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sexta-feira, 22 de março de 2019

    J     N     A     N    I



Um Jnani é aquele que atingiu a liberação enquanto vivo, aqui e agora. Para ele é indiferente como, quando ou onde deixará o corpo. Alguns jnanis podem dar a impressão que estão sofrendo, outros podem estar em samadhi; outros ainda podem desaparecer da vista de todos antes da morte. Mas isto não faz diferença para sua jnana. Seu sofrimento é aparente, mas parece real aquele que o observa, pois o jnani não o sente de vez que transcendeu a falsa identidade do Eu com o corpo.

O jnani não pensa que é o corpo. Ele nem sequer vê o corpo. Ele é apenas o Eu no corpo. Se o corpo lá não está, mas apenas o Eu, a questão referente ao seu desaparecimento sob qualquer forma não surge. Como é explicado nos livros a maior das doenças que temos é o corpo, a doença do nascimento, e se o indivíduo toma remédios para fortalecer e prolongar sua vida, é como o homem que toma remédios para perpetuar a doença. Um verso em sânscrito, extraído do XI capítulo do Bhagavata, diz que o corpo não é real (é impermanente). O siddha não é consciente do corpo mesmo que este esteja descansando, ou se movendo, ou, por razoes karmicas, esteja ligado a ele ou se libere dele. É comparável a um ébrio que, cego pela intoxicação alcoólica, não está consciente se seu corpo está vestido com roupa ou não.

Exemplos são dados nos livros mostrando como o jnani, que se acha no estado de sahaja e que percebe sempre e apenas o Eu, pode mover-se e viver no mundo como os demais seres. Por exemplo, você vê um reflexo no espelho. Você sabe que o espelho é real, mas a imagem nele é um mero reflexo. Será necessário que, para se ver o espelho, tenhamos necessidade de parar de ver o reflexo nele existente? Vejamos o exemplo da tela. Na tela aparece de início uma figura. Ao lado desta aparecem outras figuras e a primeira figura passa a ver as outras. Se você é a tela, e sabe que é a tela, será necessário não ver a primeira figura e as outras imagens? Se você não conhece a tela você pensa que as figuras e as outras imagens são reais. Mas quando você conhece a tela e a realiza ela é a única realidade sobre a qual, na qualidade de substrato, as sombras da figura e as imagens são projetadas; verá então que são meras sombras. Você poderá ver as sombras, percebendo-as como tal, e conhecer-se a si mesm
 
Você tem a impressão que é o corpo físico. Desse modo pensa que o jnani também tem um corpo. O jnani por acaso diz que tem um corpo? Ele pode olhar para você como se tivesse um corpo e fazer coisas com o corpo como fazem outras pessoas. Uma corda que foi queimada ainda parece ser uma corda, mas não serve mais como corda caso você queira prender alguma coisa com ela. Enquanto a pessoa se identifica com o corpo, tudo isso é difícil de entender.

Examine todos os tipos de estados de consciência e, ao fixar-se naquele estado no qual se percebe que apenas o Ser Supremo é a verdade, verá que sua vida e atividade no mundo serão encaradas como um jogo. Neste caso você descobriu qual a realidade que se acha no interior de seu coração, acima de todas as aparências deste mundo. Assim, sem perder de vista o supremo, divirta-se como quiser neste mundo. Dando a impressão que tem entusiasmos e gratificações, ansiedades e aversões (mas na realidade não tendo nenhum deles), dando a impressão de iniciar e perseguir objetivos (mas na realidade não tendo qualquer apego a esses esforços), encarregue-se dos afazeres do mundo sem qualquer prejuízo para você. Livrando-se de todos os apegos, mantendo a mesma equanimidade e exercendo suas atividades terrenas em consonância com o meio em que você se encontre, divirta-se no mundo com lhe apraz.

Aquele cuja mente não está apegada a qualquer desejo na realidade não atua, embora seu corpo possa fazê-lo. Ele é como uma pessoa que está ouvindo uma história, mas sua mente está muito longe. De modo semelhante o homem cuja mente está cheia de desejos está realmente agindo embora seu corpo possa estar imóvel. Um homem pode estar dormindo, mas seu corpo está inerte e mesmo assim ao mesmo tempo ele pode estar escalando montanhas ou descendo delas durante o sonho…

Para a pessoa que está dormindo profundamente deitado numa carroça tanto faz que os bois achem-se atrelados nela e se movam ou que estes sejam desatrelados. Da mesma forma para o jnani, que foi dormir na carroça de seu corpo físico, tanto faz que esteja trabalhando ou em meditação profunda (samadhi) ou dormindo.

Quando às vezes se diz que o jnani se livra dos karmas sanchita e agamya mas deverá sofrer o prarabdha, na realidade isto é uma resposta convencional à inquiridores ocasionais. Tal como uma entre várias esposas não pode se livrar de se tornar viúva quando o marido delas todas morre, assim também nenhum tipo de karma pode sobreviver no estado em que o sentido de autor desaparece, o sentido de eu fiz isso.

Nota: o karma se diz ser de três tipos. Prarabdha é aquela porção do karma passado que está designado para ocorrer na vida presente; sanchita é o resto de seu passado karma e agamya aquele que foi acumulado na presente encarnação.

A inatividade do sábio é realmente a cessação da atividade, sua característica é atividade eterna e intensa. Sua imobilidade é como se fosse a aparente imobilidade de um disco que gire em alta rotação. Sua extrema velocidade não pode ser acompanhada pela visão humana e por isso dá a impressão que está parada. Isto deve ser explicado, pois o povo interpreta erroneamente a imobilidade do sábio como sendo inércia. 
 
 
Ramana Maharshi, O Jnani
Texto recebido por email sem identificação da fonte
 


Será esse o caminho de todos nós que estamos aqui nesta prisão maravilhosa chamada Terra ? Ramana Maharshi diz que "O sol ilumina e dá calor ao mundo inteiro, mas não pode fazê-lo (totalmente) quando as nuvens interceptam seus raios. De modo semelhante, quando o egotismo cobre o coração, Deus não pode iluminá-lo. Primeiro conheça seu Ser; abandone a ideia de ensinar os outros. Se o mundo e os seus habitantes permanecem após a sua realização, você poderá ensiná-los. Tentar ajudar o mundo sem conhecer o seu Ser, será como um homem cego tentando tratar as doenças dos olhos dos outros. Primeiro clareie seus próprios olhos. Se você fizer isso você vai ver os olhos de todos os outros como os seus próprios. Então, se você vê os olhos de todos os outros como os seus próprios, como você poderá existir sem ajudá-los? "
 
 

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