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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A RAZÃO SÓ PODE SER 
UM INSTRUMENTO, NÃO A META

Não podemos chegar à verdade pelo raciocínio.
O raciocínio é a tentativa de ser coerente, e a verdade,
por sua própria natureza, é incoerente. Você pode, entretanto, chegar à coerência pelo raciocínio. Pode raciocinar tão bem,
de maneira tão lógica, que se tornará impossível derrotá-lo
por argumentos. Mas perderá a Verdade.

 

Não sou filósofo ou um lógico, mas uso sempre a lógica.
Uso com o único propósito de conduzir seu pensamento
até o ponto no qual você possa ser destacado dele.

 

Enquanto o raciocínio não for exaustivo, não será possível superá-lo. Estou subindo uma escada, mas ela não é o meu objetivo; 
terei de abandoná-la. Só uso o raciocínio 
para conhecer o que está além dele. 


Não quero estabelecer
nada pela razão. Em vez disso,
o que eu quero é provar sua inutilidade.

 


Minhas afirmações, entretanto, são incoerentes e ilógicas,
por favor entenda que só estou usando um sistema
que as faz parecer assim. Estou preparando o terreno
para o que virá a seguir. Estou afinando os instrumentos;
a música ainda não começou.

 


Minha música original e única começa onde
a linha divisória entre a razão e a não-razão desaparece.
Assim que os instrumentos estiverem afinados,
a música começará. Mas não interprete mal a afinação
para a música; ou acabará criando dificuldades.

 


O raciocínio é só uma preparação para o que está além.
Uma das dificuldades que tenho é que aqueles
que aprovam o meu raciocínio descobrirão
daqui a pouco que os estou atirando numa área de escuridão. 


Até onde o raciocínio é visível há luz e as coisas
parecem claras e brilhantes. Mas então alguém dirá
que eu prometi a luz e agora estou falando
em conduzi-lo para a escuridão. Essa pessoa ficará
descontente comigo e dirá: "Gosto do que você disse até agora,

mas não posso prosseguir com você." Ela confiou em mim
por eu ter racionalizado a Verdade, mas então digo que ela
tem que ir além do raciocínio para chegar à Verdade.

 


Os que acreditam na fé também não me aceitarão,
não me seguirão, não caminharão comigo,
porque querem que eu fale somente sobre mistérios incompreensíveis. Esses dois tipos de indivíduos
terão problemas comigo. Os que creem na razão 

irão comigo até um certo ponto, 
enquanto aqueles que acreditam na fé,
que creem no irracional, não me seguirão de modo algum,

nunca compreenderão que só depois de me acompanharem 
até certo ponto, poderei levá-los ao não-pensamento.

 

Eu entendo isso. A vida é assim. A razão só pode ser um instrumento, não a meta. Eu farei sempre afirmações ilógicas depois de ter falado sobre assuntos absurdamente ilógicos. Essas afirmações parecerão incoerentes, mas foram
muito bem pensadas e não são feitas sem razão.
 

Da minha parte, existe uma razão clara.
A mente é uma grande trapaceira,
mas tem uma tremenda capacidade de iludir,
porque ela pode projetar. Ela pode lhe dar 

grandes utopias, grandes desejos, e vai sempre dizendo:
“Amanhã vai acontecer” – e nunca acontece.
 Nada acontece na cabeça
 – a cabeça não é o lugar para as coisas acontecerem.

 

Sentimos através do coração. Você está mais perto de casa – não ainda em casa, porém mais próximo. Quando você sente,
você é mais substancial, você tem mais solidez;
quando você sente, há a possibilidade de algo acontecer.
Não há nenhuma possibilidade com a cabeça,
há uma pequena possibilidade com o coração.

 

A coisa real não é o coração ainda.
A coisa real é mais profunda que o coração – é o umbigo. 
É o centro do ser.

