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sábado, 21 de dezembro de 2019

PARA QUE SERVE O YOGA

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Para que você quer o yoga? 
Para ter poder? 
Para ter paz e calma? 
Para servir a humanidade? 
 
 
Nenhum desses motivos é suficiente para mostrar que você está pronto para o Caminho. A pergunta que você tem de responder é esta: Você quer o yoga para o bem do Divino? É o Divino o fato supremo de sua vida, de tal modo que é impossível viver sem ele? Você sente que sua razão de ser é o Divino e que não há sentido em sua existência sem ele? Se for assim, então pode-se dizer que você tem um chamado para o Caminho.

Esta é a primeira coisa necessária – aspiração pelo Divino. A coisa seguinte que você deve fazer é cuidar dessa aspiração, mantê-la sempre alerta e desperta e viva. E para isso requer-se concentração – concentração no Divino com o objetivo de uma absoluta consagração a sua Vontade e Propósito.
 
Concentre-se no coração. Entre nele, cada vez mais profundo, o mais que puder. Junte todos os fios de sua consciência que estão espalhados e mergulhe. Ali queima um fogo, na profunda quietude do coração. É a divindade em você – seu verdadeiro ser. Ouça sua voz, siga o que ela diz.

Existem outros centros de concentração, por exemplo, um sobre a cabeça e outro entre as sobrancelhas. Cada um tem sua propria eficácia e lhe dá um resultado particular. Mas o ser central está no coração e do coração provêm todos os movimentos e todo o dinamismo, a urgência da transformação e poder de realização.


Pergunta: O que fazer para se preparar para o Yoga?

Seja consciente, em primeiro lugar. Somos conscientes de apenas uma porção insignificante de nosso ser; somos inconscientes da maior parte. É a inconsciência que mantém nossa velha natureza e evita a mudança e a transformação nela. É através da inconsciência que forças não divinas entram em nós e nos fazem seus escravos. Você deve estar consciente de si mesmo, deve estar desperto para sua natureza e seus movimentos, deve saber por que e como faz as coisas, ou as sente ou pensa nelas. Você deve entender seus impulsos e motivos, as forças escondidas e aparentes que o movem.

Estando consciente, pode ver as forças que o puxam para baixo ou as que o ajudam. E quando souber o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o divino e o não divino, deverá agir de acordo com esse conhecimento, isto é, rejeitar um e aceitar o outro. A dualidade se apresentará a cada passo e a cada passo você terá que fazer sua escolha. Terá que ser paciente, persistente e vigilante; deverá sempre recusar-se a dar qualquer oportunidade para o não divino contra o divino.


Pergunta: Quais são os perigos do Yoga?

Tudo depende do espírito com que você se o aborda. O Yoga se torna perigoso se você quiser praticá-lo com um objetivo egoísta, para servir a uma finalidade pessoal. Não é perigoso se você abordá-lo com um sentido de ser sagrado, sempre lembrando que o objetivo é encontrar o Divino.

Perigos e dificuldades vêm quando as pessoas praticam o Yoga, não pelo Divino, mas porque querem adquirir poder e sob o disfarce do Divino buscam satisfazer alguma ambição. Se você não puder se libertar da ambição, não toque a coisa. Ela é fogo que queima.
 
Existem dois caminhos de Yoga, um de disciplina e o outro de entrega. O caminho da disciplina é árduo. Aqui você confia apenas em si mesmo, prossegue com sua própria força. Você sobe e conquista de acordo com a medida de sua força. Há sempre o perigo de queda. E uma vez caído, fica em pedaços no abismo e dificilmente consegue recuperar-se.

O outro caminho, o da entrega, é seguro e certo. É aqui que os ocidentais encontram sua dificuldade. Eles foram ensinados a temer e evitar tudo que ameaça sua independência pessoal. Beberam com o leite de suas mães o sentido da individualidade. E entrega significa abandonar tudo isso.

Em outras palavras, você pode seguir, como diz Ramakrishna, o caminho do macaquinho ou o caminho do gatinho. O macaquinho se segura em sua mãe para ser levado, e deve segurar firme, do contrário cairá. Por outro lado, o gatinho não segura sua mãe, mas é segurado por ela e não tem medo ou responsabilidade; ele nada tem a fazer senão deixar a mãe leva-lo e chorar: ma ma.

