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terça-feira, 8 de março de 2022

 LIVRE-ARBÍTRIO, UM ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO
DA EVOLUÇÃO HUMANA

“Entenda que nada acontece a menos que seja a vontade de Deus,
e faça o que quiser. O que pode ser mais simples do que isso?
O verdadeiro amor de Deus significa render-se a ele, sem querer nada, nem mesmo a salvação”. (Ramesh Balsekar)
 
O livre-arbítrio existe apenas num estágio intermediário da evolução humana na Terra. Na verdade, enquanto primitivo, o homem não escolhe: segue os impulsos das forças que compõem os seus corpos, e seu destino é traçado de maneira estrita pela lei cármica material. Não há, ainda, participação do eu interior na determinação desse destino. Já no indivíduo de evolução média, cujas forças do desejo e do pensamento disputam entre si a soberania sobre suas ações, o livre-arbítrio atua. Esse confronto permanece até que o pensamento prevaleça e, vencendo, renda-se à vontade do espírito, numa etapa mais avançada.

Nos seres em que a alma assumiu um controle relativamente seguro sobre a personalidade, o livre-arbítrio, apesar de ainda existir, deixa de preponderar, pois os fatos de real importância, seja para a evolução deles, seja para o serviço que devem prestar, são determinados pelos seus núcleos mais profundos e pelas Hierarquias que os conduzem; assim, leis superiores passam a reger os passos desses indivíduos, substituindo a lei do carma material.

Inúmeros níveis de evolução coexistem na Terra e elevam-se à medida que a consciência dos homens penetra e se estabiliza em patamares superiores. Essas elevações expandem a abertura do planeta às emanações cósmicas que lhe revelam realidades insondáveis. Assim, informações sobre as leis superiores são transmitidas aos homens não para aumentar o seu acervo de conhecimentos, mas para que possam servir melhor e tornar-se então colaboradores no cumprimento da Meta do Universo.

Veja-se:

Após uma forte chuva, o mundo pôde contemplar a beleza de um arco-íris. Resplandecendo de um a outro ponto do horizonte, era uma profunda e singela expressão de harmonia. Porém, o Verde que ressaltava em seu meio começou a se perguntar se aquele era realmente o seu lugar e decidiu deixar sua posição para ir ao encontro do que julgava caber-lhe.

Feito isso, de imediato as folhas de todas as plantas perderam a cor, enquanto o esmeralda dos mares profundos e das flores de rochas perdeu a vivacidade. O Verde iniciou uma caminhada pelo mundo procurando a si mesmo e sua meta. Muito peregrinou sem que pudesse conseguir uma síntese definitiva. Cada vez ficava mais perdido, pois ao decidir fazer o que lhe parecia conveniente e ao procurar uma referência externa não deixava surgir sua real expressão, gerada pela simplicidade do viver.

Aconteceu, todavia, de após uma forte chuva o Verde olhar para o céu e nele ver separados dois blocos do arco-íris: de um lado estavam o Vermelho, o Laranja e o Amarelo; do outro, o Celeste, o Azul-Profundo e o Violeta. Surpreso com essa disparidade, perguntou o que havia ocorrido. O Amarelo, então, respondeu-lhe:

– Não vês que ao te retirares, tu que és a ligação entre mim e o Azul, não mais podemos estar todas as cores unidas? Onde andaste que não tinges os campos e os mares, as pedras e as mesclas de tons que o crepúsculo cria nas tardes de verão?

– Estive procurando a mim mesmo e a minha realidade...

– Onde pensaste encontrar o que és, senão naquilo para que foste criado?

E, assim, o Verde pôde saber que todos são parte de uma mesma obra da Criação e que cada um poderá reconhecer sua verdade quando abdicar de suas dúvidas, quando viver com alegria o que lhe for oferecido. Afinal, de que vale criar uma imagem do que não tem forma apenas para contentar a mente?

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br     

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