
repleto e transbordante que você tem que vertê-lo em canções. Não pode
conter a energia, por isso o transbordamento acontece. Esse
transbordamento é a criatividade.
Osho
CRIATIVIDADE NÃO É UM ATRIBUTO
DA PERSONALIDADE
Vazio é criatividade: não há separação entre ambas as
coisas. Não é como se alguém primeiro tivesse de entrar em Vazio, e
então evocar a condição de criatividade, mas é a submersão no Vazio que
leva a pessoa, ipso facto, a se tornar
uma com a criatividade. E se esta última é um estado de graça — uma
dádiva do Céu, por assim dizer — e, portanto, para além da "Vontade",
então isso é exatamente o que se poderia esperar. Também podemos dizê-lo
da seguinte forma: as preocupações, os problemas psicológicos, os
conflitos, em resumo, o "ruído" constante da mente, que a impedem de
entrar no estado de Vazio, são o obstáculo — o único obstáculo — para o estado de criatividade.
Como o Vazio, a criatividade não é um atributo da personalidade, apesar
de expressar-se através da personalidade. A criatividade transcende o
ego e, na verdade, só chega a existir através da transcendência da
individualidade. Ao contrário, podemos dizer que o ego é que obscurece a
criatividade que não pertence a você nem a mim, nem a outra pessoa
qualquer. Portanto, é bastante tolo e denota presunção alguém
orgulhar-se da sua criatividade, ou de qualquer realização que venha
daí. A criatividade pertence ao mundo integral da inteligência: na
verdade, ela é a própria Inteligência, sempre que se possa manifestar —
seja no homem, seja no animal, sobre a terra ou no mai longínquo ponto
do espaço.
Como disse o Mestre Zen Hakuin: "Sem
saber quanto a Verdade está próxima, as pessoas procuram-na longe... é
uma pena!" Isso porque a criatividade que elas estão procurando e não
podem encontrar é, antes de mais nada, a criatividade manifestada
através da consciência, esta última compreendendo tanto o exterior como o
interior, ou, respectivamente, o universo e a criatura,
individualmente.
Seríamos poupados, de confusão, nesses assuntos, se estivéssemos cientes
da forma pela qual são usados os termos "interior" e "exterior", com
significado relativo ou absoluto. Se absoluto, eles não existem, mas seu
uso se justifica quando o sentido relativista ou empírico é claramente
entendido. Um bom exemplo deste último uso está na palavra "inspiração",
que pode ser tida como resumo da criatividade. Inspiração significa,
literalmente, retirar algo do exterior e,
assim, implica uma fonte externa da verdade, isto é, "externa" para o
ego. De onde, pensa o leitor, essa extraordinária energia vital poderia
vir, a não ser do eu? O indivíduo "inspirado" representa um paradoxo,
apenas para o dualista, não para o não-dualista, para o qual o
"indivíduo" isolado do resto da existência representa uma completa
miragem. Se, na verdade, não existe exterior nem interior, quando
observamos o indivíduo "inspirado" estaremos observando a criatividade
em ação. Esqueça o canal por onde veio essa criatividade, porque ele, de
fato, não existe.
Robert Powell
Nenhum comentário:
Postar um comentário