Se você tomar o caminho da entrega de maneira total e sincera, não há mais perigo ou dificuldade séria. A questão é ser sincero. Se você não for sincero, não comece o Yoga. Se você lida com assuntos humanos, pode recorrer à fraude; mas ao lidar com o Divino, não há qualquer possibilidade de fraude. Você pode seguir com segurança no Caminho quando for cândido e totalmente sincero e quando seu único objetivo é realizar o Divino e ser movido pelo Divino.

Existe um outro perigo; está na conexão com os impulsos sexuais. O Yoga em seu processo de purificação vai expor à luz e jogar para cima todos os impulsos e desejos escondidos em você. E você deve aprender a não esconder as coisas nem deixá-las de lado, tem de encará-las e conquistá-las.

Entretanto, o primeiro efeito do Yoga é retirar o controle mental, de modo que os desejos latentes são de repente liberados, sobem e invadem o ser. Enquanto esse controle mental não for substituído pelo controle Divino, há um período de transição no qual sua sinceridade e entrega serão testadas.

A força de tais impulsos, como os do sexo, está no fato de as pessoas se preocuparem demais com eles; elas protestam e procuram controlá-los à força, os prendem no interior e sentam-se sobre eles. Mas quanto mais você pensa em algo e diz, “Não quero, não quero”, mais você se liga a isso. O que você deve fazer é manter a coisa longe de si, dissociar-se dela, permanecer indiferente e sem preocupar-se com ela.

Os impulsos e desejos que sobem pela pressão do Yoga devem ser encarados com um espírito de desapego e serenidade, como algo estranho a si mesmo ou pertencendo ao mundo exterior. Devem ser oferecidos ao Divino, para que o Divino possa tomá-los e transmutá-los.

Se alguma vez você se abriu ao Divino, se o poder do Divino alguma vez desceu em você, e mesmo assim você tenta manter as velhas forças, prepara problemas, dificuldades e perigos para si. Deve estar vigilante e cuidar para que não use o Divino como um disfarce para a satisfação de seus desejos.

Existem muitos Mestres auto-designados que não fazem outra coisa. E quando você sai do caminho correto e tem um pouco de conhecimento e não muito poder, é agarrado por seres ou entidades de um certo tipo, torna-se um instrumento cego nas mãos desses seres e é devorado por eles no fim.

Onde houver fingimento, há perigo; você não pode enganar a Deus. Você vem a Deus dizendo, “Quero união contigo” e em seu coração pensa “Quero poderes e prazeres”? Cuidado! Está se dirigindo direto para a beira do precipício. Mas é tão fácil evitar toda catástrofe. Torne-se como uma criança, entregue-se à Mãe Divina, deixe-A carregá-lo, e não há mais perigo para você.

Isso não significa que você não tem de enfrentar outros tipos de dificuldades ou que não tem de lutar e conquistar outros obstáculos. A entrega não assegura um progresso contínuo e suave. A razão é que seu ser ainda não é integral, nem sua entrega é absoluta e completa. Apenas uma parte sua se entrega; e hoje é uma parte e no dia seguinte é outra.

Todo o propósito do Yoga é juntar todas as partes divergentes e transformá-las numa unidade. Até então você não pode esperar estar sem dificuldades, tais como a dúvida, a depressão ou a hesitação.

O mundo todo está cheio de veneno. Você o ingere a cada respiração. Se trocar algumas palavras com uma pessoa indesejável ou mesmo se ela meramente passar por você, pode ser contagiado. É o suficiente se você ficar perto de um lugar onde existe uma praga para ser infectado com seu veneno. Você pode perder em poucos minutos o que levou meses para ganhar.

Enquanto você pertencer à humanidade e levar uma vida comum, não importa muito se se mistura às outras pessoas; mas se quer a vida divina, terá de ser muito cuidadoso com sua companhia e seu meio ambiente.
 
 
A Mãe (Mira Alfassa) do Sri Aurobindo Ashram
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com
 

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