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sábado, 27 de junho de 2015

O BUDA REBELDE
- Parte I -
Quando ouvimos a palavra “buda”,
 o que nos vem à mente?

Uma estátua dourada? Um príncipe jovem sentado 
sob uma árvore suntuosa? Ou quem sabe Keanu Reeves
no filme O pequeno buda
Monges de cabelo raspado em suas vestes monásticas? 
Podemos fazer muitas associações ou nenhuma.
A maioria de nós está bem longe de qualquer 
conexão condizente com a realidade.

A palavra “buda”, no entanto, significa simplesmente “desperto” ou “acordado”. Não se refere a uma figura 
histórica particular, ou a uma filosofia ou religião.
Refere-se à própria mente. Sabemos que temos uma mente, 
mas como ela é? É desperta. E com isso não quero dizer
 apenas que ela “não está dormindo”. Quero dizer 
que a mente é realmente desperta, 
além de nossa imaginação.

Nossa mente é brilhantemente lúcida, aberta, 
espaçosa e cheia de qualidades excelentes: 
amor incondicional, compaixão e sabedoria, 
que nos fazem perceber as coisas como elas 
realmente são. Em outras palavras,
 nossa mente desperta é sempre uma boa mente, 
nunca está turva ou confusa. Nunca é atribulada 
por dúvidas, medos e emoções que muitas vezes 
nos torturam. Pelo contrário, nossa verdadeira mente
 é alegre, livre de todo sofrimento. 
É isso que realmente somos. Essa é a verdadeira 
natureza de nossa mente e da mente de todos os outros. 
Mas nossa mente não fica apenas parada sendo perfeita, 
sem fazer nada. Ela está brincando o tempo todo, 
criando os nossos mundos.

Se isso é verdade, então por que a nossa vida 
e todo o mundo não são perfeitos? Por que não somos 
felizes o tempo todo? Por que em um momento 
 estamos rindo e em outro estamos desesperados? 
E por que pessoas supostamente “despertas” 
discutiriam, brigariam, mentiriam, enganariam,
 roubariam e fariam guerras? O motivo é que, 
embora o estado desperto seja a verdadeira
 natureza da mente, a maioria de nós não o reconhece. 
Por quê? Algo se interpõe. 
Algo bloqueia a nossa percepção.

Claro, percebemos partes do estado desperto aqui e ali, 
mas, no momento em que o reconhecemos, 
repentinamente surgem outras coisas em nossa mente — 
Que horas são? Está na hora do almoço?
 Ah, veja, uma borboleta! — e, assim,
nosso discernimento se dissipa.

Ironicamente, o que bloqueia a nossa visão 
da verdadeira natureza da mente — nossa mente de buda
 é a própria mente, a parte dela que está sempre ocupada,
 que está constantemente envolvida em um fluxo contínuo 
de pensamentos, emoções e conceitos. Essa mente ocupada 
é o que acreditamos que somos. Ela é mais fácil de enxergar,
como o rosto de uma pessoa sentada bem à nossa frente.

Por exemplo, o pensamento que você está tendo agora 
pode ser óbvio para você, ainda que não o seja para a sua consciência. Quando você sente raiva, presta mais atenção 
ao que o irrita do que à própria fonte de sua irritação.

Em outras palavras, você percebe o que a sua mente 

está fazendo, mas não vê a própria mente. 
 Identificamo-nos com os conteúdos dessa mente ocupada — pensamentos, emoções e ideias — e acabamos pensando 
que todas essas coisas são nosso “eu” e que “somos assim”.

Quando fazemos isso, é como dormir e sonhar

 acreditando que as imagens no sonho são verdadeiras. 
Se, por exemplo, sonhamos que estamos sendo 
perseguidos por um desconhecido, isso nos é muito 
assustador e real. Porém, no momento em que acordamos,
tanto o desconhecido quanto os nossos sentimentos 
de medo simplesmente desaparecem 
e sentimos um grande alívio.
 Além disso, se já soubéssemos que estávamos 
apenas dormindo em nossa cama, 
não teríamos sentido medo algum.

Da mesma forma, em nossa mente comum, 

somos sonhadores que acreditam que os sonhos são reais. Acreditamos que estamos acordados, mas não estamos.
Pensamos que essa mente ocupada com pensamentos 
e emoções é quem realmente somos. Mas, quando 
acordamos, os enganos sobre quem somos — e 
o sofrimento que essa confusão cria — 
 desaparecem totalmente.


Dzongchen Ponlop



Quem já teve a experiência do "agora" está sempre nos convidando a observar nossos pensamentos, que na verdade são uma excelente ferramenta de ajuda, como também um grande entrave na nossa compreensão do Absoluto. Sendo o medo uma figura temporal existente apenas no passado e futuro, a qual utilizamos em nosso próprio malefício porque ignoramos a sua abrangência e dependência, pois nos movemos através de seus resultados fabricados pela mente pensante, essa mente onde se originam os nossos pensamentos e responde os nossos questionamentos de uma forma imediata, sem nos reservar tempo para reflexão, condicionando o nosso viver, influenciando as nossas atitudes... e pensamos que somos esses padrões. Não não somos, por isso precisamos estar atentos, precisamos ser 'observadores' de nós mesmos. Precisamos parar de sofrer. Deus não nos criou para isso. Ele nos fez a Sua imagem e semelhança.  "... nossa mente desperta é sempre uma boa mente, nunca está turva ou confusa. Nunca é atribulada por dúvidas, medos e emoções que muitas vezes nos torturam. Pelo contrário, nossa verdadeira mente é alegre, livre de todo sofrimento". Retornemos para essa mente. Estejamos sempre despertos! KyraKally
 

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