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segunda-feira, 11 de maio de 2015

AJUDAI-ME, SENHOR, 
A TRANSFORMAR-ME!


Ó Deus da verdade, fazei-me
um convosco na eterna caridade!
Enfastia-me de ler e ouvir tantas coisas,
pois em vós acho tudo quanto
quero e desejo.
Calem-se todos os doutores, 
emudeçam todas as criaturas em Vossa presença;
falai-me somente Vós.

Fazei-me, ó Pai, mais simples de coração, 
assim, tantas mais sublimes coisas entenderei sem esforço,
porque do Alto receberei a luz da inteligência,
pois o espírito puro, singelo e constante
não se distrai em meio as múltiplas ocupações,
 porque faz tudo em Vossa honra,
sem buscar em coisa alguma
seu próprio interesse.

Concedei-me forças para vencer a mim mesmo
- na verdade esse deveria ser nosso empenho:
vencermo-nos a nós mesmos, 
tornarmo-nos cada dia mais fortes e progredirmos no bem,
pois toda a perfeição, nesta vida,
 é mesclada de alguma imperfeição e todas as luzes
são misturadas de sombras.
Ensinai-me a buscar o humilde entendimento
de mim mesmo, pois esse é o caminho
mais certo para Ti.

Fazei-me, Pai, perfeitamente morto para as coisas materiais 
e interiormente desimpedido, para poder criar gosto 
pelas coisas divinas e, experimentar as doçuras 
da celeste contemplação. Tornai-me livre das paixões 
e concupiscências; dai-me ânimo e esforço necessários 
para trilhar o caminho perfeito dos santos.
Segurai a minha mão para que pequenos contratempos 
não me desalentem completamente, 
levando-me a procurar consolações humanas.
 
Sou grato pelas aflições e contrariedades,
porque frequentemente fazem o homem refletir,
lembrando-me que vivemos no deserto e, 
portanto, não devo por sua esperança 
em coisa alguma do mundo. 
Obrigado, também, pelas contradições, 
que de nós façam conceito mau ou pouco favorável, 
ainda quando nossas obras e intenções sejam boas. 
Isto, ordinariamente, nos conduz à humildade
e nos preserva da vanglória; porque, então, 
mais depressa recorremos ao Vosso testemunho interior, 
quando de fora somos vilipendiados
e desacreditados pelos homens.

Fortificai minha fraca vontade e fazei-me 
olhar para mim mesmo, guardando-me de julgar
as ações alheias, pois quem julga os demais
perde o trabalho, quase sempre se engana
e facilmente peca; mas examinando-se
e julgando-se a si mesmo
trabalha sempre com proveito.
Avaliamos sempre as coisas segundo 
a inclinação do nosso amor-próprio, 
que facilmente nos altera a retidão do juízo.
Que Vós, Pai amado, sejais sempre
o único objetivo de meus desejos.

  Ajudai-me a tolerar, com paciência, 
aquilo que não posso emendar em mim mesmo 
ou nos demais, até que vós disponhais de outro modo. 
Estou certo que seja melhor assim para que possais 
testar minha paciência, sem a qual, 
meus méritos não têm grande valor.
Peço que me auxilie a aceitar e compreender,
com paciência, os defeitos e quaisquer imperfeições alheias, 
pois tenho também muitas, as quais os outros têm de aturar. 
Se não posso me modificar como desejo, 
como pretendo ajeitar os outros à medida de meus desejos?
 Muito almejamos que os outros sejam perfeitos e, 
nem por isso, corrigimos as nossas faltas.
 
Confortai-me, Senhor meu Deus,
no bom propósito e em vosso santo serviço; 
concedei-me começar hoje deveras,
pois nada é o que até aqui tenho feito.
Ergo meus olhos a Vós, que estais nas Alturas
e peço perdão pelos meus pecados e negligências. 
Fecho atrás de mim a porta e clamo a presença de Jesus amado. Permaneço com Ele em meu altar interno, porque tanta paz,
em outra parte, não encontrarei.

  Louvo a Vós, meu Deus e ao Vosso filho amado, 
que deu a Vida por nós pecadores, 
para nos mostrar e ensinar o Caminho da perfeição 
e as Verdades divinas.

   
 Amém!    



Texto extraído do livro 
“Imitação de Cristo”,
de Tomás de Kempis



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