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quinta-feira, 28 de março de 2019

PRECISAIS LIBERTAR-VOS 
DE TODAS AS GAIOLAS


... A libertação é o atingimento do indivíduo, é tarefa do indivíduo. Se vos esforçardes por fazer daqui uma filosofia, um sistema, ou um dogma, torná-lo-eis aplicável ao todo quanto não o é; é questão de percepção individual, de luta individual e individual esforço para entender claramente.
 
A libertação é para ser atingida por toda a humanidade e, por conseguinte, por todo indivíduo separadamente. Precisais libertar-vos de todas as gaiolas. Precisais vos libertar da gaiola que vierdes a fazer daquilo que eu vos estou dizendo. Fareis disto uma muleta ou uma gaiola que vos permita fugir a certas coisas que vos causam dor? Se, fizerdes do que vos estou dizendo uma muleta ou uma gaiola, ficareis tão escravizados, tão longe da libertação como o estáveis antes. Esforçai-vos para tornar isto perfeitamente claro por vós mesmos e, mediante a vossa percepção interna, animai a vós mesmos a fazer este esforço que há de esclarecer vossa visão e proporcionar-vos entendimento e reta compreensão.
 
Como estava dizendo, a vida, que é tudo, livre e incondicionada, na qual existe a semente de todas as coisas, é o “Eu” eterno, universal. Estou me esforçando para reduzir a palavras algo que jamais pode ser posto em termos, porém não façais disto um dogma.
 
Para chegar à vida, que é livre, que é incondicionada, que é todo conservadora e, no entanto, não pode admitir em si mesma nada que seja impuro, corruptível, imperfeito, vós, como indivíduos, como eus separados dessa vida, precisais criar a harmonia dentro de vós mesmos e, assim, tornar-vos unidos com a vida que é livre. Por outras palavras: Vós, individualmente — se como “Eu” progressivo se como “Eu” universal é coisa que não nos deve preocupar de momento — precisais ser incorruptíveis; vós, como indivíduos necessitais ser livres, pois que em vós essa vida universal deve estar centralizada. Assim como a verdade não pode ser rebaixada, como não pode ser limitada por sistemas de moral, por cultos, por deuses, por santuários, vós, como “Eu” individual, tendes que abandonar essas limitações do medo, do conforto, e, pela eliminação, estabelecer a harmonia dentro de vós.
 
Tendes que vos tornar vosso legislador único, e manter-vos libertos de todas as autoridades exteriores, libertos de todo o medo. Dado que sois plenamente responsáveis por vós próprios, tendes primeiro que perceber esta visão de toda a vida, tomando a esta, que eu digo ser liberdade, estabelecer vossa lei de acordo convosco próprio e não de acordo com outrem. No final das contas, não me podereis dizer a mim o que é que eu devo fazer e o que não devo; e eu também, por minha vez, não vos irei dizer o que deveis e o que não deveis fazer. Porém, todos vós sabeis, se houverdes sofrido, se houverdes observado, se estiverdes presa da dor, em grande isolamento e solidão ou em grande companhia, que toda a vida — individualmente, bem como a vida toda que vos rodeia — deve culminar, finalmente, nessa vida que é, que não tem começo nem fim. Sabendo ser esta a meta final — se me é dado usar esta palavra sem estabelecer nisto limitação — podereis, então, desenvolver uma certa qualidade interna de verdadeira e apropriada percepção, que atuará como vosso legislador.
 
Esta é a modalidade única pela qual vos podeis tornar livres, de modo a vos não atemorizardes com as circunstâncias, com os convencionalismos, quanto ao que outras pessoas dizem e pensam. Se por vós mesmos estiverdes certificados com a certeza nascida da reta compreensão, que tem sua semente na imortalidade, da liberdade à qual toda a vida tem de chegar, dela derivareis vossa força para caminhar retamente. Então não mais precisais vos atemorizar, não mais vos preocupareis com a criação de dogmas e filosofias.
 
Para chegar a esta percepção da liberdade, tendes que passar pelo processo de eliminação. Quando digo “tendes que passar”, por favor, não o façais pelo fato de eu vos haver solicitado. Estais aqui porque desejais compreender, por julgardes que eu atingi e que vos posso auxiliar. Na realidade, não vos posso ajudar, porém posso vos tornar clara a percepção disto, de modo a poderdes, pela vossa própria força, lutar pela sua conquista e vos tornardes homens livres e incondicionados. Não podeis perceber essa visão da vida com todos os vossos emaranhados, e sem essa percepção nada podeis executar. Eu não sei o que é que vos impede de eliminar todas as coisas inúteis e não-essenciais. Tendes que pensar, por vós próprios, individualmente, no modo pelo qual haveis de fazer isto, pois de outra maneira o que vos estou dizendo terá sido totalmente inútil; somente virá criar uma outra muleta. Em vez da antiga, tereis uma nova.
 
No fim de tudo, isto exige uma certa determinação de propósito. Quando buscais dinheiro, amor ou diversões, estais continuamente a pensar nisso, ficais excitados e enxergais os meios e modos de obter essas coisas. Porém, seguramente, aquilo de que vos estou falando é maior que todos os divertimentos, maior do que o amor, maior do que todo dinheiro. E, se é digno de ser possuído, deveis também enxergar meios e modos de atingi-lo, deveis estar constantemente vigilantes, apercebidos em tudo quanto fizerdes. 
         

Krishnamurti
http://pensarcompulsivo.blogspot.com

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