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domingo, 28 de junho de 2015

O BUDA REBELDE
- Parte  II -

 Quando Buda ensinou sobre essa natureza impermanente 
e composta (ou agrupada) da mente relativa, 
ele o fez com o objetivo de apresentar a seus discípulos
 a natureza última da mente: a consciência imutável, 
pura e não fabricada.

Aqui, o budismo se separa radicalmente de conceitos teológicos, como pecado original, que veem a humanidade 
como espiritualmente maculada por alguma 
violação herdada da lei divina. 

A visão budista afirma que a natureza de todos os seres 
é primordialmente pura e plena de qualidades positivas.
Quando acordamos o suficiente ao ponto de ver 
além de nossa confusão, percebemos que mesmo 
os nossos pensamentos e emoções problemáticos são,
 no fundo, parte dessa consciência pura.

Reconhecer isso nos leva naturalmente a uma experiência 
de relaxamento, alegria e humor. Já que tudo 
o que vivenciamos no nível relativo é ilusório, 
não precisamos levar nada tão a sério. 
Do ponto de vista do estado último, é como 
um sonho lúcido, a vívida brincadeira da própria mente.
Quando estamos despertos em meio a um sonho, 
não levamos nada do que ocorre no sonho muito a sério.
 É como dar uma volta nas atrações do Disney World.
 
Um brinquedo nos leva até o céu noturno, 
onde nos vemos rodeados de estrelas, com as luzes 
de uma cidade lá embaixo. É muito bonito 
e nos cativa demais, mas nunca tomamos como sendo real. 
E, quando entramos na casa assombrada, 
 fantasmas, esqueletos e monstros podem nos surpreender
 por um instante ou um por um pouco mais de tempo, 
mas eles também são engraçados, porque sabemos 
que nada disso é de verdade.
 
Da mesma forma, quando descobrimos 
a verdadeira natureza da nossa mente, 
somos liberados de uma ansiedade fundamental, 
uma sensação básica de medo e preocupação 
sobre aparências e experiências da vida. 
A verdadeira natureza da mente diz:
 “Por que se estressar? Relaxe e se sinta bem 
consigo mesmo.” A escolha é nossa, a não ser que
 tenhamos uma tendência extraordinariamente forte 
de lutar o tempo todo. Desse modo, até mesmo 
o Disney World se torna um local horrível. 
E isso também é escolha nossa. Nosso mundo moderno 
é cheio de opções: onde quer que estejamos, 
podemos escolher uma forma ou outra.

Muitas pessoas perguntam 
como é esse tipo de consciência.

Seria a experiência dessa natureza verdadeira 
semelhante à de se tornar um vegetal, 
entrar em coma ou sofrer de Alzheimer? 
Não. De fato, não é nada disso. Nossa mente relativa 
passa a funcionar melhor. Quando damos uma folga
para o nosso hábito constante de rotular, 
o mundo se torna límpido. Ficamos livres para ver 
com clareza; pensar com clareza e sentir a qualidade viva 
e desperta de nossas emoções. A abertura, a amplidão 
e o frescor da experiência fazem com que este seja um local muito bonito de se viver. Imagine-se no pico 
de uma montanha olhando para o mundo 
em todas as direções, sem obstruções. 
 É a isso que chamamos 
de experiência da natureza da mente.

   
Dzongchen Ponlop
 
 
 
 
Lutamos o tempo todo  com a vida, queremos moldá-la a nosso modo, não permitimos que ela flua levando-nos às experiências que são necessárias para crescermos. Apegamo-nos as pessoas, aos fatos, aos objetos, ao 'falso' poder  que supomos ter... Desejamos parar o tempo e reviver sempre aquelas experiências que nos deixaram 'felizes'... a vida não para, é como um rio que segue seu curso sem se importar com os obstáculos que possam surgir pelo caminho... vai moldando seu próprio leito. Não temos capacidade para deter a vida, então, por que não seguimos com ela, observando o que ela tem para nos ensinar? Somos aprendizes quer queiramos ou não. Não coloquemos obstáculos no curso da nossa vida, só servirão para nos atrasar, aborrecer, estressar... ela nos conduzirá não importa quanto tempo levaremos para nos entregar... seu poder é maior. "A escolha é nossa, a não ser que tenhamos uma tendência extraordinariamente forte de lutar o tempo todo". KyraKally

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