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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

'MEU JUGO É SUAVE
E MEU PESO É LEVE'



Como é que nós podemos compreender a linguagem do divino Mestre?
 
Ele, que é considerado nos autos das religiões e nas igrejas como o rei dos mártires? E nós não somos candidatos ao martírio!…
 
Ele que foi perseguido mesmo antes de nascer! Nem nasceu numa casa decentemente humana, mas num estábulo de animais.
 
E como é que a vida dele foi suave e o peso leve e não jugo amargo e peso pesado?
 
Depois de nascer quiseram matá-lo, ele teve que fugir para terras estranhas e lá ficar diversos anos para não ser morto. E depois que voltou destas terras, se escondeu lá nas montanhas da Galileia numa pobre carpintaria; e lá ficou até os 30 anos porque o mundo não o quis. Não havia lugar para ele.
 
Finalmente entrou na vida pública. E o martírio continuou pior do que nunca. Reuniu os discípulos, curou os doentes, ressuscitou os mortos, disse grandes verdades…
 
E o que o mundo disse dele? Que ele era um subversivo, ele era inimigo do governo romano, proibia de dar tributo a César. Era um blasfemo, aliado de satanás, trabalhou na magia negra para curar… Foi considerado louco…
 
Tudo isto seus inimigos disseram dele. Isto é vida suave e peso leve?…
 
Se não somos do espírito do Mestre, se ainda andamos nos caminhos tortuosos do nosso ego em que tudo isto é horrível, ser atraiçoado pelos amigos, ser vilipendiado pelos inimigos, ser abandonado por todos, ser traído com um beijo, ser condenado, açoitado, crucificado e morto… Isto, nós não podemos compreender porque não somos realmente discípulos dele.
 
Esta é outra linguagem, não é a linguagem de todos nós, por isto não o podemos compreender. E há dois mil anos esta linguagem paradoxal do Mestre ecoa no seio da humanidade.
 
Alguns de nós já chegaram ao ponto de compreender isto. Viveu lá na longínqua Índia, um discípulo do Cristo, que não era oficialmente seu discípulo, mas era verdadeiramente seu discípulo, e disse ele: – “nunca ninguém me ofendeu, eu não tenho que perdoar nada a ninguém, nunca ninguém me ofendeu”.
 
Sempre um ou outro compreendeu a linguagem que ele disse aos seus discípulos, mas muitos não compreenderam nada.
 
Quando Judas avançou contra o Mestre, o atraiçoou com um beijo, e o entregou à legião de inimigos ele disse: “– amigo, a que vieste”? Ele não avançou nele, ele não mandou avançar.
 
Lá da Índia alguém compreendeu isto e alguns também compreenderam. Não se vinga dos seus inimigos, nem sequer perdoa os seus inimigos, simplesmente não toma nota da ofensa.
 

Este texto é a síntese de uma brilhante palestra de Huberto Rohden dada em retiro.
 
https://ihgomes.wordpress.com

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