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quinta-feira, 18 de junho de 2015

INTOXICAÇÃO DIVINA

Nós bebemos o vinho do nosso próprio sangue,
envelhecido nos barris de nossas próprias almas.
Nós daríamos nossa vida por um pequeno gole 
daquele néctar, nossas cabeças em troca 
de uma só gota.

Outra manhã!
Sirva o vinho!
A vida sem seu amor
não é nada senão morte lenta.
A decisão é sua -
Aceite o choro do silencioso rubah (raposa)
Ou suporte este coração que queima
repleto de pesar.

Oh irmão,
Tome um gole desta taça dourada -
Seu néctar irá transformar este mundo em um paraíso.
Beba, beba e ria da nuvem
que os outros chamam de desespero.

Estou tão embriagado
Que perdi a entrada e a saída.
Perdi a terra, a lua e o céu!
Não coloque outro copo de vinho na minha mão,
Coloque-o em minha boca -
Porque perdi o caminho da minha própria boca!

Nossa embriagues não vem do vinho.
A alegria do compartilhar
Não vem da corda do rubah.
 
Sem a beleza celestial para preencher nossos copos,
sem amigos, sem canto, sem vinho,
Nós queimamos como loucos
e rolamos embriagados sobre o chão.

Dizem que o paraíso será sublime
Com um precioso vinho que jorra sem parar
e com donzelas para encher nosso copo.
Por que não beber desse vinho agora?
Por que não nos juntarmos à dança agora?
Porque é assim que será de qualquer maneira.

"Oh irmão, traga o vinho puro
do amor e da liberdade."
"Mas mestre, um furacão está chegando."
"Mais vinho -
nós iremos ensinar a essa tempestade
uma coisa ou duas sobre giro!"

Sua dança me tomou hoje
e subitamente comecei a girar.
Todos os reinos giraram ao meu redor
em uma celebração infinita.
 
Minha alma perdeu seu controle
Meu corpo derrama sua fadiga
Ouvindo suas mãos batendo 
e o som de seu tambor ressoando
Eu flutuo em direção aos céus!

Uma centena de ondas quebra
sobre as águas do coração 
Levadas pelo vento do Samá
Qualquer coração que se junta às águas 
de todos os corações
irá ser destroçado neste vento
e gritará Samá!

O sufi está dançando
como os raios de sol quando brilham.
Dança do crepúsculo até a madrugada,
Eles dizem, "Isto é trabalho do demônio".
Certamente então, o Demônio com quem dançamos
é doce e alegre e ele mesmo é um girador em êxtase!

O mundo dança em volta do sol.
A luz da manhã surge
Girando com delícia.
Como pode alguém
Tocado por seu amor
Não dançar como um salgueiro?
O Amado, como o sol, irá brilhar.
O amante, como os átomos, irá girar.
Como a brisa da primavera
O amor balança a terra gentilmente -
Cada ramo, que não está morto, irá dançar.


Rumi 




"A condição fundamental de nossa existência é girante. Não há ser ou objeto que não se mova em giros, pois todas as coisas são compostas de elétrons, prótons e nêutrons, que giram em átomos. Tudo gira, e o ser humano vive por meio do girar destas partículas, pelo girar do sangue no seu corpo, o girar dos estágios de sua vida, pelo seu vir da terra e retornar a ela. Todos estes giros são naturais e inconscientes, mas o ser humano possui a mente e a inteligência que o distinguem de outros seres". Por isso Rumi, em suas poesias, está sempre a falar sobre girar ou balançar, pois esse é o movimento das partículas que compõem "tudo o que ocupa espaço e constitui unidade orgânica e inorgânica". Portanto ele "intencionalmente e conscientemente participa e compartilha o giro dos outros seres". KyraKally



Tudo o que ocupa espaço e constitui unidade orgânica ou inorgânica.

"corpos", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/corpos [consultado em 18-06-2015].
Tudo o que ocupa espaço e constitui unidade orgânica ou inorgânica.

"corpos", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/corpos [consultado em 18-06-2015].

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