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domingo, 25 de fevereiro de 2024

  A FUNÇÃO DO SOFRIMENTO - II

Última parte

O mais temido dos sofrimentos

O sofrimento físico costuma ser o mais temido pela maioria das pessoas. Quando é agudo ou prolongado, normalmente é consequência da nossa recusa em atender o chamado espiritual em tantas oportunidades que tivemos de reconhecê-lo.

Nossa atitude diante do sofrimento determina muito do que sucederá. Quando é compreendido e aceito e quando modificamos na própria vida o que a enfermidade está indicando como  desequilíbrio, as células aprendem a conviver com a dor. Adquire-se, então, certa imunidade a ela.

Isso aconteceu com alguém que conhecemos. Era uma pessoa que tinha um mal no cérebro que lhe provocava terríveis dores. Desenvolveu grande compreensão pela doença e pela própria vida e, antes de partir deste mundo, enviou-nos a mensagem de que havia aprendido a conviver com a dor.

Mesmo se a dor chega ao limite do suportável, ameniza-se quando é aceita, e pode-se então experimentar uma paz inédita. Foi isso que aconteceu com outra pessoa que conhecemos. Devido a um tumor maligno no abdômen, tinha dores pungentes. Relatou-nos que a certa altura elas desapareceram, e foi como se o ego humano houvesse desaparecido também. Tomou consciência de si em outro plano de existência. Seus sentidos internos se abriram, e ela percebeu ter atingido o que as pessoas buscam sem jamais encontrar: uma paz além de toda compreensão. Foi uma experiência, segundo ela, inesquecível.

Essas vivências são de pessoas comuns, que nada têm de especiais. São testemunhos de gente como nós, não de santos ou de yogis de elevada evolução, que podem estar preparados para ter controle até sobre a própria dor.

Mas há também outro grau de experiência com o sofrimento físico, vivida pelos que estão identificados com a evolução geral, do universo: por meio da dor, suas células desabrocham, reconhecem a própria luz interna e une-se a ela. É como se cada célula do corpo entrasse em êxtase, trazendo a esses seres uma profunda vivência mística, em que o espírito se revela na sua contraparte,a matéria.

O sofrimento da humanidade

Pelo sofrimento, o homem deixa para trás o que não tem mais valia para ele. Porém, à medida que sua consciência se expande, deixa-se de polarizar-se em seus próprios problemas. Pode, então, ajudar na transformação dos sofrimentos dos demais. Vai assumindo parte do sofrimento da humanidade, pois agora sabe que todos são corresponsáveis por ele.

Sendo a humanidade una, o que alguns fazem se reflete em todos os demais, e enquanto houver agressividade o sofrimento do mundo será notável. Assim, mesmo que não estejam diretamente envolvidos com a indústria bélica, por exemplo, há indivíduos que assumem a transmutação de parte do sofrimento causado gerado pelo uso de armas.

Alguns sofrimentos da raça humana tiveram origem em seu remoto passado. Podemos citar as dores do parto, consequência da opção pela reprodução sexuada, feita nos primórdios deste planeta. Existiam outras formas de reprodução, mas a humanidade desejou a sexuada,e as dores do parto, então, associaram-se a ela.

Certas almas evoluídas ofertam-se para aliviar o sofrimento coletivo, mesmo sem ter responsabilidade direta ou indireta pela situação mundial. São almas de compaixão. Encarnam e sofrem não por desequilíbrios que geraram, mas para ajudar a humanidade a dissolver seus débitos cármicos.

Além da dor e do sofrimento

Estar diante do sofrimento de forma positiva é viver com consciência o que ele nos traz. Para isso é necessário renunciarmos a conceitos, expectativas e hábitos. Com essa simplificação ficamos aptos a nos aproximar definitivamente da cura.

Mantendo-nos em uma nova posição durante o sofrimento físico, permeamos o corpo como reconhecimento de que ele é uma vestimenta da essência espiritual. Isso muda a sua condição, pois deixamos de tratá-lo apenas como um corpo animal e passamos a vê-lo como parte de uma vida maior e como envoltório de algo precioso, imaterial.

Sem rejeitarmos o sofrimento, mas aceitando-o inteligentemente e seguindo o que ele nos indica, permitimo-nos que a energia interna remova o que impede de expressar-se. Essa atitude positiva pode ser fortalecida quando agradecemos pela purificação que o sofrimento realiza em nós, quando sabemos reconhecer o que a vida com sabedoria nos oferece.

Com base em palestras de Trigueirinho
publicado pela Editora Irdin

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