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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

COMO SABER O QUE É DEUS ?



Interlocutor: O que é Deus?
 
Krishnamurti: Como é que você pode saber? Você aceitaria a informação de uma outra pessoa? Ou tentaria descobrir por si mesmo o que é Deus? Perguntar é fácil, porém, chegar a conhecer a verdade requer muita inteligência, muita busca e investigação.
 
Então, a primeira pergunta é a seguinte: Você aceitaria que uma outra pessoa lhe dissesse o que é Deus? Pouco importa que ele seja Krishna, Buda ou Cristo, porque todas elas podem estar enganadas — assim como seu próprio guru. O certo é que, para descobrir a verdade, sua mente deve estar livre para indagar, o que significa que ela não pode simplesmente aceitar ou acreditar. Eu posso lhe fazer uma descrição da verdade, mas não é o mesmo que você conhecer a verdade por si mesmo. Todos os livros sagrados descrevem Deus, mas essas descrições não são Deus. A palavra Deus não é Deus, não é verdade?
 
Para descobrir a verdade, você não deve jamais aceitar, jamais ser influenciado por textos, por professores ou por palavras de terceiros. Se você sofrer essa influência, somente descobrirá o que eles querem que você descubra. E você precisa saber que sua própria mente pode criar a imagem que deseja — pode imaginar Deus com uma barba ou com um olho só; pode imaginá-lo azul ou vermelho. De forma que você precisa estar consciente de seus próprios desejos e não se deixar levar pelas projeções de suas próprias necessidades e desejos. Se você deseja ver Deus de certa forma, você o verá, de acordo com seus desejos, e essa imagem não será Deus, será? Se você está triste, deseja ser consolado, ou se você se sente sentimental e romântico em suas aspirações religiosas, você eventualmente criará um deus que suprirá esse seu desejo, mas que, no entanto, não será deus.
 
De forma que a mente precisa estar completamente livre para então poder descobrir o que é a verdade — não pela aceitação de qualquer falsa crença, nem pela leitura dos assim chamados livros sagrados, nem por adepto de algum guru. Somente quando você conquista essa liberdade, essa real libertação de influências externas assim como de suas próprias ânsias e desejos, encontrando-se sua mente num estado de muita lucidez — somente então é possível descobrir o que é Deus. Se você apenas sentar e especular, então seu ponto de vista terá tato valor quanto o de seu guru e será igualmente ilusório.
 
 
Interlocutor: Podemos ter consciência de nossos desejos inconscientes?
 
Krishnamurti: Antes de mais nada, você tem consciência de seus desejos conscientes? Você sabe o que é desejo? Você está consciente de que, de um modo geral, não presta atenção a nenhuma pessoa que esteja dizendo algo contrário ao que você acredita? Seu desejo o impede de escutar. Se você deseja Deus e alguém disser que o Deus que você deseja é fruto de seus medos e de suas frustrações, você o ouviria? Claro que não. Você deseja uma coisa e a verdade é algo bem diferente. Você se fecha dentro dos limites de seus próprios desejos. Você está apenas semiconsciente de seus próprios desejos, não está? E estar consciente dos desejos que estão profundamente ocultos é muito mais difícil. Para descobrir o que está oculto, quais seus verdadeiros motivos, a mente que está buscando precisa estar suficientemente clara e livre. De forma que, em primeiro lugar, fique bem consciente de seus desejos conscientes; depois, quando estiver bem consciente do que existe na superfície, você poderá ir cada vez mais fundo.
 
 
Krishnamurti - Extraído do capítulo 4 de Vida Adiante - 1963
Fonte:pensarcompulsivo 
 
 
 
"Deus não está oculto. Deus se manifesta em toda parte: cantando nos pássaros, florescendo nas flores. Ele é o verde das árvores, o vermelho das flores. Ele é a respiração em você. Ele está falando através de mim e ouvindo através de você neste exato momento. Mas você não quer ver o óbvio. No que diz respeito a Deus, nada está escondido... Abra seus olhos, você verá que ele está à sua frente. Fique em silêncio e você ouvirá a voz calma e tranquila dentro de si mesmo... Ter fé não prova que Deus existe, mas a nossa fé pode conferir-nos uma certa integridade, uma certa força... Deus é sempre um talvez, mas é bonito quando tudo é talvez. Quando as coisas são certas, a beleza se perde..." (Osho)
 

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