AJUDAI-ME, SENHOR,
A TRANSFORMAR-ME!
Ó Deus da verdade, fazei-me
um convosco na eterna
caridade!
Enfastia-me de ler e ouvir
tantas coisas,
pois em vós acho tudo
quanto
quero e desejo.
Calem-se todos os doutores,
emudeçam todas as criaturas em Vossa presença;
falai-me somente Vós.
Fazei-me, ó Pai, mais
simples de coração,
assim, tantas mais sublimes coisas entenderei sem esforço,
porque do Alto receberei a luz da
inteligência,
pois o espírito puro,
singelo e constante
não se distrai em meio as
múltiplas ocupações,
porque faz tudo em Vossa honra,
sem buscar em coisa alguma
seu próprio interesse.
Concedei-me forças para vencer a mim
mesmo
- na verdade esse deveria
ser nosso empenho:
vencermo-nos a nós mesmos,
tornarmo-nos cada dia mais fortes e
progredirmos no bem,
pois toda a perfeição,
nesta vida,
é mesclada de alguma imperfeição e
todas as luzes
são misturadas de sombras.
Ensinai-me a buscar o humilde
entendimento
de mim mesmo, pois esse é o
caminho
mais certo para Ti.
Fazei-me, Pai,
perfeitamente morto para as coisas materiais
e interiormente desimpedido, para
poder criar gosto
pelas coisas divinas e, experimentar as doçuras
da celeste
contemplação. Tornai-me livre das paixões
e
concupiscências; dai-me ânimo e esforço necessários
para trilhar o caminho perfeito
dos santos.
Segurai a minha mão para que
pequenos contratempos
não me desalentem completamente,
levando-me a procurar
consolações humanas.
Sou grato pelas aflições e
contrariedades,
porque frequentemente fazem
o homem refletir,
lembrando-me que vivemos no
deserto e,
portanto, não devo por sua esperança
em coisa alguma do mundo.
Obrigado, também,
pelas contradições,
que de nós façam conceito mau ou pouco favorável,
ainda
quando nossas obras e intenções sejam boas.
Isto, ordinariamente, nos conduz à
humildade
e nos preserva da
vanglória; porque, então,
mais depressa recorremos ao Vosso testemunho
interior,
quando de fora somos vilipendiados
e desacreditados pelos
homens.
Fortificai minha fraca
vontade e fazei-me
olhar para mim mesmo,
guardando-me de julgar
as ações alheias, pois quem
julga os demais
perde o trabalho, quase
sempre se engana
e facilmente peca; mas
examinando-se
e julgando-se a si mesmo
trabalha sempre com
proveito.
Avaliamos sempre as coisas
segundo
a inclinação do nosso amor-próprio,
que facilmente nos altera a retidão do
juízo.
Que Vós, Pai amado, sejais
sempre
o único objetivo de meus
desejos.
Ajudai-me a tolerar, com
paciência,
aquilo que não posso emendar em mim mesmo
ou nos demais, até que vós
disponhais de outro modo.
Estou certo que seja melhor assim para que possais
testar minha paciência, sem a qual,
meus méritos não
têm grande valor.
Peço que me auxilie a
aceitar e compreender,
com paciência, os defeitos
e quaisquer imperfeições alheias,
pois tenho também muitas, as quais os outros
têm de aturar.
Se não posso me modificar como desejo,
como pretendo ajeitar os
outros à medida de meus desejos?
Muito almejamos que os outros sejam perfeitos
e,
nem por isso, corrigimos as nossas faltas.
Confortai-me, Senhor meu
Deus,
no bom propósito e em vosso
santo serviço;
concedei-me começar hoje deveras,
pois nada é o que até aqui
tenho feito.
Ergo meus olhos a Vós, que
estais nas Alturas
e peço perdão pelos meus
pecados e negligências.
Fecho atrás de mim a porta e clamo a presença de Jesus
amado. Permaneço com Ele em meu altar interno, porque tanta paz,
em outra parte, não
encontrarei.
Louvo a Vós, meu Deus e ao
Vosso filho amado,
que deu a Vida por nós pecadores,
para nos mostrar e ensinar
o Caminho da perfeição
e as Verdades divinas.
Amém!
Texto extraído do livro
“Imitação de Cristo”,
de Tomás de Kempis
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