REFLEXÕES SOBRE
AS LEIS SUPERIORES
...Aqueles que compreendem o princípio do carma corretamente, que não o
distorcem como sendo
um destino externo independente, mas o veem como
uma força originalmente posta em movimento
por nossas ações, compreendem
também o importante papel desempenhado pelo sofrimento na vida das
pessoas.
É educativo ao invés de retribuidor…
A lei da recompensa poderia
ser melhor chamada de a lei
do reflexo. Isso é porque cada ato é
refletido de volta
para o seu executor, cada pensamento é refletido de
volta
à sua fonte, como se por um vasto espelho cósmico…
Uma vida que não
é direcionada a esse objetivo maior,
uma mente que está totalmente
desinteressada em se tornar uma participante da consciência do Eu
Superior - essas falhas silenciosamente censurarão uma pessoa tanto
durante a sua habitação corporal como na sua existência após a morte.
As
pessoas agem por interesse próprio, mas por ignorância
das leis
superiores, especialmente a do karma,
elas podem agir contra esse
interesse.
As pessoas deveriam ser advertidas de que causa e efeito
governam tanto no âmbito moral como no âmbito científico. Deveriam ser
treinadas desde a infância a levar esses princípios em consideração.
Deveriam ser levadas a se sentirem responsáveis por acionarem causas que
trazem sofrimento
ou que atraem problemas ou que levam à frustração.
Quando
as pessoas chegarem a compreender
que a lei da compensação não é menos
real
que a lei da gravidade, se beneficiarão imensamente.
Se a pessoa
realmente levar a sério a lei das consequências,
ela não vai voluntária
ou intencionalmente ferir outra pessoa.
E isto é assim primeiramente
porque
ela não vai querer ferir a si mesma.
É um absurdo tratar a ideia do karma como se fosse
alguma fantasia
Oriental distante. É simplesmente a lei
que torna cada homem responsável
por suas próprias ações
e que o coloca na posição de ter que aceitar os
resultados
que fluem a partir delas. Podemos chamá-la de
a lei da
autoresponsabilidade…
Se você quer mudar seu karma, comece mudando
sua
atitude: primeiro, com relação aos eventos,
pessoas e coisas
exteriores; segundo,
com relação a si mesmo.
Eventos e ambientes são
atraídos à pessoa em parte
de acordo com o que ela é e faz (carma
individual),
em parte de acordo com o que ela busca e precisa
(evolução),
e em parte de acordo com o que a sociedade,
a raça ou a
nação da qual faz parte é,
faz, precisa, e busca (carma colectivo).
Um
egoísmo calejado é um investimento sem retorno,
pois significa que em
tempos de necessidade
não haverá ninguém para ajudar;
nas horas de
sofrimento, ninguém para consolar.
O que distribuímos, recebemos
novamente.
O carma se expressa por meio de eventos que podem
parecer acidentes. Mas eles o são somente na superfície.
A
roda da vida continua girando e girando através de diversos tipos de
experiências e infelizmente estamos atados a ela.
Mas quando finalmente
ganhamos compreensão do que está acontecendo e poder sobre isso, somos
libertados.
As pessoas que alguém encontra, os eventos que confronta
e os
lugares que visita podem ser altamente importantes,
mas são, ao final,
menos importantes
que o pensamento da pessoa sobre eles.
Por ser
infinitamente sábia a Mente por trás
da vida do Universo, há sempre uma
razão
para o que acontece conosco. É melhor, portanto,
não censurar os
eventos adversos, mas tentar
descobrir porque estão lá.
Pode ser
consolador culpar os outros por eles,
mas isso não vai ajudar. Se
procurarmos as causas
dentro de nós mesmos, damos o primeiro passo
para
terminar com as adversidades;
se procurarmos fora, podemos prolongá-las
desnecessariamente.
Nós todos temos que aguentar as consequências
de
nossos atos passados. Isso não pode ser evitado.
Mas é óbvio que há bons
e maus atos. Podemos,
até certo ponto, anular aquelas consequências
introduzindo forças opostas através de novos feitos;
porém o quão longe
isso será verdadeiro
e variará de pessoa pra pessoa.
Aquele que tiver
conhecimento e poder,
que for capaz de praticar a meditação profunda
e
controlar seu caráter, necessariamente afetará aquelas consequências de
forma muito mais forte
do que aquele que carece dessas coisas.
A lei das
consequências é imutável e não caprichosa,
mas seus efeitos podem, às
vezes, ser modificados
ou até mesmo neutralizados pela introdução
de
novos motivos na forma de pensamentos
e ações opostas. Isto, obviamente,
envolve,
por sua vez, uma mudança brusca
na direção do curso da vida.
Chamamos
tal mudança de arrependimento.
Qual de nós tem o poder de mudar
as consequências
de suas ações anteriores? Podemos fazer as pazes,
podemos nos arrepender e realizar penitências.
Podemos combatê-las por
tipos opostos de boas ações.
Mas é o negócio do carma fazer-nos sentir
responsáveis
por aquilo que fazemos e aquela responsabilidade
não pode
ser evitada. Em certo sentido, porém,
há uma medida de liberdade, um
poder de criatividade,
sendo que ambos pertencem ao Eu Superior divino
que cada um de nós tem.
O carma entra em cena somente se a impressão
cármica
for forte o bastante para sobreviver. No caso do sábio,
por ele
tratar a vida como um sonho, por ver através dela
como aparência, todas
as suas experiências estão apenas na superfície. Sua profunda mente
interior permanece
intocada por elas. Portanto, ele não gera carma
a
partir delas, portanto está apto a, ao deixar
o corpo na morte, terminar
com a roda
de nascimento e morte para sempre...
Aconteça o que
acontecer, o Eu Superior ainda está lá
e o conduzirá através e para além
de seus problemas.
O que quer que aconteça com seus assuntos materiais,
acontece com seu corpo, não com o verdadeiro VOCÊ.
A parte mais difícil
é quando há pessoas dependentes de você. Mesmo assim, você deve
aprender a gentilmente
recomendá-las aos cuidados do Eu Superior, e não
tentar carregar todo o fardo sobre os próprios ombros.
Se ele pode
cuidar de você, pode cuidar delas também.
Paul Brunton
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