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domingo, 17 de março de 2019

A VERDADEIRA FELICIDADE 
QUE NASCE DA LIBERTAÇÃO



Pergunta: Pode a ideia da perfeição constituir um incentivo em qualquer estágio da evolução?

Krishnamurti: Naturalmente quando o selvagem vê contas brilhantes, não se sente excitado e desejando-as? Esta é uma das maneiras de aproximar-se da perfeição. Em primeiro lugar vem o desejo de possuir, tal como no selvagem; mais tarde o desejo de colocar de lado todas essas coisas, como se dá com o homem culto. Entre estes dois extremos existem todos os graus de evolução, com seus desejos variantes, todos eles encaminhando-se para a perfeição.

Pergunta: Por que é que vós, que haveis sido especialmente preparado para vossa grande missão, durante anos, no passado, esperais que nós, que não fomos preparados pela mesma forma, possamos atingir a libertação convosco, agora?

Krishnamurti: Como sabeis ter eu sido especialmente preparado? Não vos estais vós preparando pelo fato de viverdes, todos os dias? Não estais lutando em meio da tristeza e do prazer? Não é isto uma preparação? Não são o descontentamento, a inveja, o ódio, o afeto, todos eles uma preparação?

É verdade que atingi e que por causa desse atingimento posso mostrar-vos o caminho como agora o faço. Não espero, porém, que atinjais imediatamente, pois que para vós existe ainda a renuncia e o auto-sacrifício; e assim, não podeis por enquanto atingir. Se, porém, fixardes a vossa meta — a verdadeira felicidade que nasce da libertação — então isso tornar-se-á mais fácil e direto e uma luz continua virá a ser projetada sobre os vossos pensamentos e atos. Que mais necessitais do que fixar vossa meta e encaminhar todo pensamento, emoção, e ação, para essa meta?

Pergunta: Será possível separar a pessoa da verdade? Como pode um homem ordinário aprender a fazer isso? A autoridade externa pode ser uma mal, porém é uma mal inevitável no presente.

Krishnamurti: Tem importância por ventura o poço de onde extrais água desde que seja água extingua vossa sede? Digo que descobri, que estabeleci por mim mesmo uma certa verdade; e sinto desejo e ardor no mostrar essa verdade, a todo aquele que quiser aprender. Se voz, porém, cultuardes ao individuo portador dessa verdade, ela não mais será a verdade. Que importa quem traz a verdade, desde que haja em vosso coração e mente a resposta que vos proporcione força para lutar e jamais ceder? Se imaginais que a autoridade é indispensável, tendes que vos sujeitar a ela. Se um homem não pode ver claramente, tem que usar óculos. A grande maioria das pessoas, porém, não necessita de óculos. Um ou outro dia, haveis de chegar a verificar que a autoridade não vos proporciona felicidade. Eu tomo como exemplo o meu próprio caso. Quando meu irmão morreu, já há alguns anos, disseram-me ser ele perfeitamente feliz no plano astral, e tudo lhe era róseo e belo. Porém disse eu: “no fim de contas, perdi um grande amigo e sinto-me muito só; preciso de sua companhia”. Pensais que minha tristeza se extinguiu porque me disseram que ele era perfeitamente feliz no além? Verifiquei que, enquanto houver separação entre os indivíduos, enquanto Krishnamurti fosse mais importante para mim, como indivíduo, do que quaisquer outras pessoas, tinha que haver tristeza, e sempre sentiria a perda de meu irmão. A partir do momento em que me tornei capaz de me identificar com todos e sentir, não intelectualmente, mas por intermédio de meu coração, que não existe separação real, então encontrei minha felicidade.

Pergunta: O ideal é estar só, porém será isto para todos no presente momento?

Krishnamurti: Cada qual tem que decidir por si mesmo. Quereis, ainda uma vez, que a verdade vos seja Rebaixada. A Verdade, que é felicidade, que é a compreensão da vida, e, portanto, a conquista da vida, não pode ser rebaixada. Vós tendes que vos encaminhar para a Verdade e não esperar que a Verdade seja trazida para baixo. Assim como, no outono, todas as folha murcham e fenecem e novos rebentos lhes vem tomar o lugar, assim também deveis deitar fora todas as vossas velhas ideias, afim de ganhardes a frescura e a glória da primavera; não confiar em passageiros confortos ou deixar-se apanhar pelo presente.    
 
http://pensarcompulsivo.blogspot.com 

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