 

Pensar, sentir e ser – esses são os três centros. 
Mas certamente o sentir está mais próximo do ser 
do que o pensar, e o sentir funciona como um método. 
Se você quiser descer da cabeça, precisará passar pelo coração – esse é o ponto de cruzamento onde as estradas se separam. Você não pode ir diretamente ao ser, não é possível; você precisará passar pelo coração. Assim, o coração deve ser usado como um método. 
Sinta mais e você pensará menos. 


Não lute contra os pensamentos, porque lutar contra 
os pensamentos significa novamente criar
 outros pensamentos de luta. Então, a mente nunca é derrotada.
Se você ganhar, foi a mente que venceu; se você for derrotado, você é o derrotado. Nunca lute contra os pensamentos;
 isso é inútil. Em vez de lutar contra os pensamentos, 
mova a sua energia para o sentir. Cante em vez de pensar,
 ame em vez de filosofar, leia poesia em vez da prosa. 
Dance, olhe a natureza, e tudo o que você fizer, 
faça-o através do coração. 


Por exemplo, quando você tocar alguém,
 toque com o coração, toque sentindo, deixe seu ser vibrar. 
Quando olhar para alguém, não olhe simplesmente com olhos mortos como pedra. Deixe sua energia verter através dos olhos e, imediatamente, você sentirá que algo está acontecendo no coração. É apenas uma questão de experimentar.
 O coração é o centro negligenciado. Quando você começa
 a prestar atenção nele, ele começa a funcionar. Quando ele começa a funcionar, a energia que estava automaticamente
 indo para a mente, começa a se mover através do coração.
 E o coração está mais próximo do centro de energia. 


O centro de energia está no umbigo – assim, bombear energia para a cabeça é, na verdade, um trabalho árduo. 
É para isso que existem todos os sistemas educacionais: 
para ensiná-lo a bombear energia do centro, 
diretamente para a cabeça. Para ensiná-lo a se desviar
 do coração. Dessa maneira, nenhuma escola, nenhum colégio, nenhuma universidade ensina a sentir. Eles aniquilam o sentir, porque sabem que, se você sentir, não poderá pensar. 


Se você sentir muito, então a energia ficará parada 
no centro do coração, não irá para a cabeça. 
Ela só pode ir para a cabeça quando o centro do coração 
é completamente negado. Ela tem de ir para algum lugar, 
tem de encontrar uma saída. Se o coração não for a saída, 
ela irá para a cabeça. 


De fato, todo o sistema educacional desenvolvido em todo o mundo é para ensiná-lo a evitar o coração e tornar-se mais e mais mental bobeando a energia diretamente para a cabeça. Assim, o amor é negado, o sentimento é negado, condenado – é quase um pecado sentir. A pessoa tem de ser lógica e racional,não emocional. 
Se você for emocional, as pessoas dirão 
que você é infantil – de certa forma, eles estão literalmente certos, porque só uma criança sente. 


Uma pessoa adulta instruída, culta, condicionada, para de sentir. Ela se torna quase seca, madeira morta – não flui mais nenhum sumo dali. Daí haver tanto sofrimento: o sofrimento é por causa da cabeça. A cabeça não pode celebrar, 
não há nenhuma celebração possível através da cabeça – ela pode pensar sobre e sobre e sobre, mas ela não pode celebrar. 
A celebração acontece através do coração. Assim, a primeira coisa é começar a sentir cada vez mais e mais. 


Torne-se uma morada de amor, um santuário de amor;
 este é o primeiro passo. Uma vez que é dado este primeiro passo, o segundo será muito, muito fácil. 

Primeiro, você ama – a metade da jornada está completa. 
E assim como é fácil mover-se da cabeça para o coração, 
é ainda mais fácil mover-se do coração para o umbigo. 
No umbigo você é simplesmente um ser, puro ser – sem sentir, sem pensar; você absolutamente não se movimenta. 
Esse é o centro do ciclone. Tudo se movimenta: 
a cabeça está se movimentando, o coração está se movimentando. 
O corpo está se movimentando. 
Tudo está se movimentando, tudo está em um fluxo constante. 

Apenas o centro de sua existência, o centro do umbigo,
 não se move – ele é o eixo da roda.




OSHO

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